Eu olho para a frente, ignorando-o.
Não quero dar a ele a satisfação de ver as minhas lágrimas.
O carro dá uma guinada na estrada, indo em direção ao que só posso presumir ser um lugar pior do que aquele de onde acabei de sair.
Sempre presumi que a morte do meu pai me libertaria um dia.
Acontece que era apenas a ilusão de uma garota ingênua demais, com sonhos que nunca vão se realizar.
Papai está morto agora, o próprio Arte disse isso.
Mas não sou livre, nem nunca serei se permanecer neste mundo tóxico de violência e poder. A única maneira de ser feliz, a única maneira de proteger a criança no meu ventre... é partir.
Quero fugir.
Não sei como ou quando isso vai acontecer. Eu sei que não será fácil.
Mas eu sei que tenho que tentar.
Depois de meia hora de viagem em silêncio, paramo
