Pré-visualização gratuita Coroação
POV DEMETRIA
A coroação de Fedrer foi melhor do que eu esperava. Os nobres o aceitaram. O povo sempre o viu comigo e também compreendiam que ele era meu herdeiro. Ele vai ser querido porque eu o ensinei tudo o que tive que aprender a duras penas sobre economia, agricultura, estratégias de guerra e todo o resto. E também o que aprendi sobre misericórdia, perdão, respeito e amor. Contei a ele como Alexander morreu para me ajudar a derrotar Serper porque pareceu o certo. Odiar o pai, não me fazia odiar o filho.
No protocolo eu ainda era rainha, a rainha regente. Mas o título oficial de rei já o pertencia. O salão da coroação, se assemelhava a uma capela cristã, apesar de não ser a cruz, mas a Fênix e os ritos de purificação e de meu filho ajoelhado enquanto recebia a coroa abençoada pela Fênix, através das mãos de Verne também eram algo que se assemelhava ao que eu assistia pela televisão no mundo de onde eu vim. Verne conduzia a cerimônia de benção com maestria.
Meu filho prestou o juramente solene como eu uma vez o fiz ao receber minha coroa:
— Reinarei com sabedoria, amor, bondade e misericórdia. Pelo sangue de meus ancestrais honrarei o trono e pela Fênix serei um rei justo e benevolente. Que meus olhos sejam sempre para enxergar a justiça, minha boca para proferir a verdade e que minhas mãos sejam para canalizar o divino e abençoar nosso povo.
Ah, a minha lembrança ajoelhada ali, também encarando o mago do dia que me abençoava e a Fênix intimidante! Deus do céu. Como são as coisas. Uma órfã era a rainha de um mundo perdido. Interessante e assustador pensar que com meus dezoito anos tive que aceitar meu destino e agora com trinte e oito, eu não envelheci nada.
O local era exorbitante, tinha paredes douradas, piso de mármore branco com detalhes dourados em forma de Fênix. Mesmo nosso povo não sendo tão exagerados no ouro quanto Ratifar ainda era uma infraestrutura impressionante.
Estava cheio de nobres, de representantes dos outros sete reinos que trouxeram sua comitiva e presentes. E havia alguns alguns burgueses distribuídos em bancos de madeira e cadeiras com acolchoados dependendo da posição em que estavam na nobreza. Havia um ligeiro espaço no meio do salão, que foi o caminho pelo qual Fedrer e eu adentramos a câmara de cerimônias. A Fênix de ouro gigantesca recebendo com suas asas abertas o novo rei.
Eu apenas queria sair daqui. Todavia a visão de meu filho com a coroa me deixou emocionada. Os nossos súditos ficaram de pé e bradaram:
— Viva o novo rei. Que a Fênix salve o novo rei! Viva o rei.
Os olhos hesitantes de meu filho se encontraram com os meus. Movi a cabeça para ele saber que eu estava orgulhosa. E os olhos dele se encheram de lágrimas, possivelmente, por compreender que esse era meu adeus. Tão sensível esse menino. Tão bom esse meu filho. Eu queria me gabar de ter sido uma boa mãe com Iker, queria que ele visse que nossos filhos seriam assim. O príncipe i****a e arrogante sempre pareceu me subestimar! Aquele maldito príncipe prepotente e i****a! Droga. Meu coração vai se despedaçar e a minha visão está começando a ficar turva pelas lágrimas. E aqui está, este que considero como meu filho e dele, e, cujo nome pertence e é uma homenagem ao dragão dourado por quem meu amado tinha grande estima e por quem eu tinha amor.
Queria ter visto Fedrer, meu lindo dragão dourado e Kai, meu melancólico deus da carnificina e dragão se unindo e se tornando companheiros, eu que abençoaria a união de ambos. Seria como noite e dia se mesclando aqueles dois.
Queria ter visto Gaia crescer como vi minha estimada Lisandra, filha de Godwin e Cecily. Queria ter visto sir Herrick competindo em torneios com Kalahan. Kalahan, queria que ele tivesse se casado e tivesse seus filhos brincando com os meus e de Iker. Queria que Bewolf fosse sempre o mestre das melhores armas de Tretagon. Queria que tudo tivesse sido diferente. Entretanto vendo meu filho no trono, sei que mesmo que as coisas não tenham sido como desejei, há também felicidade aqui. Uma indescritível de que mesmo em meio a dor, eu não me deixei ser vencida e lutei para encontrar a luz nas trevas que Serper deixou na minha alma, mesmo que o reino tenha sido salvo ironicamente pela minha suposta luz e benção da Fênix, eu agora estava repleta de trevas.
E então depois de tanto tempo tem essa esperança ressurgindo como uma chama ínfima de pelo menos rever os rostos dele, de partir rumo a Gardênia e entrar no Lago da Morte. Se o espelho estava no Inferno, bem, eu ia até lá a todo custo. Não me importava mais nada, já tinha cumprido minha missão e fiz tudo o que o Criador esperava de mim. Não é como se estivesse simplesmente abandonando tudo a Deus dará. Eu não podia fazer isso depois do esforço de todos os meus aliados para me dar esse maldito trono que só me trouxe agonia.
Fedrer vai reinar agora. E eu sei que ele é melhor do que eu em tudo. Posso ver seu coração bondoso, ao contrário, do ganancioso do pai dele, sua força ao em vez de minha fraqueza e sensibilidade descomunal. Eu o criei bem. Ele não é filho de Alexander, é meu filho e de Iker! E mesmo que este rapaz erre, será tentando aprender e essa é uma aprendizagem que eu como mãe não posso tirar dele.
Engraçado como as coisas acontecem. Meus olhos pairam na família sentada alguns degraus abaixo e de frente para mim. Esperavam que eu fosse matá-lo, Lady Cecily e sir Godwin. E agora, eles que vão cuidar dele para mim quando eu partir em minha jornada e o estimam como se fosse a prole deles. Eu sabia que escolhê-los como seus padrinho e madrinha respectivamente foi uma escolha sábia, que deixá-los com a regência de Dragomir era a escolha mais sábia afinal Cecily era draconiana. Godwin comandava o meu exército. Estavam ligeiramente velhos e sei que os olhos deles dois quando me contemplavam me faziam perguntas mudas sobre eu não estar como eles, mesmo nunca tendo as pronunciado em voz alta. Fios brancos nos fios loiros de Godwin e nos cor de fogo de Cecily, algumas rugas no canto de suas bocas e sulcos nas testas. E a filha deles, Lisandra, já tinha minha idade quando vim para Tretagon. Ela vai se tornar a rainha dos dois reinos quando eu me for. Eu sei. Tive uma visão do matrimônio entre ela e Freder. Mas para isso tenho que partir, Fedrer deve parar sua obsessão por mim e então verá que a moça com quem cresceu brincando nesse palácio é o amor de sua vida e não eu. Minha partida é o início do romance deles. Eu não era mais necessária. E então eu partiria em retirada rumo a minha felicidade que era rever pelo menos um pouco os rostos de quem amei. E quem sabe, morrer e reencontrá-los, por cortejar a Morte no reinado dela. Nunca se sabe. Era uma pequena aventura até o Espelho. E eu estava mais que disposta a tê-la.