A luz voltou pouco antes de ele aparecer. Não a luz real. Essa seguia fraca, piscando no teto como se zombasse da minha esperança. Mas a presença dele sempre vinha como uma interrupção no ar. Um peso invisível que atravessava as paredes antes mesmo de ele falar. Davi. Ele entrou sozinho dessa vez. Sem pasta. Sem fichas. Só ele, as mãos nos bolsos e aquela calma estranha — o tipo de calma que não tem pressa porque já sabe que vai vencer. — Dormiu? — perguntou. Não respondi. Ele sorriu, se aproximando devagar. — Eu pensei muito sobre como te dizer isso. Se valia a pena ser direto ou se eu deveria deixar você descobrir aos poucos. Mas... sinceramente? Eu não tenho tempo pra delicadezas. Se sentou na cadeira de sempre. Cruza as pernas, inclina a cabeça para o lado. Como se tudo fosse

