O silêncio que se segue é alto e claro.
Maira reajustando a sua posição no sofá. — Escute, querida. Eu penso que você deveria dar uma chance ao Lucas e ao Dominic, mas estarei ao seu lado. Seja como for que você decidir. Nós vamos superar isso, ok?
Meus lábios tremem. Não é minha expressão mais brilhante, mas é
genuína.
— Eu já te disse o quanto sou sortuda por ter você?
Maira tem sido minha “companheira de viagem” desde o primeiro dia em que nos conhecemos. Ela tem sido a melhor tia para o Lucas e a minha melhor amiga que se tornou irmã.
Nem sempre temos as mesmas opiniões e às vezes brigamos. Mas, não importa o que aconteça, sempre apoiamos uma a outra. Esse é o melhor da nossa irmandade.
— Agora sim. Ela diz sorrindo. — É melhor você me tratar bem.
— Ah claro. Você fez a mudança no aplicativo?
— M*erda. Sua cabeça cai entre os ombros. — Entre a ereção do cara na boate e beber até morrer, não tive tempo. Ela aperta o nariz.
— Entregarei amanhã.
— É melhor você fazer, antes que eu mude de ideia.
— Serio? Você não ousaria.
— Já existe uma longa lista de funcionários da empresa à espera de aumento de salário, e embora eu possa furar a fila para Maira estar no topo da lista, prefiro seguir o protocolo. Todos na empresa já sabem que Maira é minha melhor amiga, mas eu nunca desrespeitaria meus outros funcionários mostrando favoritismo.
— Onde está Lucas?
Eu suspiro. — Na escola. Hoje ele tem jogo de futebol e não quis que eu acompanhasse. Ele insistiu que apenas os pais poderiam ir.
— Na minha opinião, faz sentido. Eu acho que é hora de você considerar
arrumar um pai para ele.
— Eu queria que fosse assim tão fácil.
Estico as pernas debaixo da mesa. Fiquei sentada o dia todo e elas começaram doer.
— Você diz isso como se eu pudesse encomendar um na sss.
Maira franze os olhos maliciosamente. — Você pode pedir um em um clube. Alto, quente e pronto para colocar um anel no seu dedo.
Quero perguntar a ela por que ela ainda não tem um anel no dedo,
levando em conta que o clube é praticamente sua segunda casa, mas eu não faço. Se eu perguntar a ela, ela me dirá por horas que ainda não está pronta para se amarrar a um homem. Maira gosta de ser um pássaro livre e, como já disse tantas vezes, ele não se acalmará até os trinta e cinco anos. Às vezes eu a invejo.
— Você pode encontrar se*xo bom na boate, mas não um marido. E
principalmente não encontra um bom pai, lá. Não escondi o nascimento de Lucas de Dominic durante anos, só para que um festeiro se torne o seu padrasto.
Ela não concorda. — Querida, existem homens bons em todos os lugares. Você apenas tem que encontrar o
certo.
— Hmmm.
Meu telefone vibra. Quando eu pego, aparece uma notificação da página de um blog que sigo no i********:. Meu coração dispara quando leio a manchete.
O bilionário e CEO da Romano Enterprises retorna a Nova York: rumores de um romance reacendido acendem especulações sobre sua situação romântica. Ele está se aposentando definitivamente do mercado de solteiros?
Há uma foto de Dominic no aeroporto logo abaixo do artigo.
Ele está vestindo um terno cinza escuro de três peças de Tom Ford. Seu cabelo brilha com as luzes das câmeras que o cercam, assim como o cabelo de Lucas.
Ele tem um fone de ouvido e há cinco ou seis guarda-costas ao seu lado.
Todos de preto. É uma loucura que até agora ninguém saiba sua verdadeira identidade. Todos os meios de comunicação relatam que
ele é um bilionário italiano.
Nenhum deles vê a escuridão em seus brilhantes olhos castanhos, quase negros. Nenhum deles conhece a verdade profunda de sua existência. E sim, se eles soubessem, alguma coisa mudaria? Duvido muito.
O ar escapa dos meus pulmões e meus olhos se recusam a sair do
telefone. Eu não deveria me sentir assim. Dominic não é mais meu. No entanto, uma pontada de dor atravessa meu peito quando penso nele com outra mulher.
É como se eu estivesse presa em uma prisão, mas não é realmente uma prisão, porque os meus sentimentos por ele não vacilaram nenhuma vez nos últimos sete anos.
Maira olha para mim com um olhar preocupado. — Tudo bem?
— Hum. Respiro com dificuldade enquanto entrego meu telefone para ela.
Maira fica surpresa ao ler a manchete.
— Isso é real? Ela me pergunta, me devolvendo o telefone.
Eu olho para o resto das notícias. O alívio toma conta de mim quando descubro momentos depois, que isso é apenas um boato. Não sei o que estou esperando, mas isso me faz sentir feliz de alguma forma.
— Eu não acho que seja verdade. Diz aqui que é apenas um boato.
— Sempre há uma parte de verdade em cada boato, Elena. Ela diz. — Não
seria melhor se ele estivesse realmente envolvido em um relacionamento? Então, você certamente se livraria dele para sempre.
Eu rolo os meus lábios entre os dentes. Meus pensamentos fogem, e posso estar sendo egoísta porque ainda não consegui apagar o que realmente sinto por ele, mas não quero que ele fique com outra mulher.
Não que seja culpa dele, mas já se passaram sete anos. Eu tive nosso filho, eu o criei sozinho e continuei solteira. Não seria justo ele estar com outra mulher.
Deus, o que estou pensando?
— Amiga, ouça. Você não pode continuar fazendo isso consigo mesmo. Maira se levanta, sai do sofá e caminha em direção à minha mesa.
Ela para na minha frente. — Você tem que tomar uma decisão em algum momento. Você quer Dominic ou não.
— Não é tão simples. Tem Lucas. E eu tenho que proteger o meu filho.
— Então você tem que deixar Dominic ir embora permanentemente. De outra maneira, você não será capaz de manter Lucas seguro. Ela estende a mão e coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha. — Estarei ao seu lado aconteça o que acontecer. Mas primeiro, você tem que tomar uma decisão.
Eu olho para ela sem tirar o olhar de seus olhos. — Minha decisão é a mesma que sete anos atrás.