A CEO E EU

capítulo 4

Capítulo 04

Elena Salvatore

Ouvi música enquanto estou dirigindo e poder sentir o vento no meu rosto é uma das melhores sensação do mundo, meu dia foi bem corrido como sempre, m*l pude esperar pra chegar em casa.

Estaciono o carro na garagem, noto que, os três carros dos meus irmãos não estão, desde que eu assumir a responsabilidade de cuidar deles não tem sido nada fácil, mas nada se compara ao que está acontecendo ultimamente, eles vivem em festas, bebendo e gastando com putas, parece que quando mais eu chamo a atenção deles, mas a situação piora, porque homens tem que ser assim ?

-Boa noite, Lúcia.

Lúcia - boa noite patroinha, como foi o dia ?

-Bem cansativo.

Eu disse me jogando no sofá.

Lúcia - Estou vendo.

- Aqueles cabeça ocas disseram pra onde foram?

Lúcia - Eles foram se divertir, na boate.

-Só podia ser.

Lúcia - você também deveria sair mais vezes, se divertir, conhecer novas pessoas.

-Eu não tenho tempo pra essas coisas.

Disse me levando.

Lúcia - Quer que eu leve o seu jantar, ou você vai descer pra jantar aqui?

-Eu desço, não se preocupe pode ir descansar.

Lúcia - tá bom, boa noite.

-Boa noite, durma bem.

Eu sei que ela não vai dormir enquanto aqueles cabeça ocas não chegarem.

Vou ao banheiro enquanto a banheira encher, eu espero removendo a maquiagem, me olho no espelho e vejo o cansaço estampado no meu rosto. As olheiras já fazem parte de mim, e às vezes me pergunto se essa vida que escolhi, de responsabilidade e renúncia, vale mesmo a pena, as vezes dá vontade de largar tudo e sair no mundo a fora, longe de tudo e de todos.

A água quente enche a banheira, formando uma névoa leve pelo banheiro. Tiro a roupa devagar, sentindo cada parte do meu corpo doer de exaustão. Me afundo na água quente, fechando os olhos por alguns segundos, tentando apagar os pensamentos que me perseguem todos os dias.

Minha mente, porém, não coopera.

Meus irmãos... Eu os amo, mas às vezes queria apenas fugir. Desde que nossos pais morreram, tudo caiu sobre mim. Eu era jovem demais pra carregar tanto peso, mas nunca tive escolha. E agora, anos depois, ainda estou tentando consertar o que parece não ter conserto.

Saio da banheira e me enrolo na toalha. Coloco um roupão, prendo o cabelo e desço as escadas lentamente até a sala de jantar. Lúcia deixou tudo arrumado como sempre: minha comida preferida, o suco de laranja natural e até uma sobremesa, que provavelmente ela fez só pra me animar.

Mas nada tira essa sensação de vazio.

No meio do jantar, ouço o portão eletrônico se abrindo. São eles.

Escuto risadas altas, passos descompassados, e logo os três entram: Mathias, Raphael e Sebastian. Todos cheirando a bebida, cigarro e perfume barato.

— Boa noite — digo num tom frio entrando na sala, encarando os três.

— Boa noite, maninha — diz Raphael, o mais velho dos três, passando direto por mim e pegando uma cerveja na geladeira.

— Vocês não se cansam disso? — pergunto, tentando manter a calma.

— A vida é curta, Elena — diz Mathias, com aquele sorriso debochado de sempre. — A gente só tá aproveitando.

— Aproveitando? Vocês estão se destruindo, e me levando junto!

Matteo revira os olhos e se joga no sofá, ligando a TV como se nada estivesse acontecendo.

— Eu tô cansada de bancar a babá de vocês. Eu trabalho o dia inteiro, cuido de tudo nessa casa, e vocês agem como se tivessem quinze anos! — minha voz sai mais alta do que gostaria.

— Então para de cuidar — Mathias retruca, sério pela primeira vez. — Ninguém te pediu isso.

Essas palavras doem mais do que qualquer grito. Fico ali, parada, sentindo meu coração apertar. Não respondo. Apenas subo as escadas, sentindo as lágrimas queimarem meus olhos.

Eles não entendem... ou simplesmente não se importam.

Fecho a porta do meu quarto com força e me jogo na cama. Pela primeira vez em muito tempo, deixo as lágrimas caírem sem tentar conter. Talvez eu esteja mesmo sozinha nessa casa cheia de gente.

Eu me sacrifico tanto por eles e eles não estão nem aí, nunca fizeram nada por mim.