POV de Drakkar
Dia atual
Entrar no leilão foi como entrar no núcleo apodrecido de tudo o que eu desprezava em meus quinhentos anos de caminhada nesta terra. A sala era grande e o ar estava saturado de perfume, suor e o fedor almiscarado de lobos que se esforçavam demais para mascarar o animal sob a pele.
As conversas zumbiam, todas elas ansiosas para se dedicar à "mercadoria" desta noite.
Eu me acomodei em um assento no fundo, minha máscara preta escondendo cada característica. Ninguém aqui sabia quem eu era: o Rei Alfa.
Romeo havia me forçado a vir, para pegar alguns escravos humanos para "aquecer minha cama". Eu odiava os humanos pelo que eles fizeram comigo séculos atrás, mas a maldição que se enrola dentro de mim como arame farpado não se importa com o ódio.
Ela quer.
Ela se alimenta.
E não importa o quanto eu tente lutar contra ela, Sorvane sempre vence. A voz do demônio se curvou em minha mente. "Você os vê, não vê? Suaves, quentes..."
Cerrei a mandíbula, ignorando-o, mas meu olhar se desviou para a frente, onde os humanos estavam alinhados em uma plataforma elevada.
"Seus olhos parecem perigosos com essa máscara", uma voz ronronou ao meu lado.
Eu me virei ligeiramente, captando o contorno tênue de uma mulher, um lobisomem, pelo seu cheiro. Ela se inclinou, seu vestido era um sussurro de seda preta que se agarrava a cada curva.
Seus lábios eram vermelho-sangue, pintados como se ela quisesse que alguém os rasgasse. "Você se senta aí como se fosse dono de todos nesta sala", murmurou ela, inclinando a cabeça apenas o suficiente para que o perfume em sua garganta penetrasse em meus sentidos. "Você é?"
Fiquei olhando para ela por um longo momento.
Ela sorriu, pensando que eu estava fazendo um jogo perigoso. Mas a verdade era pior. Eu não estava pensando nela. Estava pensando na facilidade com que poderia pegar sua garganta com a mão e sentir a vida sangrar para fora dela.
Não porque eu quisesse, mas porque Sorvane desejava isso. "Pegue-a. Quebre-a."
Humanos. Lobos. Não importava. Todos eles eram combustível. E esta noite, eu me alimentaria, porque a fera dentro de mim nunca me deixa dormir, a menos que eu o faça.
A máscara escondeu minha expressão, mas senti meus lábios se contraírem em algo que não era bem um sorriso.
Depois da guerra, nunca mais fui o mesmo. Havia uma doença em mim, uma fome que nenhum sangue ou banquete poderia acalmar. Ela me corroía por dentro, apertando-se mais a cada noite, até que pensei que enlouqueceria.
Lembro-me da primeira vez que toquei em uma mulher após o derramamento de sangue. Ela era jovem, radiante, sem saber do monstro que eu havia me tornado. Eu a levei para minha cama, pensando que poderia sentir algo normal novamente. Que talvez se eu enterrasse a fera dentro de mim sob o suor, eu me lembraria de como era ser apenas um homem.
Mas no momento em que eu estava dentro dela, senti as garras de Sorvane se afundarem ainda mais. Ela arfou, mas não de prazer, e seu corpo ficou rígido e depois mole, mesmo quando eu ainda estava me movendo dentro dela. Quando acabou, ela estava morta.
E, que os deuses me ajudem, eu me senti alimentado.
Fiquei olhando para seu corpo sem vida e não sabia se deveria vomitar ou gritar, mas Sorvane ronronou.
"Talvez seja a maldição. Talvez a deusa da lua esteja irritada com você", disse Romeo, meu Beta, na primeira vez que isso aconteceu.
Mas eu não acreditei nele. Tentei novamente, com uma loba guerreira forte o suficiente para me enfrentar. E ela também morreu.
Quando tentei resistir, para parar de alimentar essa... coisa dentro de mim, aprendi o preço. A dor veio sob minhas costelas, até que pensei que meu coração sairia do peito. Um castigo por negar a Sorvane o que ele desejava.
Foi quando entendi que ele não era apenas uma maldição.
Ele era eu.
Sorvane não falava a menos que estivesse com fome. "Eu poderia comê-la inteira. Apenas me deixe entrar, Drakkar." E eu cedia, pois, se não o fizesse, a fome me destruiria por dentro.
Tive de comprar escravas (mulheres que acabariam em minha cama e morreriam) só para que Sorvane pudesse devorar a energia que ele desejava.
Certa vez, Romeu me disse: "Se você encontrar uma mulher cuja energia seja igual à de Sorvane, ela poderá sobreviver a você". Eu queria acreditar nele. Talvez fosse por isso que eu estava aqui esta noite, na esperança de encontrar uma mulher com um pulso forte o suficiente para me impedir de matá-la.
Tornar-me uma fera s****l foi o preço que paguei por libertar um demônio, e não havia como voltar atrás.
"O leilão vai começar agora!", a voz do locutor ecoou pela sala e, de repente, as luzes se apagaram e as conversas morreram.
Eu me inclinei para a mulher loba sentada ao meu lado, sentindo o cheiro de seu perfume, doce demais. "Falaremos depois do leilão", eu disse em voz baixa, meu olhar ainda no palco.
Mesmo quando eu disse isso, eu sabia. Uma olhada em seu pescoço fino, o pulso delicado batendo sob sua pele, me disse que ela não sobreviveria a mim. Ela morreria com seu último orgasmo interrompido, e Sorvane nem mesmo ficaria satisfeita.
Um único holofote se acendeu, inundando o palco com luz branca.
Cinco garotas humanas foram empurradas para a frente. Todas estavam nuas, mas nenhuma delas se esquivou. Algumas até andavam com uma graça estranha, com seus corpos à mostra: s***s grandes e quadris largos.
Recostei-me em minha cadeira, examinando seus rostos, seus movimentos, as sutis oscilações de energia no ar, mas nenhuma delas me atraiu. "Patético", sibilou o demônio no fundo da minha mente.
Minha mandíbula se contraiu enquanto eu me forçava a respirar uniformemente, mas eu podia senti-lo se mexendo.
"Isso vai satisfazê-lo na cama e, o mais importante, eles são excelentes brinquedos!", anunciou o homem robusto.
A multidão de homens irrompeu em murmúrios. Eu podia sentir o cheiro de sua luxúria no ar, pois a maioria deles já estava excitada com a exibição de carne nua.
"Que comecem os lances!", ele gritou, apontando para a primeira garota. Uma loira.
Ela era a mais dotada das cinco, com s***s fartos que pareciam implorar por atenção, sua pele brilhava sob a luz forte. Quando ela se virou, mostrando sua b***a perfeitamente arredondada, a sala rugiu de aprovação.
"Vocês podem ver como ela está linda", continuou o leiloeiro com um sorriso. "Esta é Seraphina, um dos melhores brinquedos sexuais que você poderá encontrar. Ela o servirá bem e lhe dará o melhor prazer que você já teve!"
Oh, ela chamou minha atenção.