Barbara narrando Dizem que quando a gente tá pra morrer, tudo passa como um filme diante dos nossos olhos. E eu confirmo: passa mesmo. Cada cena, cada detalhe. Não só as coisas boas, mas tudo que te moldou, tudo que te doeu, tudo que te trouxe até aquele ponto. E ali, caída no chão com os tiros estourando perto demais da minha cabeça, eu me vi criança de novo. Me vi na sala da nossa casa, jogando travesseiro no meu irmão, enquanto a minha mãe ralhava da cozinha. Me vi fingindo que era lutadora, aplicando os golpes que eu via no YouTube em cima dela, com meu irmão rindo alto no sofá. Era uma memória quente, viva, real… contrastando com o frio cortante da calçada e o medo latejando dentro de mim. E aí, entre a fumaça dos pneus e o breu dos faróis, eu vi ele. Muralha. O gigante. A p***a

