Muralha narrando Eu tava com o ódio engasgado na garganta, remoendo tudo que tinha falado ali no carro com a Bárbara. Minha mente corria como um motor desgovernado. Eu não conseguia parar de imaginar se a minha mãe já tinha trombado a mãe da Mariana antes, se houve algum encontro, uma discussão, um confronto. Algo ali não fechava, algo no jeito das duas, no silêncio carregado, na tensão que ficava no ar. Eu sabia da fama da minha mãe, todo mundo sabia que ela não era uma mulher fácil de lidar, mas o que me corroía era a certeza de que existia mais. Existia um segredo, um atrito antigo, e agora, sabendo que ela já tinha consciência da existência da Mariana e mesmo assim nunca abriu a boca pro meu pai, isso me deixava fora de mim. O ódio fervia. A decepção comia meu peito. A raiva acumul

