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621 Palavras
**Fabiene narrando** Eu comprei a passagem usando um documento falso para o primeiro lugar que vi na rodoviária, uma pequena praia distante do Rio de Janeiro. Com sangue nos olhos e raiva em cada passo, eu deixei o passado para trás, fugindo do Imperador que destruiu minha vida. Eu sempre fui apaixonada por ele. Nossos corações se entrelaçaram desde a infância, e quando o pai dele morreu, eu estava ao seu lado, apoiando-o no comando do morro. Eu deixei meus sonhos e meu futuro para trás, acreditando que estávamos construindo algo juntos. E agora, ele me traiu, me deixou de lado como se eu fosse nada. Sentada na praça, com lágrimas nos olhos, eu assisto a um vídeo que não consigo esquecer. O Imperador estava lá, exatamente como eu o reconheceria até de olhos fechados. Quando alguém se aproxima, encaro o homem com um olhar distante. — Está tudo bem com a senhorita? — pergunta o policial. Eu o encaro, tentando recuperar a compostura. — Eu fui traída pelo meu noivo — confesso, a dor evidente na minha voz. — Larguei tudo por ele, meus sonhos, minha carreira. Agora sou apenas uma mulher traída. Preciso de uma pousada barata. Você pode me ajudar? — Sinto muito, ele não deveria saber a mulher maravilhosa que tem ao lado — diz ele com um olhar solidário. — Você está me cantando? — pergunto, limpando as lágrimas. — Não acho que seja seu trabalho. Ele sorri, mas eu não estou em clima para isso. — Existe uma pousada no final da rua. Posso ajudar com suas bagagens? — Só tenho uma mochila. Agradeço — respondo, afastando a conversa. Antes de ir, ele me pergunta meu nome, e eu dou uma resposta curta. "Fabiene". — Se precisar de algo, estarei à disposição — ele diz. Eu sigo para a pousada, ainda presa em pensamentos amargos sobre o Imperador. **Alguns meses depois...** Descubro uma página secreta da Rocinha e vejo uma foto do Imperador com Samanta em seu colo. A dor é quase física, e eu percebo a amarga verdade: ele é apenas mais um traficante, não diferente dos outros que conheci. Eu mudei minha vida por ele, abandonei meus sonhos de ser uma confeiteira renomada para estar ao seu lado. Não saí do morro de mãos vazias; levei dinheiro e acesso a contas laranjas e agora, com a pequena confeitaria montada aqui, estou grávida de sete meses de um menino que chamarei de Miguel. Eduardo, o policial que se tornou meu amigo, entra na confeitaria. — Achei que não viria hoje — digo, sorrindo enquanto preparo o café. — Atrasei-me, mas não poderia começar o dia sem te ver — ele responde, seu sorriso caloroso. Apesar de evitá-lo devido ao seu trabalho e minha própria bagagem emocional, Eduardo tem sido meu apoio constante. — O que acha de sair esta noite? — ele pergunta. — Você só trabalha. — Logo, terei que ficar algumas semanas parada quando Miguel nascer — digo. — Estou praticamente sozinha aqui. — Você quer isso — ele diz. — Sabe que eu me casaria com você e criaria Miguel ao seu lado. — Eduardo, não é tão simples assim — respondo. — Você mesma disse que o pai de Miguel não quis saber de você grávida, te traiu e te enganou — ele lembra. — Sei que ainda pode amá-lo, mas você precisa se dar uma chance de ser feliz. Não faz sentido ficar presa ao passado, sofrendo por alguém que provavelmente não pensa mais em você. Suas palavras são duras, mas verdadeiras. Eu olho para ele, meu sorriso é fraco, mas é um começo. Ele tem razão; eu preciso encontrar a minha felicidade, mesmo que o caminho seja doloroso.
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