Capitulo Quatro

3963 Palavras
Eu sou desperta pelo irritante som do meu aparelho celular. Mas quem poderia ser à uma hora dessas? Sobre a penumbra que está meu quarto, eu percorro com uma das minhas mãos sobre o móvel ao lado da cama em busca do interruptor do abajur, acendo a luz, viro-me em busca do meu amado e noto que nem mesmo o som estridente do meu telefone lhe despertará, ele dorme lindamente tranquilo. Faço uma careta ao sentir um gosto amargo acompanhado do hálito horrível que exala da minha boca. Eu pego o aparelho irritante que continua a tocar e vejo o nome de Derek iluminar a tela. Verifico no relógio e já se passaram das cinco da manhã, percorro o meu polegar sobre a tela, desbloqueio, atendo-o. — Derek, o quê houve? - digo ao atender, minha voz soa rouca, pulsação bate acelerada, estou nervosa e preocupada. — Bom dia, Gabriela, me desculpe pelo avançar da hora, moncher, mas eu precisava falar urgente com você — diz atropelando as palavras. —Hum - digo sonolenta — Tudo bem, Derek — bocejo —Eu só fiquei preocupada, mas vamos lá, me diga o que houve? — pergunto ao ouvir sua voz soar aflita. —Está tudo bem, querida, me desculpe, eu não quis preocupa-la, mas sabe como é — parece desconfortável com o quê está prestes a me dizer. —Não tem problemas, Derek, só me diga o quê está acontecendo — digo cansada. — Está bem. Bom — ele limpa a garganta — Agora, como você é a nova secretária do Sr. Diamonds, sabe que será direcionado a você muitas responsabilidades e dedicará boa parte de sua vida a estar ao seu lado na empresa, atendendo a tudo o quê ele lhe solicitar. Sim, eu era ciente de todas as mudanças que a minha vida profissional sofrerá com a promoção do cargo, é natural, toda mudança tem o seu lado positivo e negativo, e entre muitos pontos positivos que este cargo me trouxera, nada supera o negativo, estar constantemente ao lado do senhor Diamonds. —Sim, eu sei — digo desanimada. —Bom, ele estará no escritório às 06:00 e exige que você esteja lá antes mesmo dele —diz com um fio de voz que m*l dava para se ouvir. —Hum? — pergunto sem acreditar no que acabara de ouvir. —Eu disse que... —Eu ouvi o quê você disse. Mas ele não só chegaria no fim do mês? O quê este homem faz aqui? Penso, mas não digo. Quem sou eu para questionar as decisões do meu chefe? Reviro os olhos em reprovação aos meus pensamentos. —Gabi, hello? — diz despertando-me do meu devaneio. —Ah, me desculpe. —Tudo bem. Só não se esqueça de estar no escritório em uma hora. Ótimo! Bom dia, Gabriela, bem vinda a sua realidade. — Ok Derek, eu já estou indo pra lá. —Sinto muito, querida. Eu também. Penso em dizer, mas acho melhor me calar, não quero deixar o pobre do homem ainda mais aflito. —Tudo bem — digo já encerrando a ligação. —Gabi? —Sim. —Só mais uma coisa. —Estou te ouvindo. - minha voz soa mais impaciente do que eu gostaria. —Não desista do seu trabalho por mais difícil que possa parecer a convivência com o todo poderoso, acredite, o senhor Diamonds pode parecer intolerante, mas ele no fundo tem um bom coração. Ah, realmente, um ótimo coração. - rio com desdém seguido de revirar os olhos. —Tudo bem—  mesmo que estivesse em meus planos, eu não poderia, são muitas coisas envolvidas. E o planejamento da casa própria é um deles, o aumento de salário veio em uma ótima hora, poderei quitar algumas dívidas, dar uma ajuda aos meus pais, minha irmã, e quem sabe no futuro fazer uma MBA em administração. Mas nada disso será possível se eu me atrasar para o trabalho. Eu serei demitida antes de ver a cor do dinheiro. Afasto os pensamentos, eu dou um salto da cama, saio correndo para o banheiro, tiro a minha camisola, jogo-a no chão e a deixo no canto, uma brisa fria adentra pela janela, percorre meu corpo fazendo-o arrepiar, enrijecendo os meus m*****s, eu sigo para o Box, ligo a ducha, me coloco em baixo da água morna que desliza sobre meu corpo como uma gostosa massagem. Lavo meu corpo, ensaboo-o, depilo minhas axilas, virilha e alguns minutos depois eu saio do banho vestida em meu roupão e corro até a cozinha, coloco o pó no coador, ligo a cafeteira e a deixo trabalhando, fervo o leite, coloco os pães de forma na torradeira, a mesa do café está quase pronta com tudo o quê Jonathan gosta: pães, frios, suco, iogurte, cereal e pão doce. Entristece-me não poder lhe acompanhar no café da manhã, mas nada me impede de lhe oferecer um café digno de um príncipe. Mesa arrumada, eu saio da cozinha e volto para o quarto, em passos lentos eu tento fazer o máximo de silêncio possível, sei o quanto Jonathan fica irritado ao ser acordado. Eu visto minha saia lápis preta, cairá perfeitamente bem sobre o meu corpo, moldando as minhas poucas curvas. Visto minha blusa de seda azul, coloco por dentro da saia e calço minhas sandálias de saltos na cor preta. Vou para o banheiro, me fito por alguns minutos através do espelho, não sabia o que fazer com o cabelo, então eu optei por fazer um coque bem preso no alto da cabeça e em seguida início o processo de fazer uma make simples marcando levemente os olhos, e nos lábios um batom na cor nude. Saio do banheiro e vou para o quarto, pego minha bolsa que está na poltrona de descanso, o celular que está no criado mudo e o guardo. Eu vou em busca de um papel e uma caneta, pego próximo ao telefone sem fio. Amor, bom dia, eu quero me desculpar por não poder te acompanhar no café, mas o senhor exigente já está na cidade e fui solicitada por ele para estar na empresa no primeiro horário. Eu sinto muito. Almoçamos juntos? Ligue-me se puder. Eu amo você e tenha um ótimo dia! Deixo-lhe um bilhete ao seu lado na cama, um leve beijo em seus lábios e saio nas pontas dos pés fechando a porta atrás de mim. Saio da estação de metrô, cruzo os braços por cima dos s***s ao sentir o vento frio percorrendo o meu corpo enrijecendo os meus m*****s, marcando minha blusa. Eu constato ao ver meu relógio de pulso que ainda me restam vinte minutos antes de pegar no trabalho. Corro até o café que fica próximo a empresa, como não havia tido tempo para comer, eu pego um expresso e em passos largos sigo o meu caminho para a empresa. Ao chegar a frente ao prédio da Diamonds, o segurança da noite ao me ver aproximar de sua mesa aciona o botão liberando minha passagem. —Bom dia, Gabriela - sorri simpático. —Bom dia, Ricardo, tudo bem? — eu retribuo o comprimento. —Tudo ótimo, e você já tão cedo por aqui? —Exatamente, o dever me chama — sorrio. —Você chegando e eu saindo — sorri solicito — Bom trabalho. —Obrigada! Bom descanso para você — eu sigo adentrando pela recepção que está silenciosa, em passos largos sigo a caminho do elevador, eu me aproximo aciono o botão o chamando para meu andar, ele não demora a vir do estacionamento. A porta de aço inox se abre, meu coração bate acelerado no exato momento em que os meus olhos contemplam o homem a minha frente. Deus, é ele! Com uma mão seguro o meu café e a outra a coloco sobre a porta impedindo que ela se feche. Uma corrente elétrica percorre todo o meu corpo, os seus belos olhos azuis cobalto, penetrantes, duros estão sobre mim. Como um feiticeiro ele me hipnotiza, sem se quer mover um músculo do seu corpo ele me domina, impede que eu me mova. Eu fico estática no mesmo lugar sem saber o quê fazer, como me portar. Estremeço. O senhor Diamonds é ainda mais bonito pessoalmente. Seu corpo másculo coberto pelo fino tecido do seu terno de grife na cor dos seus olhos realça ainda mais a sua beleza. Ele é perfeito. —Você vai ficar parada aí, feito um móvel inútil? — sua voz altiva e arrogante me desperta do meu devaneio, me atingindo como um balde de água fria. Grosso. e******o. —Desculpe senhor, eu, eu pegarei o próximo elevador — sinto as maçãs de o meu rosto aquecerem, envergonhada por me comportar tão imatura diante do meu chefe, eu me viro para sair a caminho das escadas, mas sou impeça pelo homem de mãos firmes que em passos largos e seguros se dirige até a mim, segura meu pulso me fazendo parar. Lentamente ele se aproxima, fico nervosa, engulo em seco, a minha pulsação acelera com a sua aproximação. —Não seja ridícula. -sua voz soa dura. Engulo em seco. O seu corpo está próximo ao meu isso me incomoda— Eu sou um lobo mau, mas não se preocupe, não vou lhe comer, chapeuzinho, a não ser que você me peça — sua voz rouca sussurra ao lóbulo da minha orelha, fecho meus olhos quando sinto seu hálito quente percorrendo sobre a fina pele do meu pescoço, meu corpo arrepia, estremece mexe com algo dentro de mim como nunca eu sentira antes. —Gabriela — sou desperta do meu devaneio ao ouvir sua voz soar o meu nome sensualmente. Ao cair em mim, eu me afasto imediatamente, evito o contato mais próximo, com movimentos bruscos eu me viro ficando de frente para ele. Seu olhar sobre mim é intenso, devorador como um predador em busca de sua presa. Retomo a minha postura profissional. —Não, senhor, eu apenas não quero lhe incomodar. Um sorriso sarcástico e irritante dança em seus lábios. Ele percorre seus olhos sobre o meu corpo por alguns instantes até que ele volte a falar. —Gabriela Johnson — meu nome dança em seus lábios de uma maneira completamente sensual. Ele me observa por mais alguns minutos para por fim dizer — Sobrenome americano? — Eu sou neta de americanos — ele assente com a cabeça em concordância. —Isso não importa — faz pouco caso - Gabriela, é de extrema importância que a senhorita saiba que eu não me incomodo com sua presença ou de qualquer outra pessoa, caso isso me incomodasse eu mandaria construir um elevador privativo. —Eu... — antes mesmo que eu lhe respondesse, ele me interrompe. —Por tanto, eu lhe ordeno que entre agora nesse elevador, nós temos um dia inteiro de trabalho pela frente, e não temos tempo a perder com sua insegurança - ele respira fundo e mais calmo diz: —Por favor — fez sinal com a mão me indicando o caminho em direção ao elevador, eu penso em negar, mas rapidamente eu sigo suas ordens. —Obrigada— agradeço, ele sorri gentil. Que facilidade ele tem em mudar de humor. Depois do tenso almoço em que  estive na companhia de Jonathan que não fez questão de esconder o seu descontentamento por eu não mais dedicar à ele minutos ou horas do meu dia para ouvir lhe falar sobre seu trabalho, eu só queria que ele visse que não é o único que têm se sacrificado para que este relacionamento dê certo, para que juntos possamos conquistar os nossos planos. Mas eu não irei desistir, vou lhe mostrar que eu me importo tanto quanto ele com a nossa relação, e ele sentirá tanto orgulho de mim, de cada esforço e dedicação que tenho feito que a minha ausência seja recompensada com um: "Eu te amo, meu amor." Ao invés de: "Você não se importa comigo, não como antes." Se ele soubesse o tamanho da dor que suas palavras me causam, não as usaria. Em que momento ele se tornara tão ingrato? Respiro fundo. Cansada. Saio do restaurante após ter sido deixada por ele, que fora embora sem se despedir. Ele é tão impulsivo. Sigo às pressas para a Diamonds, eu constato ao olhar em meu simples relógio de pulso que estou atrasada em dois minutos. Droga! Se não me falha a memória, eu me recordo de Derek ser bem claro quando me alertou sobre o quanto nosso querido chefe abomina atrasos. — Oh Deus  —choramingo. Uma bronca vinda do senhor Diamonds é o quê você menos precisa neste momento, Gabriela. Repito pra mim mesma. Desde em que eu iniciei meu trabalho na Diamonds nunca me atrasei, sempre fui cautelosa com esses detalhes, mas agora com esse pequeno feito, eu estou dando motivos para que o meu chefe descarregue sobre mim toda sua arrogância e falta de educação. Reviro os olhos. Assim que o farol se abre para os pedestres, atravesso a Avenida  Paulista desviando do grande aglomerado de pessoas que estão constantemente sobre o cartão postal da cidade de São Paulo. Passo em frente ao MASP, "Museu de Artes de São Paulo Assis Chateaubriand", onde vejo pessoas formando uma fila em frente ao edifício de acabamento simples. O concreto é à vista, piso de pedra-goiás para o Hall Cívico, vidro temperado, suas paredes são plásticas. Os pisos são de borracha preta tipo industrial. O Belvedere é uma linda ‘praça’, com plantas e flores em volta, pavimentadas com paralelepípedos na tradição ibérico-brasileira. Há também áreas com água, pequenos espelhos com plantas aquáticas. A sua arquiteta é uma mistura do rústico ao sofisticado e esse é seu charme. Estive aqui algumas vezes com Diana na época que nós ainda estávamos na faculdade, foram momentos bem agradáveis de conhecimento. Eu sinto muito por não possuir mais tempo como os daquela época em que vínhamos aqui para apreciar as dezenas de exposições de artes que são expostas ali. Bons momentos aquele. Finalmente chego a empresa, cruzo a recepção, que está muito mais movimentado do que o seu habitual, desvio das pessoas que correm de um lado para outro imersas sobre os seus afazeres e sigo a caminho do elevador. Com a chegada do magnata das joias, Richard Diamonds, a empresa não será mais a mesma. Estou há quatro minutos atrasada, constato ao me certificar mais uma vez em meu relógio no exato momento em que adentro o elevador. Céus! —Você está bem, Gabriela? - eu sou desperta do meu devaneio pela voz rouca de Jasmine, uma das ascensoristas que está de plantão trazendo-me de volta a realidade. — Hã? Ah, sim, claro, estou. - digo ao lhe fitar dando-lhe um sorriso amarelo com o canto da boca, em uma tentativa de convencer mais a mim mesma do que a ela. A bela mulher sorri largamente, em seguida assinto com a cabeça. —Então, diga-me, como está sendo para você trabalhar diretamente com o todo-poderoso? — pergunta voltando sua atenção para mim, após acionar o botão do meu andar. Um inferno! — eu penso, mas não digo. Não é ético falar m*l do meu chefe, mesmo quando minha maior vontade é sair gritando para os quatro cantos do mundo o quanto ele é arrogante, cretino, prepotente, m*l-educado, grosso, entre tantos outros adjetivos que facilmente encontraria para lhe descrever, ainda assim manterei o meu profissionalismo. —Er... É bom! — digo e ela me fita com o cenho franzido. Confusa, mas logo sua expressão suaviza um pouco. —Fiquei mais tranquila com você me dizendo isso— agora sou eu quem lhe fita incrédula. —Olha Gabriela, eu vou lhe contar porque eu sei que você é uma boa menina, e assim como eu, detesta fofocas. Mas o quê anda correndo nos corredores da empresa é que o senhor Diamonds é um homem intolerante, bonito, sim, porém, é um ser detestável - arqueio as sobrancelhas surpresa com o quê eu acabara de ouvir. Mesmo concordando com tudo o quê a mulher acaba de listar, ainda assim não acho correto fazer comentários sobre nossos colegas de trabalho. Mesmo que este seja um demônio em forma de gente. Volto a encarar a mulher que me fita com expectativa, eu sei que ela está esperando que eu comente a respeito, mas nada falo, eu me mantenho calada. Eu não quero dar motivos para mais fofocas. — E eu aqui pensando que ele é um demônio — sorri visivelmente aliviada. Ele não deixa de ser. Penso, mas não digo apenas lhe acompanho no sorriso.  —Chegamos — diz assim que o elevador para em meu andar. — Obrigada, Jasmine, tenha um bom trabalho - digo saindo em passos rápidos a caminho da minha sala, mas ainda lhe ouço dizer: —Igualmente! Adentro minha sala e me dirijo até minha mesa, onde uma grande pilha de papéis contendo alguns dos projetos de Julius, serão analisados por Richard, estão, vou em busca do mais importante projeto segundo suas palavras, do qual o competente designer me deu a missão de entrega-lo ao senhor Diamonds para que ele possa assim analisar na primeira oportunidade e se possível aprova-lo para a confecção. Pego a pasta com o projeto e saio a caminho da sala do magnata. Eu só espero que ele não esteja aborrecido. Paro em frente a grande porta branca com seu nome imponente estampado em uma grande placa em prata, essa toda áurea que ele carrega de homem poderoso faz despertar em mim sensações que nunca senti por ninguém antes, o meu corpo é acometido por uma corrente elétrica, um misto de sentimentos me toma, fascínio, admiração, fazendo todo o meu corpo estremecer em resposta. Respiro profundamente e mando meus pensamentos pecaminosos para longe, me sinto culpada por trair Jonathan, mesmo que não seja em atos consumados. Respiro fundo. Com os meus sentimentos controlados, dou duas leves batidas na porta, e espero por alguns segundos até que ouço sua voz levemente roca e autoritária autorizando minha entrada. —Entre. Giro a maçaneta, não tão certa de que era realmente isso que eu gostaria de fazer, adentro a sala que me empenhei em organizar para recebê-lo e um sorriso largo de satisfação rola sobre os meus lábios ao constatar que fizera um ótimo trabalho. O ambiente é um silêncio gutural, percorro os olhos sobre a sala a sua procura, mas não o encontro. De onde veio a sua voz? Penso em tomar o caminho de volta, porém, mais uma vez eu ouço sua voz imponente soar. —Deixe os documentos sobre a minha mesa — dou um pequeno passo para trás com o susto. — Deus — sussurro. Levo as mãos ao peito engulo em seco ao ver meu chefe parado diante das enormes janelas de vidros contemplando a vista ensolarada da cidade. É uma linda imagem da sua silhueta de contra a luz ensolarada, mais parece um lindo quadro pintado pelo mais renomado pintor. Está com as mãos uma de cada lado dentro dos bolsos da calça, seus músculos sobressaltam sobre o tecido da camisa branca, um colete cinza que faz parte do conjunto de terno molda seu belo corpo. Tem algo nele que mexe comigo e eu ainda não consegui distinguir, mesmo o achando um e******o, não posso deixar de sentir. É mais forte que eu. —Cla... Claro— gaguejo. Em passos largos eu me dirijo até a sua mesa, nervosa, pulsação bastante acelerada. Organizo o projeto em ordem de criação, desde esboço da joia até os valores de custos que a sua produção custará, lucros... Em seguida eu entrelaço minhas mãos a trás das costas, me afasto. —Senhor Diamonds, o senhor precisa de mais alguma coisa?  —pergunto solícita, mas não controlo minha voz que soa ridiculamente falha. —Sim, eu preciso de você, estar com você. E acredite isso tem sido a p***a de um inferno pra mim, feiticeira. Meu coração falha uma batida. Será que foi realmente isso que eu ouvi ou estou alucinando? Ele se vira elegante, o seu olhar sobre meu corpo não condiz com o tom de voz que se dirigiu a mim, é duro, frio, carregado de sentimentos que a minha falta de familiaridade com ele impede que decifre. Engulo em seco. —Eu estou aqui, Senhor — minha voz sai como um fio. —A senhorita está realmente aqui, senhorita Johnson? — seu maxilar está cerrado, é visível sua irritação. —Eu precisei da senhorita há alguns minutos atrás e você não se encontrava na empresa. - desliza a sua língua sobre os lábios umedecendo-os. —Eu estava em... - antes mesmo que eu lhe explicasse o motivo da minha ausência, ele me interrompe. —Não me interessa o quê você faz fora da empresa, senhorita Johnson, mas eu exijo que a senhorita esteja sempre disponível para quando eu solicitar sua presença na minha sala. —Senhor Diamonds, eu sai para fazer o meu horário de almoço, e... —Com permissão de quem? — diz entre os dentes. —Senhor, nesse tempo em que eu estou na Diamonds, eu sai para almoçar sempre no mesmo horário, eu pensei que não haveria problema algum e... —Você não é paga pra pensar, senhorita Johnson — suas palavras fizeram com que eu me sentisse humilhada. Engulo um nó que se formaram em minha garganta, lágrimas marejam os meus olhos. Baixo minha cabeça o gosto amargo das palavras não ditas estão em minha boca. Como eu gostaria de lhe dizer algumas verdades, mas não posso, não posso perder este emprego. —A partir de hoje a senhorita irá me comunicar todos os seus passos desta empresa, você não sairá sem antes me comunicar — Mas o quê é isso? Uma penitenciária? O quê ele pensa que está fazendo? —Eu... —Espero que eu tenha sido claro. —Está bem, senhor, me desculpe — minha voz soa embargada. —Agora saia, se recomponha e quero a senhorita de volta à minha sala em cinco minutos, não se esqueça, eu não tolero atrasos. —Claro. Com sua licença — peço em seguida de sair às pressas fechando a porta atrás de mim. Eu odeio esse homem, e o odeio como nunca pensei possível odiar alguém na vida. Meu Deus, eu não vou suportar por muito tempo, eu não vou suportar ser humilhada todos os dias. —Gabi? — passo pela recepção a caminho do banheiro ignorando ao chamado de Derek. Entro no pequeno cômodo, fecho a porta e encosto minhas costas sobre ela, eu sinto um grande aperto no coração e um desejo enorme de mandar tudo para o ar e ir embora deste lugar. Já estou há algum tempo na empresa e nunca me senti tão humilhada, nem mesmo quando mamãe me menosprezava na frente de outras pessoas. O quê tem de errado com o quê há em mim que as pessoas me odeiam? Soluço. Alguns minutos depois batidas na porta me despertam do meu devaneio. —Gabi, querida, abra a porta —Derek — Gabi, por favor, estou ficando preocupado, abra a porta. —Eu já estou saindo — fungo. Após alguns minutos de insistência, eu decido por fim abri-la, mas antes lavo o rosto, seco da maneira que posso com o papel toalha, eu passo a mãos sobre a minha saia alinhando-a, respiro fundo em seguida abro-a. O meu olhar encontra o do meu amigo que me fita com uma expressão de pena. —Não, eu não preciso disso agora, Derek — passo por ele a caminho da minha sala, lhe dando as costas. -Gabi, espere me desculpe, não foi a minha intenção — ele me segue. —Tudo bem, Derek, não tem importância. Ele me alcança, segura o meu braço antes mesmo que eu atravessasse a porta da sala, me fazendo parar. —Eu me importo. Eu me importo com você — ele me fita dentro dos olhos, e diferente de alguns colegas do meu trabalho, eu vejo sinceridade dentro deles. Eu engulo em seco. Lágrimas inundam os meus olhos. Ele me envolve em um abraço confortante. —Eu sei que os dias não serão os dos mais fáceis, mas eu sei que você é uma garota forte e vai superar todos eles — antes dele se afastar, deixa um beijo em minha testa, desliza os seus polegares sobre meu rosto secando minhas lágrimas. —Não tem problema chorar de vez em quando, não tem problema sentir vontade de jogar tudo para o alto e querer ir embora, se você quer fazer isso, faça, mas não deixe ninguém destruir os seus sonhos — fita a minha aliança sobre meu dedo. Um sorriso sincero de felicidade nasce em meus lábios. —Foi neste fim de semana - mordo meu lábio inferior e um largo sorriso volta a se formar em meus lábios. Jonathan. O meu Jonathan. —Meu Deus, como você não me disse nada? Conte-me os detalhes enquanto você refaz a sua maquiagem, você está péssima — rimos. Ele volta a me abraçar. —Eu preciso voltar para a sala do senhor Diamonds. —Primeiro acho melhor você se recompor, depois você pode voltar ao trabalho. Eu decido seguir o seu conselho, ele conhece o senhor Richard há mais tempo que eu. Percorro os olhos rapidamente sobre as janelas do meu chefe e agradeço aos céus por suas persianas estarem fechadas.                
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