Piratas

1297 Palavras
Ao porto de Fenit eu cheguei a cavalo e era uma noite tempestuosa e cheias de raios e trovões e uma fina chuva. Eu estava congelando. Negociei o meu cavalo por moedas de ouro e pelos bons tratos do ser foi fácil vendê-lo. As ondas se quebravam violentamente contra as rochas e contra o cais. E eu podia ver as gigantescas embarcações ancoradas ao cais apesar de não poder ler seus nomes por não conseguir enxergar pela falta de visibilidade da agora torrencial chuva e a falta de lamparinas naquela parte. Esse cavalo não era Traiden. O meu estimado cavalo que vi nascer, mas ainda sim não era fácil a separação. Com uma calça de couro, botas do mesmo material e uma camisa bufante, ninguém podia definir meu sexo porque havia cortado meu cabelo novamente, e a presilha de Kalahan mesmo a carregando comigo em meus pertences não podia ser usada, assim como o broche de Dragomir com emblema de Fedrer que era o dragão dourado e o anel de dragão e com pedrinhas de rubi nos olhos que pertencia a Iker guardados na caixinha de madeira que pertenceu a mãe de Iker. Nessa viagem eu não abriria mão de nenhuma dessas joias. Mas o pequeno báu que trouxe comigo sofreria as consequências sem dúvida. Limpei minha visão. A geografia do reino já me era conhecida. Ninguém soube realmente que era realeza com quem tratava. Caminhei pelo mercado com cheiro de peixe podre, maresia e rum. Lamparinas em postes alto de madeira faziam a iluminação a noite lembrando-me vagamente do meu mundo apesar de ser fogo e não eletricidade. Caminhei até uma taberna disposta a persuadir algum dos marujos, capitães ou até mesmo piratas a me ajudar a chegar até Gardênia pelo ouro. Eu estava procurando alguma embarcação que pudesse me levar a Gardênia. E qual não foi minha surpresa ao ver Cafeus bebendo animado e com uma prostituta no seu colo. Sua pele n***a que parecia reluzir, enquanto bebia com a tripulação. A jovem moça de não mais de dezesseis anos em seu colo me deixou enojada. Eu usava um capuz. Eu ia evitá-lo por ele me conhecer, mas a mão dele me parou. E os olhos dele me fitaram incrédulo. — O que uma jovem rainha faz num lugar como esse? — Murmurou ele só para mim parecendo em choque. — Não envelheceu um dia. — Constatou assombrado. — Ouvi dizer de uma rainha guerreira feroz nos campos de batalha, de uma que diminui os impostos dos homens do mar e só exigia peixes como pagamento para alimentar a população dos mais pobres. E pensar que eu te ensinei também a lutar com a espada. Outro tipo de dança. A que seus companheiros desconheciam. Eu te ensinei a ser como água impossível de se capturar, deslizante e a ser como o mar indomável e desconhecido. Meus olhos se encheram de lágrimas. Mesmo se passando todo esse tempo ele se recordava de mim, de minha fraca figura e tão fraca. Ele tirou a prostituta do colo e se levantou. Ele pareceu reconhecer em meus olhos que não era para se curvar e apenas me puxou para um abraço. — Seja lá o que veio fazer, pequena rainha. Tem minha ajuda e a de minha tripulação. Nós te agradecemos por derrotar Serper e o Kraken. — Eu senti sua falta. — Consegui dizer feliz que alguém dos que torcia por mim ainda existisse. Em minha história contada por Verne em a Escolhida da Fênix pouco detalhes da minha aventura marítima foi contada porque ele queria ir direto ao ponto do registro, mas eu tinha um grande respeito por Cafeus apesar de não aprovar a pirataria, ele era meu amigo. — Mesmo que viva à margem da lei, sempre fiz vista grossa nesses vintes anos. — Sei disso. — Cafeus me alertou. — Ainda tornou Fenit um dos melhores portos piratas. Rum sem medidas, a população não nos destrata e em troca a fornecemos peixes. Meus homens e eu temos o acordo de apenas pararmos para descansar aqui e nunca saquearmos nada por respeito a rainha escolhida pela Fênix. O que precisa Demetria? — Gardênia. — Murmurei sem me compreender. — Pode me levar até lá. Eu tenho ouro. Ele tomou o saco de ouro da minha mão brutalmente como era de se esperar e analisou o peso vendo que era justo e sem averiguar se era mesmo ouro como fez da primeira vez com Kai e assentiu com a cabeça. — Quando devemos cruzar as lágrimas de Geena? — Me perguntou. —Hoje não há bom agouro. Mas amanhã se o céu estiver límpido... —Amanhã se possível. — Eu consegui dizer. — Amanhã Demetria. Descanse e se prepare. Amanhã partiremos para o local cheio de histórias de sobre como você derrotou a escuridão. Derrotei? Engraçado que mesmo assim ela parece me consumir. Me dominar. Me fazer não ter um minuto sequer de paz. Pelo menos até agora. — E como eu perdi tudo o que amei. — Eu deixei a amargura escapar. Ele tocou meu rosto compreensivo. — Arranje um quarto e durma pequeno rapaz. — Ele disse em alto e bom tom para seus colegas. — Amanhã esteja no cais as cinco. Estaremos te esperando para zarpar e te levar ao seu destino. ... O céu estava límpido mesmo que tons escuros brigassem contra seus raios na hora em que paguei a hospedaria e fui ao cais e finalmente o nome do navio dele fez sentido para mim: O Lamento da Rainha. Eu deveria ter adivinhado. Ele estava velho, novamente o vendo na direção do barco, algo que parecia uma provação para mim. O Lamento da Rainha. É sério? Uma barriga de rum se formava no que antes era seus poderosos músculos. Seus olhos âmbar e belos continuavam marcantes. Eu abaixei o capuz incapaz de dizer uma palavra e o abracei grata por um velho aliado permanecer vivo. Cafeus novamente havia cedido lugar a mim em sua embarcação. Dessa vez, coincidentemente ou não foi nos portos de Fenit que nos encontramos. Ele me cumprimentou se curvando e eu apenas ignorei o cumprimento dele. — Sabe que não precisa o fazer. Sabe que eu nunca quis o trono... — Eu revelei como da última vez que estivemos juntos em que Fedrer, Iker e Kai, Gaia e Werreck ainda estavam aqui. — A rainha mais contraditória de toda Tretagon. — Caçoou ele de mim. — Sabe que nem todos os reis e rainhas são como você. Há intrigas na corte. Coisas inimagináveis. Seu tio matou ao pai de vossa majestade descaradamente. Mas há outros que não tem a mesma coragem petulante e agem por debaixo dos panos. Não sei o que é pior, um inimigo declarado ou a própria família brigar por um reles trono. Poder sempre atraí desgraças. Seu marido é a prova disso. Ele era impetuoso. Ele e o dragão. A maneira que o conheci ao seu lado não tem nada com as histórias do príncipe sanguinário e do dragão conhecido como temor da noite. Gaia o temia. E com razão. E Kai, o rei dos deuses da carnificina... os conseguiu como aliados, mas eram monstros desumanos quando matavam antes de resolverem a seguir . — Eu sei. — Senti essa dor no meu peito. — Ele amava poder aquele seu príncipe. Foi uma dura lição seu tio ter tirado Dragomir dele. Mas algo que o tornou mais piedoso e menos arrogante. É Demetria tudo o que você tocava tinha a tendência a querer se tornar algo melhor. É uma pena que não possa tocar em si mesma. Porque você está horrível. Parece um cadáver ambulante de Serper. — Cafeus. — O repreendo. — É só a verdade. E a verdade tende a ser cortante.
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