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1048 Palavras
**Imperador narrando** Meses se passaram e a ausência de Fabiene se tornou uma sombra constante na minha vida. O dinheiro das contas e do cofre simplesmente sumiu, e eu me vi atolado em um mar de decadência. O baile, o único lugar onde eu parecia encontrar algum alívio temporário, agora era apenas um cenário de auto-destruição, onde eu me afundava em bebidas e drogas. Nunca imaginei que as coisas poderiam ficar tão ruins por causa dela, mas aqui estou, me afundando cada vez mais. Eu prometi o mundo a Fabiene. Lembro-me das promessas que fiz, dos sonhos que compartilhamos e da vida que planejamos juntos. Prometi protegê-la, garantir que nunca faltasse nada para ela. Quando eu a vi ir embora, achava que estava fazendo o melhor para ela. Eu queria garantir que ela estivesse segura, que o que estava planejando não fosse espalhado e usado contra ela. Nunca imaginei que a reação dela seria simplesmente me abandonar. Fabiene sempre foi teimosa, cabeça dura. Talvez eu tenha vacilado com ela, talvez eu tenha falhado em entender o quanto ela estava machucada. O fato é que, mesmo agora, com tudo desmoronando, eu não consigo deixar de pensar no quanto a perdi. — Não acha que está se drogando demais? — Samanta pergunta, sentando-se em meu colo. Seus lábios tocam meu pescoço enquanto eu a encaro com frieza. — Vaza daqui — digo, empurrando-a com desdém. A presença dela só me lembra da traição de Fabiene, do buraco em que minha vida caiu. — Para de besteira — ela insiste, beijando-me mais uma vez. — Já faz seis meses que ela foi embora. Você está aqui, apenas bebendo e se drogando, enquanto ela deve estar lá, vivendo a vida dela. — Sai de cima — repito, mais firme desta vez. — Que isso, Imperador? — ela pergunta, olhando-me com uma expressão de desdém. — Olha como você fala dela. Ninguém deveria falar assim da Fabiene aqui dentro. — E quem é você para falar dela assim? — eu retruco. — Ninguém fala dela dessa forma. Você não tem o direito. — Que caó, cara — Samanta continua, com um tom quase provocativo. — Ela te abandonou, meteu o pé, e você ainda a valoriza? Fabiene nunca te amou. Só te usou para fazer o pé de meia dela e foi embora. Deve estar lá na Europa fazendo os cursos que sempre quis. Samanta sai e eu fico sozinho, com um nó na cabeça. Decido ir para a boca, encontrando Rafael, irmão de Fabiene, que me encara com uma expressão que eu não consigo decifrar. — Teve notícias da doida da tua irmã? — pergunto, minha voz carregada de frustração. Rafael me encara, e eu sinto que ele sabe onde ela está. Talvez tenha ajudado a esconder ela de mim, não porque queria, mas porque ela pediu. Rafael e Fabiene passaram por muita coisa, e eu não posso ignorar que ele poderia estar protegendo ela, escondendo informações que eu precisava. — Nada — ele responde. — Estou preocupado, com medo de que algo tenha acontecido com ela. — As câmeras mostraram que ela saiu com as próprias pernas — digo, minha voz carregada de desespero. — Fabiene não é de ficar dando mole assim — Rafael diz, a preocupação em sua voz. — Eu já não sei se conheço ela — eu respondo, a frustração se tornando evidente. — E o que você foi fazer fora do morro? — Rafael pergunta. — E se ela descobriu algo que você fez errado? Acendo um baseado, jogando-o fora com raiva. — Não fiz nada que não fosse pelo bem dela e do morro — digo, pisando no baseado com força. — Droga r**m da p***a! — É a droga que você produz — Rafael observa, com um olhar que mistura desdém e curiosidade. **Um ano depois...** O tempo passou e a dor da perda de Fabiene nunca diminuiu. A carga que planejamos roubar era de armamento forte da polícia. Estamos na ronda, aguardando o caminhão chegar. Desde que Fabiene se foi, eu coloquei toda minha energia em manter o controle do morro. Procurei por ela em todos os cantos do Brasil, mas era como se ela tivesse evaporado. Eu precisava encontrar Fabiene, explicar a verdade, mas ao mesmo tempo, sabia que isso poderia ser doloroso demais para ela. Não sabia para onde correr, apenas que precisava encontrá-la. — O que é isso? — Rafael pergunta em voz baixa, sua expressão tensa. — O que foi? — pergunto, olhando-o com inquietação. — Nada não — ele responde rapidamente. — O que foi, Rafael? — insisto, e ele me mostra um celular com uma foto. Era uma foto de Fabiene casando com outro cara. Meu coração dispara, e eu engulo seco, sentindo a raiva subir. Pego o celular de Rafael, olho a foto e, com uma explosão de fúria, jogo o celular no chão e atiro nele. — Que isso, cara? Meu telefone, c*****o! — Rafael grita, olhando para mim com indignação. — Tua irmã já deveria ter esse filho da p**a como amante — eu digo, com uma raiva cega. — Fabiene era louca por você — Rafael responde, tentando me acalmar. — Duvido que você não tenha pisado na bola com ela. — Jamais pisaria na bola com ela — eu falo com firmeza. — Sempre fui apaixonado por ela, e você sabe disso. — A carga está chegando — Gabriel avisa. Engulo seco ao pensar na foto de Fabiene com aquele cara. Deveria ter investigado melhor quem era ele, mas agora era tarde demais. O caminhão se aproxima, e há viaturas da polícia. Nós éramos o dobro em número e começamos a atirar. Furamos os pneus dos veículos e os policiais descem, atirando de volta. Alguns conseguem fugir, enquanto outros ficam para enfrentar a gente. O último policial que resta me encara com uma expressão desafiadora. — Imperador, você vai se arrepender disso — ele diz, sua voz carregada de determinação. — Mande lembranças para o d***o — eu respondo, acertando uma bala na cabeça dele. Os vapores comemoram enquanto entramos no caminhão e levamos a carga embora. O sentimento de triunfo não apaga a dor que eu sinto por Fabiene, mas é um pequeno consolo em um mar de frustração e arrependimento.
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