03

1674 Palavras
LOUISE NARRANDO — Senhor Finn... — Eu entrei na sala do meu chefe e engoli seco. Odeio deixá-lo na mão, mas preciso pensar no que é melhor para mim e para minha mãe. — Precisamos conversar. — O que houve, querida? — Questionou, preocupado. — Eu gostaria de avisá-lo que vou ter que sair do seu restaurante. — Ele arregalou os olhos. — Por quê? Você é uma excelente funcionária, Louise! Não podemos perder você. — Ele se aproximou de mim e segurou minhas duas mãos. — O que posso fazer para que você fique? — Nada, senhor Finn. Eu já tomei minha decisão. Preciso cuidar da minha mãe. — Ele respirou fundo, parecendo decepcionado comigo. — No fundo, entendo você. Mas estou chateado em perdê-la. Conversamos por cerca de dez minutos, depois, eu fui até a sala onde os armários ficam. Coloquei minhas coisas dentro de uma caixa e saí do restaurante. Estou com medo, insegura, não faço ideia de onde me meti, mas para Brian, vou exalar confiança. A mulher que o convenceu que seria a melhor opção no momento precisa continuar de queixo erguido. — Senhorita Murphy? — Um homem ruivo de terno disse meu sobrenome. Eu o olhei rapidamente e sorri de forma simpática. — Sim, sou eu. — A senhorita é a noiva do meu chefe, Brian Quinn? — Eu não sabia o que responder. Mas, mesmo assim, tentei acertar. — Sim. Desconfio que ficaremos noivos hoje, na verdade. Ele irá me levar ao restaurante Malahide. — Ele sorriu satisfeito. — Continue assim, senhorita Murphy. Ninguém pode saber do contrato de vocês. Jamais. Isso é um segredo entre eu, você e ele. — Eu concordei com a cabeça. — Onde vocês se conheceram? — Eu era garçonete aqui. Me apaixonei por ele a primeira vista. — Ele sorriu satisfeito mais uma vez. — E parece que com ele aconteceu o mesmo. — Muito bem. Estão juntos há quanto tempo? — Mais do que posso contar nos dedos. — Ele agora riu. — Você tem uma resposta ambígua para tudo? Você realmente é a melhor opção para o Brian. — Eu disse. — Pisquei um dos olhos e ele se ofereceu para pegar a caixa. — Deixa que eu carrego isso. A partir de agora, você é a noiva do meu chefe e eu preciso cuidar de você como uma princesa. Nós vamos... Nos divertir um pouco. — Garry mexeu a cabeça e jogou o cabelo ruivo para um lado com esse movimento. — Vamos, Louise. — Pode me chamar de Lou. Entramos em um carro preto muito bonito, não sei o nome, não entendo de carros. Mas me parece caro e o cheiro dele é de novo. Observei a paisagem pela janela e percebi que estamos indo para a rua de lojas mais caras da cidade, não esperava menos de um homem como Brian. Ele quer uma esposa troféu, e está disposto a gastar com isso. — Gosto daquela loja. — Apontei para o lado de fora, enquanto estávamos parados no semáforo. — Querido, estacione o carro, vamos em uma loja. — Garry disse. Estava ansiosa. Ao entrarmos na loja, vi todos os tipos de vestido que imaginei. Um específico me chamou atenção, era simples, verde e longo. — O que acha desse. — Ele logo negou com a cabeça. — Não faz o tipo do Brian. — Dei os ombros. Um atendente da loja se aproximou, Garry o olhou de cima a baixo. Se seu olhar mordesse, teria arrancado um pedaço. Não o culpo, o homem é bonito. — Posso ajudá-los? — Questionou. — Com certeza. — Garry respondeu. — Queremos um vestido muito sensual e inesquecível, essa moça vai ser pedida em noivado hoje. — O homem sorriu. — O preço não importa. — Seu sorriso aumentou mais ainda. — Já tenho um em mente. Você, com esse corpo, garota... Vai ficar um arraso. Alguns minutos depois, o atendente me trouxe um vestido vermelho, de comprimento midi, uma f***a lateral enorme e as costas praticamente nuas, com um pequeno fio que parecia ser uma continuação das alças finas, e entrelaçavam-se pelas costas. Seu decote era em formato de V, porém, não profundo. — Meu Deus, que coisa linda. — Abri um grande sorriso e toquei no tecido do vestido, tão macio que parecia estar tocando em uma nuvem. — É de seda pura. Tecido delicioso... Vai servir em você como uma luva. Vamos ao provador, querida. — Ele disse eu o acompanhei. Garry estava vendo alguns vestidos na arara, distraído. Removi minhas roupas dentro do provador. Coloquei o vestido no corpo e arregalei os olhos, realmente, parecia ter sido feito para mim. Faltava apenas amarrar o fio de trás. — Pode me ajudar? — Falei ao atendente. Saí do provador e ele colocou as duas mãos no próprio rosto. — Menina, esse vestido foi feito pra você. — Disse. Eu apenas sorri de forma educada. Ele veio até mim com as mãos prontas para me ajudar com o fio, e eu me virei de costas. — Acha que meu noivo vai gostar? — Gostar? Você está praticamente embrulhada para presente, querida. — Ele riu e eu também. Amarrou a parte de trás de forma firme em minhas costas, e eu virei para me olhar no grande espelho. — O que acha? — Realmente, é perfeito. Ótima escolha. — Olhei para a parte de trás, as costas, a bunda... Me senti um pouco lésbica. Se eu fosse um homem, iria querer t*****r comigo mesma. Saí para me mostrar ao Garry, que aplaudiu ao me ver. Eu dei graças a Deus que resolvemos isso rápido. O restante do dia foi mais interessante ainda. Fomos a um spa, tomei banho de ofurô, fiz massagem, máscara facial de não sei o que, fizemos as unhas e o cabelo. Garry participou de tudo. O sapato que escolhemos era cravejado de cristais, a bolsa era perfeita, os brincos e o colar também. Eu estava parecendo uma daquelas mulheres que atendia no restaurante Finnegan's. Na hora correta, Garry me levou até meu ponto de encontro com Brian. Nunca estive tão linda, cheirosa, maquiada e arrumada na minha vida. — Boa sorte e divirta-se, Lou. — Garry falou e eu sorri. — Obrigada pelo dia, Garry. Eu me senti uma Cinderela. — Ele segurou minhas duas mãos e uma delas, ele puxou e deu um beijo carinhoso. — Você é. Espero passar muitos dias no spa com você. — Ri ao ouvir. Nosso dia realmente foi divertido. Garry me falou dos quase dez namorados que teve, e nenhum deu certo. — Também espero. Desci do carro e fiquei ao lado da estátua da praça. É um homem sendo comido vivo por duas gárgulas. Nunca entendi essa composição, mas as pessoas adoram. Um carro preto, ainda mais bonito do que andei durante o dia, estacionou e um homem de terno começou a vir em minha direção. Meu coração acelerou e por um instante, desejei que tudo aquilo fosse real, e não um trabalho. Ter um relacionamento com um príncipe encantado, que cuide de mim e me faça esquecer a dor que é ter uma mãe doente, me parece tão bom... Brian se aproximou de mim olhando-me de cima a baixo. Ele sorriu de forma maliciosa e me ofereceu a mão. — Parece que minha princesa foi muito bem cuidada hoje. — Eu entreguei minha mão. Ele aproximou minha mão de sua boca e enquanto a beijava, me olhou nos olhos, com seus grandes olhos azuis. — Fui. Garry é um excelente amigo. — Sorri, tentando esconder o nervosismo. A verdade é que ser chamada de princesa por um homem desse fez meus joelhos virarem gelatina. — Você está belíssima. — Disse, com um sorriso canalha no rosto. Ele me ofereceu o braço, para que eu o pegasse. — Vamos. Caminhamos até o carro, onde ele abriu a porta para que eu entrasse. Depois, entrou também. — Estou à sua altura ou esperava mais? — Questionei, enquanto estávamos no carro. Ele soltou uma risada anasalada, enquanto dirigia com apenas uma das mãos. Apoiou a outra em minha coxa, próxima ao joelho. — Se não fosse um homem tão seguro de mim mesmo, estaria inseguro agora. Você vai ser a mulher mais bonita do Malahide, Louise. — Obrigada. — Eu fingi estar confiante. Levei minha mão até a dele e entrelacei nossos dedos. Ele continuou olhando para frente, dirigindo. — Devo ser carinhosa com você? — Sim. Aliás, hoje irei te pedir em casamento. Fiquei sabendo que tem muitos conhecidos com agendamento no Malahide hoje, então, esse teatro precisa ser perfeito. Finja surpresa, chore, me abrace, faça o que for preciso. E nada de me chamar com pronomes de respeito. Você é minha noiva. — Concordei com a cabeça. — Não se preocupe. Sou uma boa atriz. — Ele virou o rosto finalmente para mim. — Já notei isso. — Falou e lançou um olhar para nossas mãos unidas, enquanto um sorriso lateral surgiu em seus lábios. Senti meu sangue subir por meu rosto. Não apenas pelo sorriso, mas pela forma com que ele me olhou. Confiança, Louise. Exale confiança. — Louise Murphy ficou vermelha? — Debochou. — O que faz quando está se sentindo assim, Louise? — Assim como, Brian? — Quando se sente constrangida. Sem confiança nenhuma. O que faz? — Perguntou. — Eu finjo. — Ele sorriu com satisfação. — Continue assim. No meu mundo, ou você é confiante, ou é pisado. Você vai encontrar mulheres extremamente fúteis e agressivas. Seja melhor que elas. E mais confiante também... — E se eu não estiver confiante... — Ele me interrompeu. — Você finge. Como disse que faz. — Ele piscou um dos olhos para mim e continuou dirigindo. Meu Deus, essa noite vai ser complicada. Isso porque eu serei pedida em noivado por Brian Quinn, um homem que não conheço, rico pra c*****o e que trabalha com negócios duvidosos e provavelmente ilícitos. Controlar a tremedeira e manter a confiança está se tornando cada vez mais difícil.
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