CAPÍTULO 4 - ANA

1372 Palavras
Me joguei na cama completamente exausta e escutei o barulho da porta, olhei e vi Charlles entrar e passar reto, observei ele entrar no banheiro e depois sair. - Passou o dia fora? - Ele perguntou e notei que ele já estava sem roupa nenhum do trabalho e julgando pelo short. - Sai na hora do almoço do trabalho, cheguei e não tinha ninguém, seu celular dava caixa de mensagem. - Não levei carregador para o galpão – Falei e me sentei. - Já jantou? - Ele balança a cabeça. - Farei algo para nós dois – Dou um sorriso. - Parece cansada. - Muita dança, meus pés estão um lixo – Ele fica parado me encarando. - Isso me faz bem – Por um segundo pensei que ele iria revelar que sabia de tudo, que eu iria participar do campeonato, mas ele não disse nada. - O que foi? Ele se aproximou e se sentou. - Seu pai marcou comigo na segunda de tarde, pediu para você ir – Eu me mexi e me aproximei de Charlles. - Eu disse que você iria, não sei o motivo, mas eu já confirmei, será na empresa. - Certo – Eu falo e dou um suspiro. - Pelo menos não estarei sozinha dessa vez – Charlles se inclinou para trás e se deitou, olhando para o teto e ficando parado. - O que foi? Parece pensativo. - O dia foi calmo e me deixou com a mente vaga. - Por isso trabalha tanto? Para distrair? - Sim, quando estou fechando um negócio Ana Luiza, bem, fica como se minha concentração e tudo de mim estivesse direcionada ao ponto certo e não o que é vago. - Gosta de trabalhar nessa área? - Pergunto. - Você seguiu os passos da sua família, feliz com isso? - Sim, pior que eu gosto, quando eu era mais novo eu nem via meu pai só no fim de semana, entrei um pouco por conta de me aproximar dele, minha relação com ele sempre foi boa – Ele faz uma pausa. - Quando ele soube, ele me colocou para trabalhar com ele, eu aprendi muito, no começo eu não dava muito certo. - Por que? - Ah, eu viajava e era festeiro Ana Luiza, minha vida era uma coisa movimentada e animada demais para os padrões de um bom empresário londrino. - Teve que mudar por isso? - Não, eu não mudei por causa disso. Fui eu mesmo. - Amadureceu? - Ele desviou os olhos do teto e olhou para mim, dando uma risada baixa. - É um palpite - Dei os ombros e olhei para a sacada. - Como você era antes de mim, o que fazia para se divertir? Foi a minha vez de me virar para ele e sorrir. - Eu fugia – Senti minhas bochechas ficarem quentes pela confissão. - Ia para casa do meu avô e ia fazer as coisas, viajei muito sem rumo e sem um roteiro, se eu tivesse um destino eu poderia ser achada, já que eu não pude entrar na faculdade, aquilo era meu estudo, como também a dança que me libertou muito. - Foi por isso que disse isso no jantar com meus pais, de não ter um roteiro? – Balancei a cabeça. - Você tem irmãos? - Tenho, uma irmã que é muito banal e o meu irmão, que vai ser meu pai daqui uns anos – Suspirei e fiz uma pausa. - Era para ser só um casal de filhos, mas aí eu apareci, metade da minha vida eu passei com meu avô, porque minha mãe era a mulher mais superficial que eu conhecia, minha irmã só pensava em se casar com um cara rico e meu irmão pagava p*u para o papai, claro, meu pai, que era meu carrasco, que dizia que eu tinha que ser como minha irmã, mas eu não era e nunca seria, meu avô que me ajudou. - Era próximo do seu avô? - Sim, até o último dia da vida dele eu me coloquei do lado dele, vi ele na decadência da vida, teve metástase pelo corpo todo, ele ficou em coma e o corpo parou. - Sinto muito. - Eu também, ele era o homem mais especial que eu tive Charlles, eu sofri muito, tive que brigar com meu pai para ele ser cremado e viajei até o meio do oceano em um barco de pesca para jogar as cinzas dele, porque ele gostava muito de mar e pescar, no último mês de vida dele foi incrível, ele foi a minha figura paterna, me ensinou os princípios básicos da vida – Quando terminei de falar Charlles olhava para mim e tinha uma expressão de consolo no rosto. - Ele teve só um filho, meu pai, que achava ele fraco, mas meu avô construiu império e meu pai, bem, mudou o conceito de tudo que um dia meu avô e seu pai fizeram. Meu pai e ganancioso Charlles, muito. - É um péssimo pai. -Sim, um péssimo pai! - Gargalhei alto. Me deitei de costas e logo olhei para o teto, senti o perfume de Charlles e respirei fundo. - Então acabo de saber que Ana Luiza era uma fujona. - Não. - Sim, era sim. - Não, eu só… - Fujona! - A voz dele veio com ironia. - Que coisa f**a, fugir das pessoas – E do nada o tom dele estava suave e eu cutuquei ele com meu ombro e ele fez o mesmo, só que mais forte. - Ai! - Você não é de açúcar, Analu! - Seu filho da mãe! – Me virei para ele e minhas mãos deslizaram até a barriga dele e comecei a fazer cócegas nele. - Quem é a de açúcar aqui, queridão! - Charlles se contorcia e tentava alcançar meus braços, mas o riso o deixava indefeso e o som da risada dele era alta e descontraída, eu comecei a rir junto. - Retira o que você disse, Charlles! Agora! - Nunca! - Charlles Pacini, retira o que disse – A risada dele passou a se misturar com a minha. Ele ria tão bem e eu peguei mais pesado. - Retira o que você disse, bonitão! - Íris, para – Eu parei na hora, quando eu parei ele também parou, mas ficou parado sobre a cama, enquanto eu me afaste dele. - Íris? - Perguntei e me recompus, me levantando da cama, ele continuou parado deitado e olhando para o teto. - Me desculpa, saiu sem querer – Engoli o nó que se formou na minha garganta e senti um incomodo grande demais dentro de mim, algo que eu nem sabia como lidar, se eu ficava brava ou chateada. - Tudo bem, acontece – Ele se levantou da cama e olhou para mim. - Mas não pode acontecer – A voz dele agora não era nada suave como a de momentos atrás. - Eu não devia, me desculpa – A voz agora estava carregada e logo vi uma expressão zangada no rosto dele. - Foi um deslize. - Está legal, eu entendi. - Não, você não entende – De uma maneira estranha ele falou aquilo e senti a tensão na voz dele. - Charlles – Ele me deu as costas e eu puxei seu braço, de uma maneira que eu nem sabia o motivo. - Relaxa, foi só um deslize – Aquele nome devia ser importante para ele, então não queria que ele se chateasse, ainda mais se fosse de alguém que ele já gostou e não estava mais viva. - Está bem? Não precisa ficar chateado com isso, tudo bem? Ele não respondeu, não tirou a cara de zangada do rosto, mas puxou seu braço e saiu do quarto batendo a porta com força, com tanta força que eu fiquei com receio até de pensar o que havia acontecido ali. AVISO - Mais um capítulo fresquinho pra vocês (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham do livro e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo fantástico. Att, Amanda Oliveira, amo-te. Beijinhos. Hehehehe até
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