Decisões Questionáveis

1963 Palavras
Estamos na antiga casa da família de Alexandra, as decisões um tanto quanto questionáveis levaram ao trio á dividir o mesmo teto, mas não o mesmo quarto ou cama, ainda bem! Mas por quanto tempo eles conseguem esconder o que sentem agora que um claramente se abriu para o outro? Bárbara não consegue manter seus olhos longe da boca de Alexandra, que por sua vez, não esconde mais que seu coração insiste em bater por Yago que claramente deseja Bárbara para si. É aqui que suas manias, problemas e defeitos começam a falar por si. A ansiedade é uma resposta do corpo vinda do sistema nervoso autônomo, que age independente do nosso pensamento racional, como um reflexo. Ele tem a porção simpática, que tem reações de resposta ao estresse, preparando o corpo para fugir ou lutar em uma situação de perigo. Como cada um deles tentará fugir dessa luta contra a situação? O lugar, como já bem mencionei, ainda é cultivado e guardado pelo simples querer de Alexandra em manter intacto as memórias de sua mãe, mas a partir de hoje, pensamentos mais sombrios e escuros nascerão desde ambiente. — Para não termos problemas, vamos dormir em quartos separados, ok? — argumentou Alexandra. — Sim. — Claro. Responderam Yago e Bárbara. — Fico na sala, relaxa, vocês podem até dormir juntas se assim desejarem. — continuou Yago se jogando no sofá. — Não precisa, a casa é grande, tem quatro quartos. — Nossa! — disse Bárbara. — Meu pai queria um filho homem, então deixou um quarto a mais, além do quarto da governanta. — respondeu Alexandra. Seus amigos puderam notar o pesar de suas palavras ríspidas ao se lembrar do passado. "Eu era pra ter nascido homem". — era tudo o que dava pra se ouvir dela. Logo, Alexandra decidiu dormir no primeiro quarto, aquele que foi seu durante a infância. Bárbara estava mais distante um pouco, era o quarto do final do corredor onde a governanta dormia, enquanto isso, Yago se deitaria no primeiro, aquele que deveria ser do irmão de Alexandra que nunca nasceu. Nossos três protagonistas se trancam em seus respectivos quartos. Cada um com os seus desejos e temores, com os traumas e preocupações. A vida por dentro da cabeça de um ansioso, é completamente surreal, não é só deitar e dormir. De fato, ataques de pânico sempre ocorrem sem nenhuma razão aparente e o indivíduo sofre com sintomas muito intensos, como a falta de ar, o coração acelerado, tonturas e a sensação de morte iminente. Mas isso é bem mais comum em estágios mais avançados. O transtorno obsessivo compulsivo, vulgo (TOC), também é agravado com o tempo, pois se caracteriza por ações repetidas ou rituais compulsivos obsessivos. Nesse caso, a ansiedade se manifesta em forma de ideias obsessivas e, por mais que o indivíduo saiba que não há sentido em se sentir assim, ele não consegue evitar esses pensamentos. Nossos três protagonistas não tem estes dois exemplos, mas nem por isso são mais fortes ou mais fracos. Alexandra ainda não sabe, mas tem transtorno de estresse pós-traumático. Isso é caracterizado pela ocorrência de flashbacks e pesadelos sobre um evento traumático que já ocorreram em sua vida. Nesse transtorno, Alexandra revive os mesmos episódios e sente as mesmas coisas, como se o fato estivesse ocorrendo novamente. É algo traumatizante tanto para quem vive, quanto para quem vê. No caso de Alexandra, ao se deitar na cama, teve a sensação de ser rejeitada por Yago. "É a mesma lembrança de rejeição que me pai me dá". — pensou. Encarando o teto, ela reviveu lembranças e pesadelos de seu pai ajudando e falando bem de inúmeras crianças e primos, mas nunca para com ela. "Não aguento mais ser rejeitada por algum homem". Quando era mais nova, um garoto de quem ela gostava, preferiu ficar com sua melhor amiga, aquilo a machucou muito, mas era a idade, quem nunca sofreu por amor? "Porque esse ciclo insiste em se repetir?" No início da adolescência, ela e uma prima entraram numa sala de bate-papo, aquilo acabou com os créditos do celular da prima e o seu pai, mesmo sabendo que a ideia era da sua prima, decidiu castigar e bater em Alexandra. "Porque?" A rejeição de seu pai jamais fez sentido para ela, até o dia em que pegou ele e sua mãe conversando sobre terem outro filho, e dessa vez um homem forte e valoroso para seguir seus passos e não uma 'fraquejada' anterior como Alexandra. "Será mesmo que eu mereço isso tudo? Porque que com os meus amigos e primas, a vida tem sido tão boa e comigo não?" — voltou a se questionar. O problema com o pai piorou quando sua mãe faleceu e ela teve de dividir o mesmo teto com seu pai até o momento em que se estourou quando numa dívida que seu tio tinha contigo, seu pai preferiu ficar do lado dele e não do dela. — Já não aguento mais essa casa, esse lugar, porque voltei pra cá? Porque esses flash insistem em escurecer a minha mente? — sussurrou. As lágrimas de Alexandra caíram na medida em que seus pensamentos mais íntimos e pesados de seu pai e todo e qualquer homem que passou pela sua vida, insistiam em aparecer em sua mente. ela não reage bem à velhas lembranças. Saindo um pouco do não tão esperançoso quarto de Alexandra, vamos até o quarto onde Yago tenta dormir enquanto luta contra sua ansiedade. Nosso herói ainda desconhece o assunto, mas possuí inúmeras fobias trajadas de cicatrizes íntimos. As fobias são marcadas pelo medo intenso e desproporcional de algo que não representa perigo algum. Chega a ser cômico, pra não dizer o contrário. Algumas pessoas têm medo de animais inofensivos como aves, por exemplo, enquanto outras possuem um pavor inexplicável de palhaços. Mas às mais graves são as de pessoas reais, abraços, afetos e até mesmo carinho. "É por isso que não posso confiar em pessoas de vermelho ou mulheres bonitas, no fim, todas elas sempre traem". — pensou. Yago começou a erguer barreiras envolta de coisas abstratas e caçar coincidências incomuns para acontecimentos que por ventura, deram errado. "Bárbara e aquela menina tem o mesmo signo, isso incomoda um pouco". Virgem é um signo complexado pelo próprio personagem, pois por pura coincidência, toda mulher que já o rejeitou ou traiu, nasceu no mesmo mês. Seu último chefe também era do signo de virgem e toda a vez que ele dava alguma ordem, nosso herói suava e transpirava de inquietação. "Vou tirar a camisa, tá muito quente". Teve uma vez em que Yago foi visto sem camisa na escola, bem coisa de garoto, os moleques o zoavam por ser levemente acima do peso, mesmo sendo relativamente magro. A camisa da época, era azul, depois disso, nunca mais vestiu algo dessa cor. "E se alguém entrar ou eu sair sem camisa? O que será que elas vão dizer?" Na adolescência, mesmo ficando um pouco forte, tinha vergonha dos olhares que atraia, principalmente das mulheres mais velhas. Desenvolveu um medo de aparecer e ser visto. "Melhor eu colocar de volta, comi e bebi demais ultimamente, não estou bonito". Yago, por um pequeno problema que teve numa lanchonete, simplesmente não come na rua. E eu não falo de um podrão ou um pastel com tudo dentro, mas de Mcdonald e Bob's. Fobia a fast-food? Yago tem fagofobia compulsiva por simplesmente se lembrar ou ver alguém nestes lugares. — sei que parece estranho, mas eu realmente queria um abraço da Bárbara, mesmo não gostando muito, creio que poderia me forçar à isso uma vez ou outra. — disse encarando o teto. Quando novo, por ser constantemente abraçado por uma tia, desenvolveu afefobia, sabe o que é? Trata-se da fobia por afeto, qualquer tipo. Deixando de lado esta agonia ansiosa, iremos ao final do corredor, mais precisamente, ao quarto onde Bárbara se cortava em pensamentos. A caçula dos protagonistas, bem que suspeita, mas não sabe ou sequer tem condições de procurar um especialista para conter a ansiedade generalizada que possui. Nossa protagonista tem uma preocupação excessiva com diversas áreas da vida e da rotina, seja no trabalho, quanto aos filhos que nem nasceram, a saúde ou até mesmo a segurança dos familiares que a rejeitam. Este tipo de ansiedade pode ocasionar sintomas físicos como dor de cabeça, estômago, cansaço e tensões musculares. "Tô com fome, deveríamos ter comido antes de vir para cá ou ter pedido pizza". Ela desconta tudo isso na comida, ou em lanches aleatórios. E isso causa uma dor de estômago enorme para o corpo de nosso heroína. "Isso aconteceu porque minha mãe sempre disse que eu deveria procurar um homem de valor e meu pai sempre suspeitou de mim". A preocupação excessiva afetou profundamente sua sexualidade, ela sempre acha que irá apanhar, que vão te matar, rejeitar, que vão sumir com seu corpo e que ninguém nunca notará sua falta. "Se eu tivesse nascido normal, estaria na segurança de casa com meus pais e meu irmão". Ela sente saudades, medos e preocupações que infelizmente não são correspondidas. "A Alexandra só era educada, ela nunca ao menos me quis de verdade, eu deveria ter notado isso logo de início". Nossa outra protagonista é somente a quinta mulher que Bárbara gostou, mas pelo convívio e a permanência na vida, ela se tornou algo um pouco maior do que o planejado. "Minha dor de cabeça aumentou, onde está o remédio?" Ao vasculhar o bolso, lembrou que está em casa e que bebeu demais, mesmo que tomasse, não faria efeito. "Como farei pra voltar? Será que estarei bem? E se ainda estiver bêbada ou zonza e alguém entrar comigo? O que farão se souberem que sou lésbica?" Sua preocupação atava em momentos e com coisas que sequer fazem sentido para quem ouve, mas para ela, dentro daquele mundinho pequeno, tudo fazia sentido, tudo estava ligado. — Talvez eu seja mesmo uma aberração, deveria estar em casa, cuidando da minha mãe, ela já está velha, meu pai tem os problemas de saúde e meu irmão não faz ideia de como é o mundo aqui fora. — comentou consigo mesma. As dores de cabeça, estômago e a fome atacam ao mesmo tempo. É com estes pensamentos, ansiedades, medos, inseguranças e pontos de vistas diferentes que o capítulo encontra o seu final. Às vezes, tudo o que uma madrugada nos oferece, são cinzas e pó, bem como pensamentos que a cabeça deixa escapar. Mas uma última atitude ainda os faria reagir de maneira impulsiva. Afinal de contas, estamos revendo o passado deles, e se no futuro as coisas não estão boas, o culpado é justamente este dia em especial. Buscando um copo d'água naquela casa vazia ou o aconchego de um abraço quente, Alexandra levantou-se da cama, única e exclusivamente para se deparar com Yago à sua direita e Bárbara a sua esquerda. Nesse momento, a razão deixou de falar e o coração parou de se esforçar. O t***o era quem tomava conta dos corpos. “Eu de fato, não sei se é o certo, mesmo querendo.” — pensou Alexandra. Alexandra encarou Yago e Bárbara na cama. Ela estava dividida entre o desejo ardente e o medo de arruinar sua amizade. “Eu realmente desejo ver uma delas pelada, mas ter as duas, é um sonho, mas seria o certo?” — pensou Yago. Yago estava ansioso, desejando a intensidade da paixão que compartilhavam, mas tinha um frio da barriga de acabar dando errado. “Sabe-se lá quando terei outra chance dessas. É claro que os três tem que saborear o ato, mas creio que todos nós podemos chegar ao ecstasy, mas a que ponto?” — pensou Bárbara. Bárbara sentia a tensão s****l e queria ceder à tentação, mas temia as consequências.
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