Capítulo 7

1559 Palavras
— Ficou maluca? — Kelly reclamou depois de ouvir os relatos de Gisele, enquanto elas compartilhavam uma mesa no refeitório com as mais duas humanas. — Eu estava nervosa! — Gisele tentou se justificar. — E todo mundo sabe que eles comem os humanos depois que chegam para cá. As meninas se entreolharam, piscaram sem entender e a olharam de volta enquanto ela enchia a boca de comida. Giselle possui os cabelos claros, longos e estatura mediana. Ela tinha belíssimos olhos claros, mas a inteligência de um pombo recém nascido. — Não leu os relatórios, os testemunhos de Elaine e a proposta de Starian? — Gisele deu de ombros com os argumentos da cientista Kelly. — Você falou essas coisas baseado em jornalismo deturpado, misticismo e preconceito. O nosso treinamento foi de adaptação, não de histórias noturnas onde os Starianos brincam de filmes de terror. — Fomos treinadas em duplas. — Meredith, uma jovem ruiva com piercing e cabelos avermelhados tentou interceder por Gisele. — Tínhamos um instrutor engraçadinho que fazia piadas de como seríamos rasgadas assim que chegássemos em Starian. Nunca conseguimos discernir a brincadeira da verdade. — E porque não disseram nada? — Kelly arregalou os olhos. — E vamos fazer o quê? — Meredith retrucou enquanto as outras comiam observadoras. — A gente já tinha sacado que tinha algo errado com as outras desistências. — É um boato. — Kelly defendeu a tese. — Todo mundo pode voltar para casa! — Você conheceu alguém que realmente voltou? — Kelly se calou com a outra colega. — Algumas meninas saíram e pedimos contato, mas sempre havia uma desculpa diferente. — Estavam viajando, largaram a faculdade e mudaram de cidade, mudaram de país… — Gisele complementou. — Ninguém conseguiu contato real. Ninguém realmente voltou para casa. Só restou Starian. A mulher de cabelos negros, Brisbeh, respirou fundo, pegou o caldo esverdeado com bolotas brancas e o sorveu. Ela parecia gostar da comida de Starian, mas tentou soar positiva. — E aqui está sendo melhor do que qualquer lugar. Estão nos tratando como princesas! — Ela deu de ombros. — Não acho que as histórias de terror sejam reais. E você está viva, Gisele. Nenhum humano tentou te salvar. Gisele vestia uma roupa branca que circulava todo seu corpo, mas havia um detalhe precioso como um véu dourado que prendia em seus ombros. Aquilo deixava o traje belíssimo. Ele mantinha, de alguma forma, a pressão humana regulada e liberava componentes químicos de tempos em tempos para a adaptação da quarentena. De três em três horas elas tinham que fazer um check-in e passar o pulso metalizado em qualquer posto de identificação. As humanas não tinham restrições, desde que não passassem o espaço da quarentena. Respirar o ar direto de Starian podia gerar suas mortes se não passassem por todo o processo primeiro, mas no resto Brisbeh tinha razão. Estavam sendo tratadas como rainhas. Após o almoço, elas saíam para a área de descanso, onde algumas estavam deitadas no chão, mexiam com flores, liam livros e jogavam jogos em aparelhos digitais. A área mostrava o céu de Starian através de uma forte vidraça reforçada, havia bancos, flores e espaço e tocava uma música ambiente como um espaço semelhante com uma área de lazer de um shopping. Gisele notou que eles tentavam deixar o ambiente o mais humano possível, mas sempre tinha um Stariano de antenas circulando, um robô passeando e soldados nos cantos estratégicos vigiando. Era uma prisão, ao mesmo tempo que lhe parecia uma prisão segura. Talvez não fosse difícil se acostumar… E quando pensou isso, Uma porta ao final do espaço fora aberta, com três Starianos fardados. Um azul Gigante, um arroxeado grandão e Darius. Diferentes do soldados do espaço interno que se vestiam de branco e não pareciam portar armas pesadas, o Azulado tinha um machado acoplado atrás de suas costas e vestia a mesma farda que Darius. Preto e dourado. Darus tinha em suas coxas coldres carregados e o gigante arroxeado parecia ter um r**o e não portava nada em suas mãos. Quando eles entraram, algumas garotas se movimentaram e tomaram a atenção das meninas que estavam com Gisele. — Darius! Pego de surpresa, o trio de Gigantes diminuiu o passo e olhou para trás ao se verem alcançados pelas moças. Elas imediatamente sorriam, tocaram em Darius e em seus braços, o chamaram de gigante bonito e uma delas até piscou para ele dizendo que o amarelo era sua cor favorita. Gisele levantou as sobrancelhas, as outras meninas a cutucaram e riram. Darius se mostrou extremamente surpreso e sem graça, principalmente quando foi chamado de herói. Volks deu um passo adiante, assim como Rexor e ambos olharam o Gigante dourado todo sem graça enquanto um trio de mulheres perguntavam coisas óbvias como, você treina? Quantos quilos de peso você consegue levantar? Quantos metro você tem? A quanto tempo é militar? — Que bando de idiotas… — Gisele murmurou e tomou a atenção de Volkon e Rexor. — Porque não vai lá falar oi para o seu herói. Você não disse que precisava agradecer? — Meredith cutucou. — Ele parece um rockstar koreano com aquelas argolas nas orelhas, mas um pouco grande e amarelo. — Eu já agradeci. — Gisele resmungou. — Não vão salvar o amigo de vocês? — Kelly falou altiva, enquanto Volkon pesava o olhar sobre a mulher. — Ele não me parece muito confortável. — Darius! — Rexor olhou para trás com divertimento, enquanto o Goldarx tentava andar adiante. — Eu… eu… eu sinto muito. Eu… Eu preciso ir. — Ele teve um certo trabalho para se desviar do aglomerado de mãos que o tocaram, e saiu arrumando o uniforme enquanto se colocava ao lado dos amigos e Rexor sorria mostrando as presas. — Eu… O quê? — Ele pigarreou perante o olhar julgador. — Vão para as profundezas de Starian, os dois. Darius saiu pisando em passos fortes, não olhou para Gisele, mas ela observou a estatura gigante andar até atravessar o campo e sumir na outra porta. E Meredith, observadora, cochichou em seu ouvido. — Ele realmente é um Stariano bonito. Será que “a outra parte” condiz com o tamanho deles? — Gisele apenas fez uma negativa, e suspirou se recordando de tê-lo visto quando acordou na espaçonave, um segredo que ela guardaria somente para ela. — O que será que irão fazer? — perguntou Brisbeh. — A compatibilidade final. — respondeu Kelly, enquanto elas olhavam curiosa para a mulher. — Gente, eu estou em processo de adaptação mas eu vim trabalhar, assim como a Elaine. Então eu sei de algumas coisas. A nossa quarentena está terminando, e os pares vão ser definidos. Darius é o primeiro da fila. E Gisele engoliu devagar, olhou para o grupo de meninas que davam risinhos enquanto ouvia o nome “Darius” entre elas. Um frio na barriga a percorreu, mas ela preferiu não se importar. (...) Gisele não conseguiu dormir. Seu quarto tinha uma porta pequena para um banheiro privativo, uma cama de solteiro alta, com um armário útil abaixo de si. Ela tinha ali livros, trajes e os poucos pertences que pôde trazer da terra. Para dormir, o traje era mais fino, e por cima dele havia várias camadas de panos ao redor para que não pudesse ser notado a transparência da roupa. Ela se sentia quase uma indiana futurista, mas a roupa lhe caia bem. Sem sono, ela se perguntou se podia sair lá fora, pois não havia nenhuma cláusula que restringisse isso. E curiosa, desceu da cama, de pés no chão e abriu a porta. Um soldado à sua esquerda apenas olhou para o lado, lhe deu um breve aceno, mas não ordenou que entrasse. Assim que ela deu um passo adiante, a porta se fechou e Gisele passou a caminhar pelo corredor de alojamentos da quarentena. Havia muitos quartos vazios, mas pelo que soube iriam enchê-los. No entanto, quando Gisele caminhou despreocupada e fez a curva no corredor dos quartos, se deparou com algo que não esperava. Dois Starianos uniformizados com os trajes brancos estava colocando o corpo de Kelly dentro de uma bacia gigantesca e cobrindo com panos. Porém, ela fez a curva despreocupadamente, o que deu tempo dos Starianos levantar os rostos e vê-la por inteiro. Gisele não pensou duas vezes, virou as costas para correr e berrou a todos os pulmões. Um tiro bateu contra a parede assim que ela virou e os guardas que estavam realmente a trabalho correram em sua direção para socorrê-la. Um a cobriu com o corpo, o outro trocou tiros com o Stariano da rebelião. Ele foi facilmente abatido, mas os gritos criou um chamado de alerta, o espaço piscou com luzes vermelhas e a trava acionou a segurança das humanas imediatamente, trancando as portas e baixando portas de aço para mantê-las em segurança. Mas Gisele havia levantado a noite, e estava na linha de tiro. Tudo o que ela fez foi fechar os olhos, cobriu sua cabeça com os braços e sentiu arrepios de medo com o corpo do Stariano gigante a cobrindo. O barulho dos tiros a assustou, junto ao alerta vermelho e a voz inteligente que dava os comandos. Gisele estava apavorada. — Darius! — Ela berrou com toda sua força, chamando pelo único Stariano que nunca lhe causou uma gota de medo em sua vida.
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