Capítulo 10

1147 Palavras

Capítulo 10 FERA NARRANDO O vento da noite batia forte na varanda. A favela inteira respirava embaixo de mim, aquele zumbido constante de moto acelerando, gente conversando, funk ecoando em caixa de som estourada. Eu tô na varanda, parado, um pé no parapeito, outro firme no chão. Trago o balão devagar. Solto a fumaça mais devagar ainda. Gosto do silêncio entre um trago e outro. É quando as coisas fazem sentido. É meu jeito de calar a mente, de organizar o caos que ninguém vê. Na minha cabeça é simples: informação, decisão, ordem. Se não cabe nessa régua, eu jogo fora. O rádio chiou, me chamando, na mesa de cimento, do lado do cinzeiro improvisado. Voz conhecida. — Fera, visão da situação… — a voz do Junin entrou arrastada, séria. Peguei o aparelho, encostei no ouvido. — Fala. Do

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