CAPÍTULO TRÊS

572 Palavras
ÉRINA — Eu disse pra cair fora. Quanto mais dura era a vida de Iron, mais rígida ficava sua cicatriz. Ele já não movia um lado do rosto, mas o outro…Aquilo explicitamente mostrava que ele estava ao contrário de suas palavras. Mas ele precisava, de alguma forma, me repelir. Ele pode passar uma vida sem admitir, mas até ele estava cansado de estar sozinho. Eu estava cansada de estar sozinha. Mas como apagar os erros do passado, com escolhas que nós dois cometemos? Foda-se! — Não vai me tocar daqui i**************a! — soltei entre os dentes, segurei o choro e apontei a porta da sala. — Eu não vou sair daqui sem ao menos conseguir entrar num acordo em que eu eu vou ser a mãe dela o desgraçado do pai vai ceder em alguma coisa! — Não aguentei, e me descambei em choro. — Aquela v***a da sua irmã me segurou de todas as formas possíveis e tudo o que você fez foi ter uma droga de telefonema com o Dom! Eu sou a mãe dela, Iron! Eu sou a mãe dela…! — Eu nem sei a altura em que gritei, só sei que o ar dos meus pulmões vieram a queimar, o peito doeu e o choro me secou. Eu caí no chão, ouvi ele dar um passo e senti as mãos calejadas me segurar pelos braços, me fazendo olhar para cima e mostrar os olhos vermelhos, junto com a boca inchada de choro. — Eu sou a mãe dela… Eu sou a mãe dela… Eu também fiquei sozinha… Iron… Entre sair do méxico, pegar um clandestino e adentrar o estado com uma documentação falsamente legalizada, foi uma merda. Sore me deixou seca, sem grana e a bolsa de dinheiro que Doom deixou pra mim, ficou naquele escritório. Eu não podia me movimentar com aquela grana e topei deixar as coisas para trás, desde que eu passasse a fronteira bem e Sore não se intrometesse mais. Isso significa que os meus trocados estavam acabando. Sem grana, é o mesmo que sem comida e sem dignidade. Porque eu simplesmente jurei vir aqui e lutar pela Pray, mas acabei chorona aos pés dele. Justo aos pés dele. Iron usava uma regata branca colando a estrutura do corpo no tecido, junto a uma camisa quadriculada por cima da veste, usava um jeans desbotado e só faltava um chapéu de cowboy para que eu o chamasse de texano local. A cicatriz que endureceu seu rosto não o deixava menos bonito e nem aumentava meu ódio, porque em nenhum momento da vida eu consegui deixar de pensar nele de alguma forma. Mesmo que em algum momento eu tivesse picos de ódio, eu ainda estava a pensar naquele fodido mercenário! E agora eu estava em seus braços, pesando o peso de uma folha, levada sem nenhum esforço e subindo as escadas da casa na fazenda dos Primes. A fazenda que ele comprou pra gente: Ele, eu e Pray. Lugar este, agora, aos pedaços. Não que a casa esteja caindo, mas a estrutura de Iron estava. Porque ele não me tocou de lá, ele me pegou pelos braços e me levou pra cama, me entregou um lenço, virou as costas, sentou à beira da cama e me ouviu chorar. Por Deus, ele não falou nada. Só me ouviu chorar. E eu acho que ele não conseguia, mas acredito que se pudesse, ele também estaria chorando.
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