Criando uma paisagem que parecia congelada no tempo, a quietude do momento atual, contrastava com a turbulência que havia ocorrido horas atrás. Ao voltar no momento presente, preciso te lembrar que, Bárbara, Alexandra e Yago haviam se envolvido em uma discussão acalorada que culminou em uma briga intensa. As palavras ásperas, os sentimentos feridos e a tensão acumulada haviam deixado cicatrizes emocionais que ainda doíam. Agora, no entanto, eles estavam cada um em seu próprio canto. "Porque precisa ser assim?" Bárbara, em sua quitinete desolada, buscava refúgio na televisão, tentando distrair sua mente das emoções tumultuadas do dia. "Que droga eu estou fazendo com a minha vida?" Alexandra, em seu apartamento, preparava uma refeição rápida de miojo, mas sua mente vagava para além da cozinha, relembrando as palavras trocadas durante a briga e preocupada com o que havia acontecido. "Porque a gente não pode ser normal e agir de forma natural?" Yago, por sua vez, estava em seu próprio apartamento, afogando suas frustrações em cerveja enquanto assistia a um jogo de futebol repetido TV. A briga ainda ecoava em suas mentes, mas o tempo estava passando, e a vida continuava. Era hora de enfrentar as consequências de suas ações e tentar encontrar uma maneira de superar as diferenças que os haviam separado. Enquanto a noite tomava conta, caindo sobre a cidade, eles se encontravam separados. O destino ainda tinha planos para reunir essas almas perdidas e restaurar a frágil conexão que os unia? Ou a ansiedade iria os matar de vez? A chuva começou a cair sobre São Paulo, como se o céu quisesse lavar a cidade de seus pecados passados. As gotas frias batiam nas janelas, criando uma sinfonia suave que ecoava nos corações de Bárbara, Alexandra e Yago. Lembranças do dia em que dormiram juntos inundaram suas mentes. Naquela noite chuvosa, eles haviam se refugiado em um abraço caloroso e compartilhado momentos de paixão e desejo. A chuva tinha sido a trilha sonora daquela noite inesquecível, um lembrete constante de como a vida podia ser imprevisível e cheia de surpresas. Agora, enquanto a chuva caía mais uma vez, eles se encontravam separados, cada um em seu próprio mundo, relembrando aquele momento que era pra ser especial, mas que acabou com tudo. A chuva os fazia sentir a conexão que haviam compartilhado naquela noite e os fazia refletir sobre as escolhas que haviam feito desde então. Enquanto as gotas de chuva escorriam pelas janelas, Bárbara, Alexandra e Yago sentiam a melancolia daquela lembrança, questionando se algum dia seriam capazes de encontrar novamente o que haviam perdido naquela noite chuvosa. Bárbara, em sua quitinete desolada, está assistindo à TV quando uma notícia alarmante sobre uma possível segunda onda da pandemia começa a ser transmitida. As imagens de hospitais lotados e depoimentos de médicos preocupados desencadeiam uma ansiedade intensa em Bárbara, que se vê revivendo o medo e a incerteza dos tempos iniciais da pandemia. Ela começa a tremer e a sentir falta de ar, e é forçada a desligar a TV para acalmar seus nervos. As palavras dos médicos ecoam em sua mente, trazendo à tona todas as preocupações que ela havia tentado reprimir. Ela se sente como se estivesse presa em um pesadelo, revivendo os momentos em que o mundo parecia desmoronar ao seu redor. — Não, não de novo. Porque o mundo parece desmoronar em mim todas as noites? — ela sussurra para si mesma, tentando conter o pânico que a envolve. Sua respiração fica curta, e ela se agarra ao sofá, desejando que a sensação de opressão em seu peito fosse embora. O quarto parece menor, mais sufocante, e Bárbara sente o peso da ansiedade esmagando-a. — Eu não posso passar por isso de novo. Eu não posso. — ela murmura, lutando contra as lágrimas que começam a se acumular em seus olhos. Bárbara se levanta e começa a andar de um lado para o outro, tentando encontrar uma maneira de acalmar seus pensamentos tumultuados. A incerteza do futuro a atormenta, e ela deseja poder fugir dessa realidade assustadora. Bárbara sabe que não está sozinha em sua ansiedade. Todos ao seu redor enfrentam os mesmos medos e incertezas. Mas, neste momento, ela se sente completamente isolada em sua angústia, procurando desesperadamente por um vislumbre de esperança no horizonte sombrio que se desenha diante dela. Enquanto prepara um simples miojo em seu apartamento, Alexandra ouve o som de sirenes de ambulância ecoando pelas ruas. O som agudo e insistente das sirenes a transporta de volta a um passado doloroso, quando sua mãe ficou gravemente doente. O eco das sirenes parecia um lembrete constante da fragilidade da vida, um som que a assombrava há anos. A ansiedade começa a se insinuar em seu peito, como uma serpente silenciosa e traiçoeira. Ela coloca o miojo de lado e fica parada por um momento, com as mãos trêmulas e lágrimas nos olhos. As memórias daquele período difícil retornam com força total, e ela se sente como se estivesse revivendo aqueles momentos de angústia e incerteza. — Por favor, não de novo. Não aguento mais reviver estes instantes ruins. Será que os remédios vão demorar a fazer efeito? — murmura Alexandra para si mesma, enquanto luta para controlar a crescente ansiedade que a envolve. A sensação de impotência a sufoca, e ela deseja poder apagar as lembranças dolorosas que a perseguem. Finalmente, ela pega o telefone e disca o número de sua mãe, suas mãos tremendo enquanto espera ansiosamente que alguém atenda. A preocupação a consome, e ela precisa ter a certeza de que sua mãe está bem, que a sirene não é um presságio sombrio de uma tragédia iminente. — Oi, mãe... só queria ter certeza de que está tudo bem por aí. — diz Alexandra com a voz trêmula. O fato aqui é que a mãe de Alexandra está morta. Esta ligação, nunca foi atendida. Ela sabe que a vida é frágil e que as sirenes são lembranças dolorosas de um tempo em que tudo desmoronou. Mas agora, sempre que a ansiedade ataca, ela pega o telefone e finge falar com sua mãe para se acalmar. Não melhora de início, mas será que não a fará piorar a longo prazo? Yago, em seu apartamento, está bebendo cerveja e assistindo a um jogo repetido de futebol na TV. Inicialmente, ele se sente animado, lembrando-se da emoção da virada do seu time no final da partida. Mas, à medida que o jogo se desenrola e sua equipe começa a perder, uma ansiedade crescente toma conta dele. Os jogadores parecem errar passes simples, o técnico toma decisões que ele considera equivocadas, e a tensão no jogo reflete a tensão que ele sente em sua própria vida. A sensação de impotência o irrita profundamente, e ele começa a xingar os jogadores e o técnico, como se sua raiva pudesse de alguma forma mudar o resultado da partida. Yago se levanta do sofá e começa a andar de um lado para o outro no apartamento, incapaz de se acalmar. Sente-se como se estivesse assistindo a sua própria vida desmoronar da mesma forma que seu time no campo. A ansiedade o faz questionar suas próprias escolhas e a sensação de que está sempre fazendo algo errado o assombra. — Por que as coisas nunca dão certo para mim? — reclama Yago para si mesmo com a frustração transbordando em suas palavras. Ele verifica freneticamente o aplicativo de apostas, procurando desesperadamente pelo jogo que está assistindo na TV, mesmo sabendo que se trata de uma reprise. A ansiedade age dessa maneira, distorcendo a realidade e fazendo com que ele se sinta como um eterno perdedor. A partida na TV continua a se desenrolar, e Yago fica preso em um ciclo de agitação e ansiedade, incapaz de encontrar alívio até que o jogo finalmente termine. A ansiedade, implacável e c***l, continua a apertar seu peito, deixando-o com a sensação de que sempre haverá algo errado em sua vida. Assim como as atitudes que tomou para com Bárbara e Alexandra. Yago estava em seu apartamento, a ansiedade ainda martelando em sua mente. Os pensamentos tumultuados o mantinham agitado quando, de repente, ele ouviu um barulho alto vindo da rua. Curioso, ele se aproximou da janela e olhou para baixo. O que viu o deixou em choque. Um carro havia batido violentamente contra um poste, destroços espalhados por toda parte. A chuva continuava a cair, dando um ar ainda mais sombrio à cena. Mas o que realmente chamou a atenção de Yago não foi o acidente em si, mas o motivo que o havia causado. No meio da rua, ensopada e tremendo, estava Juliana. Seus olhos estavam vazios, e sua expressão era de desespero. Ela estava prestes a atravessar a rua, ignorando completamente o tráfego tumultuado, como se não se importasse com o que acontecesse. Yago viu tudo acontecer em câmera lenta. O motorista do Uber, Samuel, tinha notado a jovem e tentou desesperadamente evitar atropelá-la. Ele freou bruscamente, girou o volante, mas a colisão era inevitável. O impacto foi assustador, o carro se chocou contra o poste com uma força terrível, os airbags inflando instantaneamente. O veículo ficou destruído, mas, miraculosamente, Juliana não foi atingida. Ela estava parada no mesmo lugar, a poucos centímetros do carro destruído. Samuel, ainda dentro do carro, olhou para Juliana com olhos arregalados, como se não pudesse acreditar que ela estava a salvo. O motorista do Uber tinha arriscado sua própria vida para evitar atropelar a jovem em desespero. Yago observou a cena, o coração apertado. Ele m*l podia acreditar no que acabara de testemunhar. Era um lembrete de como a vida poderia ser frágil e imprevisível. E enquanto a chuva continuava a cair, ele se viu pensando nas escolhas que todos fazem e nas consequências que podem surgir a partir delas. Juliana era uma jovem morena de estatura alta, com longos cabelos castanhos que caíam em cascata sobre seus ombros. Seus olhos eram da cor do mel, e eles sempre pareciam brilhar com uma mistura de tristeza e esperança. Ela tinha um sorriso simpático que poderia iluminar qualquer ambiente, mas naquele momento, sua expressão estava tomada pelo desespero. Sua figura era esbelta e elegante, embora naquele momento estivesse encharcada pela chuva que caía sem piedade. A água escorria por seu rosto, misturando-se com as lágrimas que teimavam em escapar. Seus braços estavam trêmulos, mas ela permanecia de pé, como se estivesse em transe, incapaz de compreender completamente o que acabara de acontecer. Apesar de sua aparência física, era evidente que Juliana estava passando por um momento de profunda angústia, e a força que demonstrava ao enfrentar aquele acidente a tornava ainda mais notável. Seu rosto marcado pela aflição contrastava com sua beleza natural, criando uma imagem impactante que ficaria gravada na mente de quem testemunhou aquele episódio. Samuel, ainda preso pelo airbag, olhou para Juliana com urgência. — Juliana, finalmente a encontrei. Queria conversar um pouco mais, mas preciso da sua ajuda para sair daqui. — brincou. Juliana percebeu quem era e, com determinação, correu em direção ao carro acidentado. Com esforço conjunto, eles conseguiram liberar um dos braços de Samuel do airbag. A chuva continuava a cair implacavelmente enquanto trabalhavam juntos para garantir a segurança de Samuel. O encontro naquela situação crítica marcaria o início de uma jornada compartilhada, repleta de desafios e superações. Enquanto enfrentavam a adversidade da chuva torrencial e dos destroços do acidente, a determinação de Juliana e a presença de Samuel ao seu lado lhe trouxeram um novo sentido de esperança. Juliana, com determinação, conseguiu libertar Samuel do carro acidentado. Quando seus olhares se encontraram, uma intensa sensação de alívio tomou conta deles. Sem dizer uma palavra, eles se aproximaram e se abraçaram, como se aquele momento de dificuldade tivesse criado um vínculo instantâneo entre eles. A chuva continuava a cair ao redor, mas naquele abraço, encontraram conforto e consolo mútuo. — É tão bom lhe ver novamente. — os dois voltaram a se encarar. Afinal, os dois disseram a mesma coisa ao mesmo tempo. Era como se o universo tivesse conspirado para reunir essas duas almas em um momento de desespero, e ali, no meio dos destroços e da tempestade, encontraram um refúgio um no outro. Nenhum deles sabia o que o futuro reservava, mas naquele abraço, encontraram força para enfrentar o que estaria por vir. Samuel era um rapaz gordinho, de pele clara, com óculos que sempre estavam meio tortos no nariz. Seu cabelo castanho estava sempre um pouco desgrenhado, como se estivesse sempre perdido em pensamentos. Ele tinha um ar estudioso, carregando livros e anotações para todos os lugares, mas hoje, era um motorista de aplicativo. Sua gentileza era evidente em seu sorriso tímido e nos gestos atenciosos. Embora seu corpo não seguisse os padrões tradicionais de beleza, sua personalidade brilhava com empatia e inteligência. Samuel era alguém que valorizava as conexões humanas e estava sempre disposto a ajudar os outros, como o momento em que se reencontrou com Juliana em meio à tempestade, mostrando coragem e compaixão. Ele era a prova de que a verdadeira beleza estava além da aparência física, encontrada na maneira como alguém cuidava dos outros e enfrentava desafios com determinação. Samuel era um exemplo vivo de que a empatia e o coração bondoso podiam brilhar tão intensamente quanto qualquer outro atributo físico. Enquanto a chuva caía implacavelmente sobre as ruas de São Paulo, Samuel e Juliana estavam parados à beira da estrada, em frente ao carro batido. A tensão estava no ar, as palavras pairavam como um eco inquietante da tristeza que os envolvia. — Eu não posso acreditar que você veio até aqui por mim, Samuel. — disse Juliana, trêmula. Seus olhos estavam úmidos, mas seu olhar encontrou o de Samuel com uma mistura de surpresa e gratidão. Samuel engoliu em seco, lutando para encontrar as palavras certas. — Eu estava perdido, Juliana. Perdi meu melhor amigo, aquele que eu amava como um irmão. E então percebi que não podia perdê-la também. Não posso imaginar um mundo sem você nele. Você sabe que eu te amo. — confessou. As lágrimas começaram a rolar pelo rosto de Juliana. — Meu noivo... ele se foi por causa desse maldito vírus. E eu não conseguia mais suportar a dor, a solidão. E eu sempre soube dos seus sentimentos... Eu acho... Samuel se aproximou lentamente de Juliana, seus olhos se encontraram em um abraço profundo. — Eu sei Ju, mas você não está sozinha, você tem pessoas que se importam com você, incluindo eu. Juliana sentiu-se fraca nos braços de Samuel, deixando-se levar pela emoção. — Estava prestes a fazer algo terrível, Samuel. Mas você apareceu. Você me salvou. Samuel segurou Juliana com força, como se pudesse protegê-la de todo o sofrimento do mundo. — Eu te amo... Não como amigo, mas como alguém que quer estar ao seu lado, não importa o que aconteça. A chuva continuava a cair, mas o abraço deles era um refúgio contra o desespero. Naquele momento, eles encontraram um raio de esperança no meio da tempestade que havia assolado suas vidas. O padrinho sempre foi apaixonada pela noiva de seu melhor amigo que faleceu por conta do COVID, fazendo a noiva desejar se matar e desaparecer. Esse é o contexto de Samuel e Juliana. E foi nesta tempestade que eles superaram a ansiedade e suas adversidades temporais.