"Capitulo único pela visão do protagonista."
Impossível dizer se a intenção do anjo era fazer uma casa a moda antiga ou moderna. As portas de mais de três metros se abriu pra revelar um saguão de mármore branco magnífico, com árvores de mais de sete metros plantadas nas extremidades. Se a intenção era conquistar Namjoon teve êxito, ele abriu um sorriso satisfeito.
Jungkook também parecia arrebatado entrementes Taehyung parecia apático, isto se dava porque o teto a mais de quinze metros de altura era pintado com deslumbrantes imagens contando a história do céus e a expulsão de lúcifer pelo seu orgulho e inveja. Eu sabia que havia um anjo específico para dita tarefa, que ele pintava a mão por que anjos não fazem coisas que os deixam parecer preguiçosos.
Muitos não sabiam, mais as leis dos céus eram com base na igualdade, então os anjos eram perfeitos porque não eram, eles eram lindos e bonzinhos, mais Deus os fazia com um defeito de fábrica pra que soubesse um pouco como é ser humano, as leis eram assim desde que lúcifer acusou os humanos de serem a pior criação de Deus.
Por esse motivo Darius era mudo, outros eram surdos e assim por diante, eu só ainda não sabia qual era o defeito de fábrica do anjo Jungkook.
– Ótimo trabalho, pintando a mim como vilão e ele como ser bonzinho, um velho caduco, o falso Deus. — As palavras na voz fria de Taehyung fez Jungkook estremecer.
– Eu gostaria de pedir respeito, por favor, no céu não criticamos seu jeito selvagem e c***l. — Jungkook parecia se esforçar para parecer bravo, o que foi sem sobra de dúvidas um fracasso, ele era um anjo afinal, conseguia no máximo parecer mais bonito e fazer sua aura brilhar.
– Acabas de criticar, e eu jamais seria julgado selvagem se seu pai não tivesse me escolhido para pintar de m*l só para os humanos correrem pra ele.
– Ele ainda é seu criador Taehyung.
– Não, não é, sou o Demônio agora, ele é no máximo meu inimigo mortal, e pare de falar com essa voz doce, é demasiado irritante.
Jungkook pareceu levemente magoado e calou-se. – De toda forma eu mesmo teria ido embora antes de ser expulso.
– Soube que você na verdade queria ser melhor que Ele. — Seokjin não parecia interessado em escolher uma lado da briga entre céu e inferno. Notei que ele queria dizer algo para Dariu, algo tão importante que não conseguiu conter a ansiedade.
– Sou bonito o suficiente pra isso, e comando o inferno que é bem parecido com a terra. — Jungkook parecia pronto pra pedir respeito mais uma vez, mas se conteve.
– Prevejo uma catástrofe se vivermos juntos. — Yoongi falou olhando a escada coberta por um carpete vermelho vivo, que dava em outros cômodos. – Jungkook treme só de ouvir falar a palavra roubo, imagine quando ouvir a palavra f***r e derivados. — Ele lançou um olhar voraz sobre o ombro pra Jungkook que parecia escandalizado.
– E algum de vocês sequer sabem o que essa palavra significa? — Questionou o Demônio. Seu sorriso tinha o formato quadrado que tinha levado muitos a falência, da forma mais maligna possível.
– Não é por que ninguém aqui tem tempo para práticas libidinosas que não sabe o que significa. — Ao som da palavra "libidinosas" na voz tímida de Jungkook, Taehyung deu uma gargalhada gostosa que ricochiteou nas árvores e fez as paredes da casa estremecer.
– Você tem sorte que eu não possa corromper nem a mim mesmo, tampouco você. — Se Jungkook tivesse visto a malícia nas palavras teria chegado o mais perto que um anjo chega de desmair.
– Permita–me. — Interpôs Dariu não dando nenhum sinal de ouvir a discursão. — Preciso retornar ao trabalho logo mais.
– Então agora você vai explicar como vou morar aqui? Caso lhe falhe a memória, eu ainda vivo preso no inferno com correntes tão grossas quanto sua maldita cabeça angelical. — Taehyung falou com escárnio. Eu olhei para ele que estava de pé a uns três metros, não sabia que ele vivia preso no inferno, mais isto explica porque ele é meu padrinho mais sequer me visita.
– Você é livre agora, se cumprir com as ordens que darei.
– Agora que convém a ele, eu estou livre. — Taehyung sibilou venenosamete e as árvores protestaram como se conhecesse e temesse sua fúria. – Não vou ajuda e raça humana, se é isso que espera, não perca tempo e devolva-me ao inferno.
– Dê você é exigido apenas um esforço de ter uma convivência pacífica. Tentar um pouco de gentileza. Me expressei m*l, perdão, de você é desejado, pedido, e se necessário implorado.
– Ele não é gentil nem mesmo com suas asseclas. — Yoongi caminhou com elegância até uma porta no lado direito que dava em uma sala com móveis altos e pretos com detalhes dourados, defronte ao sofár havia uma enorme janela de vidro que proporcionava a visão deslumbrante do pendor do mundo sobrenatural. Perto da janela em uma área a parte do resto da casa, brilhava um piano preto iluminado pelos raios solares pálidos do amanhecer.
Yoongi tinha um quê de eu sei muita coisa que eu admirava, e de fato sabia, ele viajava várias vezes ao dia para o céu, inferno e purgatório, então sabia um pouco de cada lugar.
– Eu posso facilmente ser gentil com você Yoongi. — Taehyung abriu um sorriso lindo e extremamente malicioso, e de repente eu já não sabia se admirava a morte.
Taehyung falou com todos e flertou com alguns mais sequer olhou para mim, ele já não lembrava que era meu padrinho? Não era possível, em setembro ele me mandou presente de aniversário. Uma cesta de frutas e bombas de chocolate feitas pelas fadas, eram muito raros e tão bons que me deixavam quente e me faziam estremecer, no fim eu ficava letárgico e vergonhosamente molhado. Eram meus favoritos no mundo todo.
– Onde fica os quartos? — Me vi perguntando pra mudar de assunto. Tínhamos seguido Yoongi até a sala e nos espalhado nos sofás e poltronas.
– Acho crucial que todos tenham um quarto, mesmo que a maioria não durma, viverão nesse castelo como humanos viveriam, não vejo outra forma de terem empatia, e devo ressaltar que a casa segue suas próprias regras, não está aberto a discussões. No corredor principal, há apenas três que vocês podem acupar. — Todos olharam pra Dariu com evidente desagrado. – Se eu os deixar em quartos diferentes conseguirão manter distância, não é a intenção. Namjoon e Seokjin...
– Não vou dividir com Namjoon um quarto. — Seokjin gritou furioso. – O Namjoon deve dormir resmungando que matei sua florzinha primogênita chamada flora.
Namjoon o olhou com os olhos castanhos furiosos e o vento lá fora acoitou nas janelas agressivamente. – Não dou nome as flores, são muitas. E eu não diria nada se você não matasse os animais e as florestas.
– Você presume que eu peguei uma serra e sai derrubando suas árvores?! — Jin fez gestos dramáticos como se derrubasse algo grande com uma máquina invisível.
– Eu sequer sei que raios é essa serra.
– Se sua linha de raciocínio continuar, estarei partindo por que não vou dividir nada com Hoseok. — Hoseok não pareceu ofendido pelas palavras de Yoongi, ao invés disso abriu seu sorriso radiante que fez o sol que estava nascendo agora no mundo humano, brilhar ainda mais.
– Você precisa de mim Yoongi, assim como eu de você, tenho certeza que podemos trabalhar juntos. Eu não terei o menor problema em dividir os aposentos com você, gosto de olhar sua beleza, de qualquer forma. — E para surpresa de muitos, Yoongi pareceu quase envergonhado.
– Nesse caso eu ficarei com Taehyung ou Jungkook? — Questionei esperançoso.
– Os dois, achei que os três juntos seria melhor já que você Jimin, carrega tanto sangue de anjo quanto de demônio. — Não, não, eu não gostava de Jungkook, eu sabia por Morad(demônio designado por Taehyung para cuidar de mim) que Taehyung me achava parecido com Jungkook, e até onde se sabia Taehyung não apressiava anjos, mais eu discordava totalmente, eu era tão bonito quanto Jungkook e não tremia só de ouvir a palavra roubo.
Eu não tinha obrigação de seguir a ordem do todo poderoso, minha vida em nada tinha a ver com Ele, acredito eu. No dia do meu nascimento, minha mãe(uma harpia) organizou uma cerimônia satânica tão boa que o capiroto acabou aparecendo, então ela deu-me a ele para ser apadrinhado, para ser criado e ele aceitou.
Naquele mesmo dia levou-me ao inferno e deu-me um pouco de seu sangue e um banho no rio do sétimo inferno, era cristalino por que estava cheio de lágrimas, tristeza e desesperança das almas condenadas ao inferno, eram águas puras, de alguma forma. Me presenteou com alguns de seus dons e me fez beber um suco feito com as últimas penas que restou de suas asas de arcanjo.
Isso fez de mim a critura diabolicamente angelical que sou hoje. Rei das fadas, rei dos vampiros, o único ômega que calava a boca dos alfas e chefe dos feiticeiros e salvador das verdadeiras bruxas de Salem, que estão vivas até hoje e me transformou no deus de sua nova religião.
Mais não fui criado no inferno, Taehyung fez uma casa protegida por magia e deu ordens a um demônio menor de sua confiança que fosse um tipo de babá, depois tutor e por fim minha dama de companhia. Taehyung nunca havia me visitado apesar de nunca esquecer meus aniversário e as vezes responder às cartas que comecei a mandar. Só o vi no primeiro encontro dos sete selos, essa era a segunda vez na vida que colocava meus olhos em satanás.
Mais ainda assim eu ficaria, pelo bem das criaturas de todo o mundo, com sorte dos humanos e pela aproximação que eu esperava ter com meu padrinho. Passaria pelo sacrifício de conviver com Jungkook, Yoongi e Namjoon.
– Sabes...eu acho que existe um motivo pra nós estarmos aqui, mais não é o que está contado, tem algo mais por trás disso. — Yoongi encarou Darius que como sempre não desmontrava qualquer emoção. – Tenho motivos para crer que o real motivo de estarmos aqui vai fazer qualquer outro parecer frívolo.
– Explorem a existência de cada ser, conheça as personalidades. — Darius ignorou Yoongi. – Eu devo partir agora. — E caminhou para fora, sendo seguido por Seokjin que parecia muito tenso.
– Espere, Darius, quero ter uma com você. Você não respondeu a última carta que mandei ao céu.
— Você teve resposta a isso Seokjin, respondi sua primeira carta.
– Respondeu que a deixaria morrer. — Frisou Seokjin. – Ela é só uma senhora e precisa de ajuda, eu devo esse favor a ela.
– Há leis que precisam ser cumpridas, ela não cuidou da saúde e morrerá por isso. Algo totalmente comum em seu mundo, deve aceitar e celebrar a nova vida, pois tudo isso para os humanos, é passageiro.
– Você pode ajudar mais não vai? Não pode ajudar a mulher que não me deixou morrer de fome? — Era possível ver a indignação crescer no rosto de Seokjin, como se começasse como uma chama em seu peito, crescendo e se espalhando como uma chama no inferno.
– Há leis...
– Dane-se, seu Deus infeliz quer me obrigar a deixar minha vida toda pra morar em um lugar com crituras que podem me matar como se mata uma barata e ele não pode sequer me fazer um favor?
– Lamento qu-
– Lamenta merda nenhuma, vá se f***r você e seu pai desgraçado. E quer saber de uma? Diga a ele que se Taehyung tiver poder o suficiente pra me ajudar, ele acaba de perder um seguidor pra lúcifer.
– Não pode dar as costas a seu pai e criador. — Darius ainda estava indiferente a situação, mais na sala Jungkook fazia caras e bocas.
– Então fiquei olhando. — Ele voltou muito aborrecido, então sem ninguém perguntar começou a soltar. – Quando assumi minha orientação s****l, meu pai quase teve um avc e me mandou embora pra pensar se ele queria um filho gay. Se não fosse por uma sonhora com bom coração eu teria morrido de fome enquanto ele "pensava." — Seu rosto em escárnio foi se tornando emotivo. – Ela tá muito doente, os médicos não deram esperanças então á um mês recorri aos anjos e a resposta vocês acabaram de ver. Vim aqui apenas com essa intenção e agora não resta nada.
Taehyung deslizou como um fantasma, fez Seokjin senta-se em uma poltrona e chegou perto do seu ouvido sussurrando como uma cobra, olhos vermelhos faiscando. – Conte-me o que ela tem, depois darei a você o preço que precisa pagar.
Jungkook atravessou a sala com dificuldades por conta das asas, por fim se viu obrigado a guarda-las e então encarou Taehyung. – Não vou permitir que grude suas garras numa alma desesperada.
Taehyung pareceu aborrecidissimo. – Sabes que não posso tomar uma alma humana porque ela não pertence a ele.
– Podes tomar uma alma se ela quiser ser tomada, Seokjin está dando-a mais apenas por medo.
– Não quero a alma dele, não gosto de nada tocado por anjos, nada me dá mais desgosto que olhar seus rostinhos perfeitos e auréola brilhante. — Seus olhos correram por Jungkook como se ele fosse um demônio serelepe.
– Você...você é um... — Jungkook parecia procurar palavrões capazes de descrever o satan. – É um grosso e um selvagem, egoísta e narcisista.
– Continue tentando e vou odia-lo menos, talvez.
Mais Jungkook ainda amaldiçoava, parecendo surpreso com a própria ousadia. – ...péssimo filho, maquiavélico, aranha venenosa, barata carochinha. — Aquela altura eu já mordia a mão pra segurar a gargalhada violenta e Taehyung parecia se divertir.
– Acabou? Eu já posso voltar ao trabalho? Estou tentando fechar um contrato.
– Eu vou ajudar o Seokjin, não você. — Retrucou Jungkook Inexpugnável.
– Vai precisar quebrar as regras pra isso. — Jungkook contornou o sofá ignorando o demônio e seu olhar displicente e se aproximou de Seokjin.
– Seokjin, não faça acordo com esse ser sujo, eu tentarei ajudar.
– Ainda tá tentando? Estou quase com a situação resolvida. — Gritou Taehyung sobre o ombro e um trovão rugiu lá fora como uma bomba.
– O Namjoon vai te ajudar Seokjin! — Jungkook olhou para fora e depois pra Namjoon que se sobressaltou no sofá.
– Quem? Eu? Nem sob ameaça de desmatamento, incêndio florestal.
– Você criou as ervas que hoje são usadas pra fazer remédio Namjoon, deve ter alguma que possa curar a senhorinha. Se a deixar com efeitos mais poderosos e Hoseok dá um pequeno sopro de vida, dará certo.
– Está se esquecendo que não podemos intervir. — Alertou Yoongi.
– Um chá não é exatamente interferir.
– Você está desobedecendo ordens diretas? — Hoseok perguntou o óbvio. – Muito me admira.
– Eu ficaria agradecido Namjoon, Hoseok. — Namjoon olhou Seokjin, houve o momento de silêncio em que seus pensamentos entraram em conflito, Seokjin fazia parte da raça que o vinha matado a mais tempo que se é possível contar, mais a natureza é linda, compreensível e o perdão faz parte do seu cerne, então ficou de pé e deixou a sala fazendo sinal para ser seguido.
O jardim agora exibia todos os tipos e cores de flores, de muitos tamanhos e formas, me perdi na beleza do lugar por uns três minutos, então vi Namjoon tirar da terra uma planta com folhas amarelas, ele sussurrou algo e passou a Hoseok que soprou devagar, por fim Seokjin a pegou enquanto Namjoon explicava. – Dois chás, deixe cozir por vinte minutos, para ser tomado duas vezes.
– Nesse caso vou precisar de ajuda pra voar até Seul. Quero que ela tome imediatamente. — Seokjin olhou para Namjoon com um sorriso radiante, parecia já não odia-lo tanto.
– Seokjin, você não leu o grimório que Jimin te presenteou a anos? — Yoongi perguntou retoricamente. – Claramente não, coisas básicas como essa está escrito lá. A divisão entre os mundos está em um único lugar e em todos ao mesmo tempo, se você deseja que ele seja em Seul ou Budapeste, assim será.
– De fato não li, mais o farei assim que chegar. Bom, nos vemos depois. — Seokjin estendeu a mão livre no ar e acenou com os dedos sorrindo.
– Não, admito que tardo a notar a falta de bondade humana, mais sempre noto. Só está aqui porque tinha esperanças de ter uma com Darius e conseguir ajuda, e agora pretende ir mais não pretende voltar.
As orelhas de Seokjin ficaram tão vermelhas quanto às rosas do Jardim. Ele levou a mão ao peito e fingiu-se de ofendido. – Eu jamais faria tal coisa Jungkook.
– Então não se importa de irmos com você. — Jungkook adiantou-se e abriu as asas em um movimento fluído e delicado como um pássaro, vários olhos as miraram fascinados, o contraste delas com a beleza de Jungkook não poderia ser apressiada de forma justa nem pelos anjos do céu, e Jimin se admirou por ter se negado tanto a ver uma beleza tão ofuscante.
– Tudo bem, mais vamos todos naquela charanga. — Jin apontou o carro velho azul berrante, nesse exato momento a porta do motorista entortou com um som de ferro enferrujado, depois caiu na grama. – E não vale concerta-lo.
Seokjin atravessou os poucos metros até o carro, guardou lá dentro a erva e tentou colocar a porta de volta no lugar. Na sua quinta tentativa assistimos apáticos a porta cair e bater no seu pé. Jungkook estremeceu quando ele começou a amaldiçoar com palavras que nem eu conhecia, entrementes pulava de um pé só segurando o outro.
Tivemos muita dificuldade para entrar no veículo visto que só acomodava cinco pessoas e éramos sete, acabou sobrando para mim e Yoongi ir no colo de alguém. Hoseok deu leves batidinhas na própria perna olhando pra Yoongi, o mesmo o ignorou e optou por sentar-se na perna de Jungkook. Eu senti tanta vergonha de estar no colo de Taehyung que olhei pra janela como se fosse a coisa mais fantástica que já vi.
O carro sacudiu violentamente nos forçando pra frente, e foi assim pelos vinte minutos de viagem que em outro veículo seriam menos de dez. O veículo dava fortes impulsos e parecia na maior parte do tempo, voltar para trás ao invés de ir para frente, Taehyung devia estar incomodado porque eu não tinha como permanecer quieto em seu colo. Nem mesmo ele podia impedir seu corpo de dançar embaixo de mim, e isso me causou uma sensação estranha. A casa da senhora era em um bairro pobre de Seul, a fachada muito simple e uma pequena horta bem conservada. Ela devia acordar cedo ou talvez já não conseguisse dormir, pois abriu a porta quase instantaneamente após Seokjin bater.
Era uma mulher tão baixa quanto eu, o rosto flácido revelando mais de cinquenta anos, mas tinha olhar e sorriso gentil. Um a um entramos na pequena casa, alguns móveis estavam muito gastos, mas a casa era muito limpa e aconchegante. Tinha um cheiro muito bom no ar, que imediatamente me fez farejar pra descobri do que se tratava, a velha senhora notou porque sorriu e disse: – Acabei de fazer um café, vou servir a vocês, por favor sentem.
Alguns de nós ocupou o sofá enquanto outros ficava de pé pois já não havia lugar sobrando. Ela voltou com canecas pintadas e me apressei a pegar uma com um filho ou filhote de galinha, algo assim. Ela serviu até os que pareciam incrédulos que ela tivesse a audácia de deduzir que eles sequer queriam estar aqui.
Eu levei o líquido preto a boca, mais afastei a xícara imediatamente e toquei o lábio queimado ofegando: – Oh, porque tão quente? Tem que ser assim?
– Um café quentinho cura tudo, querido. Tente soprar assim como eu. — Ela levou a xícara a boca e soprou o líquido preto. – Vá assoprando e bebericando devagar.
– Dessa forma levarei horas. — Soprei meu próprio café e beberiquei um pouquinho. Minha língua registrou algo forte e levemente amargo. – Terrível, esse tal de café. — Servi eu mesmo uma colher generosa de açúcar e bebi mais uma vez. – Nunca mais tomarei essa coisa. — E terminei minha xícara rapidamente, servido outra de imediato e tomando o cuidado de adoçar bem.
Seokjin deixou sua xícara rosa faltando a asa na pequena mesa cuja uma das pernas era uma pequena montanha de livros, e entregou a senhora a planta que trouxe com tanto cuidado. – O que é isso querido? — Questionou ela aceitando das mãos dele.
– Mais vinte anos pra senhora, talvez até quarenta! — Seokjin parecia prestes e explodir de felicidade. Ela sorrio pra ele, os olhos de repente úmidos.
– Eu disse pra não pensar nisso, já estou mesmo velha. Não devia se arriscar tanto, o anjo rabugento avisou.
Eu engasguei com o café ao entender que Seokjin contou pra ela mesmo sendo avisado pra não contar a ninguém. Ela sabia quem éramos, e não estava com medo.
– Eu não vou me encrencar. Eles vão. — Seokjin apontou diretamente pra Namjoon que fez cara que de que se não fosse para a senhora gentil ele pegaria a erva a partiria.
– Eu lamento que ele tenha colocado vocês nessa situação, essa criatura não toma jeito. — Desculpou-se a senhora.
– Ele quis, todos queriam, até imploraram. — Seokjin não fez esforço pra mentir e mesmo se fizesse, essa senhora o conhece bem.
– Pelo menos me apresente eles querido, deixe seu m*l jeito de lado, eu gostaria de agradecer.
– Eles não querem ser apresentados, são odiosos. — Mais Jungkook já se aproximava com sua caneca de coelhinho e apertava a mão dela, um sorriso tão incrivelmente doce que ela perdeu a fala até que ele se afastasse.
— Eu só o anj... Jungkook, só Jungkook. Esse ao meu lado é o Hoseok, no sofá Jimin, Namjoon e Yoongi e por último, lá perto da janela o Taehyung.
– Me deixe perguntar querido. — Ela se virou pra olhar Taehyung que segurava uma caneca de tigre fumegando, um dos dedos longos com unhas pontudas brincando com o café quente. – Você é ele não é? O d***o em carne e osso.
– Acha que o d***o é tão belo? — Ele levou o dedo molhado aos lábios, onde sugou com a ponta da língua muito vermelha.
– Ele era o arcanjo mais belo de todos, eu não espero menos.
– Mais acha que eu influencio os humanos... — O café começou a borbulhar na xícara, esquentando tanto que a xícara explodiu com um estalito, se partindo em vários pedaços uniformes ao alcançar o chão e jogando líquido preto em todas as direções, Hoseok concertou tudo rapidamente com um olhar exasperado.
– Acho que não precisamos de ninguém pra isso. As pessoa são naturalmente ruins, alguns seguem sua natureza, outros não.
Taehyung pareceu levemente interessado, mergulhou os dedos nos cabelos muito longos para tira-los do rosto em um movimento majestoso. – Conte-me então velha, como anda a terra ultimamente, eu infelizmente me limito a minha casinha adorável com gritos de desespero que nunca cessam.
– Um vírus ceifou a vida de milhares. — Deu pra ouvir Yoongi resmungar: 'de fato, já fazia tempo que não trabalhava tanto.' – Até mesmo aquelas geleiras tão derretendo. — Continou a senhora com uma voz etérea. Seokjin falou muito baixinho: 'é só o aquecimento global.' – Lugares que não devia ter terremoto estão tendo, enfim meu querido, o fim do mundo. O tipo de coisa que gosta, eu imagino.
Taehyung levou um dedo longo ao queixo, de forma pensativa. Seus cabelos flutuavam ao redor do seu rosto, poderia facilmente ser confundido com uma pintura.
– Depois que fui convidado a me retirar do céu e jogado em um lugar de muito m*l gosto, eu cai em desgraça, quase sofoquei-me de tédio. Fui obrigado a redecorar minha nova casa e criei alguns demônios como Asmodeus. Minha última invenção foi demasiada empolgada, fiz os quatros cavaleiros do apocalipse. Depois aquela escritura tediosa mencionou minhas criações como aqueles que levarão o mundo ao fim. Fui obrigado a limita-los.
– O quê fez? — Perguntei sem conseguir conter a curiosidade. A bíblia dá a falsa impressão de que você conhece satanás, que sabe o que ele pensa e as intenções que tem, mais olhando pra Taehyung posso ver que não é possível conhecer uma criatura como ele, quanto mais olha, mais coisas percebe-se.
– Arranquei-lhes o corpo, os quatro cavaleiros são agora espíritos malignos. — Em um ato de aparente tédio, Taehyung provou o café fumegando na xícara. Só ele sabe como a xícara voltou inteira.
– E o que isso tem a ver com os últimos acontecimentos? — Insisti.
– Yoongi dissera a pouco que havia outra razão para o céus nos reunir, e os últimos acontecimentos são os que antecedem a chegada dos quatros cavaleiros do apocalipse, embora eles sejam parasitas agora, pra subirem a terra e reinar no caos precisam roubar um corpo, ou quatro, ainda são poderosos. Pragas, doenças, tudo um caos, do jeito que aquele livro que chamam de bíblia prevê. — Havia prazer absoluto em suas palavras, impossível não notar.
– p***a Taehyung, você é mesmo um filho da p**a. — Namjoon parecia pensar se valia a pena jogar sua caneca bonitinha de coala em Taehyung, por fim concluiu que não valia.
– Faz sentido, isso explica por que Deus se daria o trabalho de nós escrever um pergaminho. Se Darius nos reuniu pra isso, devemos descer até o inferno o mais depressa possível e destruir o que resta dos quatro cavaleiros antes que seja tarde. — Yoongi parecia surpreso ao ver a vida tão sério.
– Será divertido os ver arriscando o próprio corpo, eles podem possuir vocês e um exorcismo não vai funcionar. Marquemos uma data pra tal evento.
— De qual lado você está afinal Taehyung? — Perguntou Hoseok, embora já soubesse a resposta.
– Assim você me ofende, do meu, é claro.