Amanda
Promessa é coisa complicada de mexer, você entra em um terreno que não sabe bem qual é, mas não pode voltar atrás. Promessa é promessa, afinal e não se quebra uma promessa, muito menos quando é com a sua melhor amiga.
Minha nova vida ainda estava entrando nos eixos, ainda era lua de mel pra mim e para o Davi, eram momentos feitos somente de sorrisos e dengos, poucas desavenças. Mas ainda era tudo recente, tudo em construção e dar corda para a obsessão da Beca poderia fazer desandar tudo, só que eu já tinha feito minha escolha e ela não estaria sozinha nessa.
Mas prometer resolver o impasse da adoção da Preta era até fácil, difícil era saber por onde começar. E quando eu prometi o que prometi eu queria mesmo era a gente do jeito que era antes, os cinco aprendendo a se ajustar um no outro.
Era bom viver o amor, eu vivia melhor agora, muito mais cansada, mas muito mais feliz.
Cansada pelas responsabilidades dobradas, botando o Davi como responsabilidade também era triplicada. Mas o retorno era infinitamente superior, as poucas horas de sono eram facilmente esquecidas ao acordar com ele ao meu lado. A correria durante o dia era recompensada com a visão daquele homem na minha cozinha me dizendo pra eu ir tomar um banho enquanto ele termina o jantar.
Até os meus finais de semana que voltariam a ser dedicados aos trabalhos e leituras do mestrado se tornavam mais fáceis com as interrupções dele de horas em horas pra me levar algo pra comer. Eu gostava de olhar para ele quando ele estava trabalhando também, a testa franzida, a concentração, era fácil eu perder a minha quando ele estava com o notebook no colo.
- De todas as coisas dessa casa esse sofá é a minha coisa preferida. – falei deixando o xerox do mestrado de lado, eu estava deitada no colo dele que trabalhava com o notebook apoiado no braço do sofá pra deixar as pernas livres para mim.
- Pensei que fosse a cama. – ele disse sem tirar os olhos da tela.
- Também gosto muito da cama, mas esse sofá... não tenho como descrever meu amor por ele. É grande, macio, quentinho no inverno e no calor não fica grudando na gente e ainda dá pra você trabalhar enquanto me tem no colo. – eu olhava para ele, apaixonada pela expressão que ele fazia quando estava concentrado em qualquer outra coisa.
- Sempre bom lembrar que o sofá foi ideia minha, assim como a gente morar junto. – dessa vez ele olhou pra mim e sorriu.
- Você gosta de jogar na cara, né.
- Foi só uma observação.
- Tudo bem, eu não me importo em reconhecer que eu tenho um homem com excelentes ideias. – levantei e me sentei no colo dele de frente pra ele.
- E eu tenho a mulher mais teimosa. – deixou o notebook de lado e botou as mãos nas minhas coxas.
- Eu não teimei com o sofá. – argumentei.
- Não muito, né.
- Ah, aquilo nem foi teimosia! Só estava me certificando que era a melhor escolha.
- Assume logo que é teimosa. – em um movimento me deitou de costas e se colocou por cima de mim.
- Só quando você assumir que é mimado e convencido.
- Eu não sou mimado.
- E eu não sou teimosa.
- A teimosa mais linda desse mundo. – beijava a pele do meu pescoço e do meu colo.
- O mimado mais lindo desse mundo. – prendi minhas pernas ao redor do corpo dele.
- O meu lugar preferido dessa casa continua sendo no meio das suas pernas. – mordia meu pescoço e eu dei um tapa nas costas dele.
- Ficar no meio das minhas pernas e em cima desse sofá deve ser o paraíso então.
- Meu paraíso particular.
- Então para de falar e me come logo.
Senti o sorriso dele contra a minha pele, logo se levantou olhando pra mim e com o mesmo sorriso na cara. Puxou o meu short que saiu sem muita dificuldade.
- Tira a blusa. – ordenou e eu obedeci puxando pela minha cabeça o pedaço de pano.
Ele me imitou e fez o mesmo com a própria blusa, abriu o cós da bermuda, mas não tirou, tornou a deitar por cima de mim e me beijou.
- Gostosa pra c*****o! – era a minha vez de sorrir contra a pele dele, mordi seu pescoço em provocação e ele respondeu mordendo o meu.
- Bom mesmo que você ache isso, vai passar a vida toda me comendo. – enquanto me beijava apertava minha coxa com a mão.
- Graças a Deus.
- Então tira logo essa bermuda.
- Vem tirar se quer tanto.
Com a força que eu tinha o empurrei, ele não ofereceu muita resistência, ajoelhei na frente dele e puxei a bermuda já aberta para baixo, o volume já muito evidente crescia dentro da cueca. Passei a mão por cima do tecido e beijei o peito dele.
- Tudo meu. – eu disse e puxei a cueca dele para baixo, do mesmo jeito que havia feito com a bermuda.
Em um impulso ele me jogou de volta contra o sofá, terminou de tirar a bermuda e a cueca e deitou por cima de mim de novo me olhando nos olhos.
- Eu tenho uma p**a sorte, vou passar a vida toda comendo a prima gostosa. – não segurei o riso, coração enchia ao ouvir isso.
- Faça o favor de comer direito e comerá sempre.
- E já te comi errado? – me penetrou em seguida, sem me dar tempo pra pensar, reagi à sensação dele me preenchendo por completo, gemi por entre os dentes.
Devagar ele entrava e saía, tudo em mim sensível a ele, me olhava sem me beijar, olhava só por admirar mesmo. Ele gostava de me ver assim, de ver o que ele causava em mim.
Parou de me olhar só quando se perdeu entre meus p****s, mordendo, beijando, às vezes levantava o olhar pra me ver. Eu correspondia arranhando as costas dele, beliscando. Ele me provocava, eu o provocava.
Aos poucos ele foi aumentando a velocidade das estocadas, crescia de acordo com o nosso desespero, como se nunca fosse o suficiente, como se nunca tivéssemos o bastante.
- Você vai gozar quando eu disser. – ele exigiu, não respondi. – Você ouviu? – insistiu.
- Ouvi.
Davi me virou de costas me deixando de quatro, me apoiei no braço do sofá enquanto ele me penetrava por trás. Bateu na minha b***a com força me fazendo pular. Automaticamente levei a mão ao meu c******s massageando na mesma velocidade em que ele estocava.
Fui ficando mole com todos os estímulos e ele percebeu.
- Você não vai gozar, Amanda. – ouvir o meu nome daquele jeito me deixou na beira do meu ápice, me segurar era uma tortura, mas por algum motivo eu o fiz por ele.
Ele continuou na mesma velocidade o que já me parecia um castigo. Eu me sentia beira da exaustão.
- Eu preciso... – implorei.
No mesmo instante ele me puxou e me botou sentada em seu colo de frente pra ele.
- Senta. – ordenou, comecei a descer e a subir, aos poucos marcando meu próprio ritmo. Ele me olhava, com as duas mãos segurava minhas coxas, me ajudando.
Aumentei a minha velocidade para provocá-lo, se eu estaria no meu limite ele também estaria, via o prazer estampado nos olhos dele à medida que eu descia sobre ele.
- Se eu não gozar você também não goza. – ameacei olhando nos olhos dele.
Ele riu e me puxou pelo cabelo até colar a boca em meu ouvido, mordeu o lóbulo da minha orelha e sussurrou.
- Vem pra mim.
Amoleci no colo dele, Davi passou a guiar meus movimentos enquanto eu me deixava perder no que eu sentia, quando toquei no meu c******s o prazer explodiu por todo meu corpo. Só ele fazia isso comigo.
Ele veio logo depois, enterrou o rosto no meu pescoço e depois nos deitou no sofá.
- Esse sofá não vai durar muito se a gente continuar usando assim. – ele disse ofegante ainda.
- Se ele se aposentar vai ser por bom uso. – beijei a ponta do nariz dele, eu amava quando ele m*l conseguia respirar direito de cansaço.
- Você foi a melhor coisa que me aconteceu, Bonita. – retribuiu o beijo.
- Agradece a minha mãe. – brinquei.
- Só ela que não é capaz de ver a coisa linda que botou no mundo. – acariciava meu cabelo com a respiração voltando ao normal.
- Não é só ela, o outro contribuinte também.
- Seu pai não te conhece, não sabe o que está perdendo.
- Pois é, nem me conhecer quis.
- E você vai procurar por ele?
- Não sei, às vezes acho que devia, às vezes acho que não.
- Esquece isso, não quero te ver envolvida nisso. Não acho que isso vá te fazer bem.
- Não quero pensar nisso agora.
- Então deixa eu te dar banho.
- Eu sei muito bem o que isso significa. – eu ri provocando.
- Vem que eu vou mostrar que você está certa.
****
Desde o dia que eu havia descoberto sobre quem era meu pai eu vinha oscilando entre raiva e desprezo. Quando eu me revoltava a minha vontade era encontrá-lo e despejar tudo que ficou preso por tanto tempo, era como se finalmente sentimentos guardados tivessem um rosto e, portanto podiam se materializar. Agora, em muitos outros momentos eu me esquecia de que ele existia, nada tinha mudado na minha vida e nada mudaria.
Mas a verdade é que agora eu lidava com muito mais raiva, como se a confirmação da existência dele trouxesse a tona uma porção de sentimentos que nunca tiveram terreno pra se desenvolver porque no fundo eu gostava de acreditar na versão mentirosa da minha mãe em que ele havia morrido.
Agora eu sabia que ele estava vivo, que ele nunca me quis e que ele é um bandido e ao invés de procurar por ele eu iria procurar pelo tio da Preta, talvez isso me ajudasse a compensar alguma coisa, ou talvez não, talvez isso só fizesse de mim uma amiga melhor.
Para o bem ou para o m*l estávamos as três dentro de um carro a espreita de sabe lá o que.
- Eu gostaria de saber como você conseguiu o endereço dele, Rebeca. – eu disse ansiosa.
- Eu tenho meus métodos. – ela respondeu do banco de trás.
- Espero que isso não envolva arrombamentos ou roubo de documentos confidenciais.
- Claro que não, Mandis! Eu só tenho amigos.
- Criminosos? – perguntei com medo da resposta.
- No orfanato. – ela respondeu quase ofendida.
- Parem vocês duas, a gente já está aqui e só nos resta vigiar. – Olívia batucava o volante impaciente.
- Vigiar exatamente o que? – perguntei.
- Faço nem ideia. – respondeu Olívia.
- Vocês tem algum problema? A gente veio vigiar o tio da Preta!
- Eu não tenho a menor ideia de quem ele seja! – Olívia tentava parecer óbvia para uma Rebeca convicta em seu plano.
- Ele mora naquela casa, não deve ter muitos homens morando ali também.
A casa era simples em um bairro mais simples ainda de uma cidade da região metropolitana. Parte do nervosismo da Olívia era pelo ambiente em que estávamos, ela não estava acostumada a frequentar lugares em que a estatística garantia que a segurança dela estava em risco.
- E depois que o virmos entrando e saindo, a gente faz o que? – perguntei, virando o pescoço para trás para olhar para ela.
- Vocês vieram ou não me ajudar? Porque parece que não estão ajudando muito. – Beca estava nervosa também, passava a mão sem parar no cabelo escondido por um boné, os olhos atrás de um óculos, tentava se disfarçar.
- Não seja ingrata também. – Olívia reclamou. – A gente veio até aqui por você, não se esqueça disso.
- Então vamos focar no nosso objetivo?
- Até que horas a gente vai esperar pelo tal sujeito entrar ou sair? – perguntei.
- Viu? Vocês não estão ajudando!
- Beca, não dá pra sumirmos o dia inteiro, Murilo vai desconfiar, Davi vai desconfiar e ai de nós duas se eles imaginarem onde estamos.
- Ainda bem que não passo pelo mesmo problema com a Maria. – Olívia sorria pela primeira vez no dia.
- Ela sabe onde a gente tá? – Beca perguntou desconfiada.
- Não, mas sabe que estamos em uma missão qualquer. – dizia com orgulho.
- Você não vai contar, né.
- A Maria respeita a nossa amizade, Beca, ela não quer saber o que estamos fazendo, ela sabe que você precisa da gente e tá tudo ok.
- Acho tão lindo o relacionamento de vocês. – derreti.
- Obrigada, Dita. – ela se derretia também quando falava da namorada.
- Já sabe quando vai levar ela lá pra Vila? – perguntei, eu no banco do carona, ela no do motorista.
- Ainda não. – olhou para as próprias mãos.
- Ela vai começar a cobrar. – alertei.
- Eu sei, mas por enquanto ela me entende.
- Quando vai contar para sua mãe? – o pai já sabia, aliás, os pais já sabiam. Ela havia aberto o jogo com todos os dois e apesar do choque os dois optaram pela decisão de apoia-la.
- A gente m*l voltou a se falar.
- Já passou da hora de você perdoar tia Andrea, Vívia.
- É complicado, Dita, foi uma vida inteira de mentiras.
- A minha não foi diferente.
- E você conversa com tia Ângela?
- Não, mas porque ela quis assim, diferente da tia Andrea.
- E você acha que ela vai exibir o mesmo orgulho de mim quando souber que a filha é lésbica? “Olívia está ótima, fulana, está namorando uma baita de uma n***a bem sucedida” – imitou os trejeitos da mãe. – Nem se a Maria fosse homem ela aceitaria, eu acho.
- Você pode se surpreender. – tentei.
- Você se surpreendeu?
a resposta ela sabia e era não, minha mãe agiu exatamente da forma que eu esperava que ela fosse reagir.
- Vocês estão me deixando nervosa, será que dá pra falar com tanto falatório? – Beca se remexia inquieta.
- Dá um tempo, Beca, a gente já está mofando nesse lugar, agora não dá nem pra conversar? – Olívia protestou.
- Vocês estão conversando ao invés de prestarem atenção no que está acontecendo naquela casa, depois a gente marca um café e botamos todo o papo em dia.
- Não está acontecendo nada naquela casa. – falei.
Foi automático falar isso e olhar na direção da casa, eu e as duas, na mesma hora em que um homem saía por ela. Magro, jovem, uns trinta e poucos anos, roupa amassada, cabelo bagunçado, quem quer que ele fosse não se cuidava muito.
- É ele!
- Como você sabe? – questionei sem tirar os olhos do homem que seguia em direção oposta ao nosso carro.
- É ele, façam alguma coisa!
Fazer o quê? Como se uma loucura não fosse loucura o suficiente.