Uma Forte Chuva

1122 Palavras
A chuva caía forte quando saí da casa de Zack. As gotas pesadas batiam contra o chão, formando pequenas poças ao longo do caminho. Ele abriu um grande guarda-chuva amarelo e me acompanhou até o carro, protegendo-me do frio e da umidade. Sempre tão cavalheiro, ele abriu a porta para mim, esperando pacientemente enquanto eu entrava. — Obrigada — murmurei, lançando um breve olhar para a entrada da casa. Meu corpo arrepiou ao ver o empregado de Zack ainda parado ali, nos observando. Seu olhar era distante, mas ao mesmo tempo atento, como se estivesse avaliando cada um de meus movimentos. Aquilo me deu um arrepio. Tentei ignorar e me aconcheguei no assento, enquanto Zack entrava rapidamente no carro. — Está frio — ele comentou, esfregando as mãos antes de ligar o aquecedor. — Sim, está mesmo — concordei, tentando afastar a sensação estranha que o olhar do empregado havia me causado. A chuva não demorou a engrossar, tornando a estrada quase invisível. A força dos ventos fazia as árvores se curvarem perigosamente, enquanto trovões ecoavam ao longe. Zack segurava o volante com firmeza, os olhos atentos ao caminho, mas mesmo assim, vi quando sua expressão ficou mais tensa. — A tempestade está piorando — ele disse. E então, como se o universo quisesse confirmar suas palavras, a estrada à frente ficou quase impossível de enxergar. A chuva batia forte no vidro, e os limpadores m*l conseguiam dar conta da água. Foi quando Zack tomou uma decisão. — Vamos precisar parar. Não dá para continuar assim. Ele desviou para uma pequena estrada lateral, onde uma cabana de madeira se escondia entre as árvores. Era uma construção simples, mas parecia estável o suficiente para nos proteger da tempestade. Assim que desligou o carro, ele pegou o guarda-chuva novamente e saiu apressado, vindo até o meu lado para abrir a porta. — Vem, rápido! — ele disse, estendendo a mão para mim. Agarrei sua mão e corremos até a cabana. O vento empurrava o guarda-chuva, fazendo com que algumas gotas ainda nos atingissem, mas logo estávamos dentro, protegidos. O interior da cabana era rústico, com móveis antigos e algumas caixas empilhadas nos cantos. Havia um sofá de aparência gasta no meio do pequeno cômodo, e Zack foi direto até ele, sentando-se e batendo duas vezes no lugar ao seu lado. — Vem, senta aqui — ele sorriu, aconchegante. Eu me aproximei e me sentei ao lado dele, sentindo o calor do seu corpo contrastar com o frio da tempestade lá fora. Encostei minha cabeça em seu ombro, buscando um pouco mais de conforto. — Zack… estou com medo — confessei, meus olhos fixos na janela, que vibrava levemente com o impacto dos ventos e da chuva. Ele passou um braço ao redor de mim, me puxando mais para perto. — Vai ficar tudo bem. Estou aqui para você — sua voz foi baixa, mas cheia de certeza. E então ele depositou um beijo suave no topo da minha cabeça. Seu gesto me fez sentir segura. A tempestade parecia um detalhe distante quando estava ao seu lado. Meus olhos começaram a pesar, e antes que percebesse, meu corpo cedeu ao cansaço. No meio do meu sono, ecos de vozes sussurravam ao meu redor. Sons distantes, como se alguém estivesse chamando por mim, mas sem que eu conseguisse entender as palavras. A sensação era estranha, como se estivesse dentro de um sonho, mas ao mesmo tempo, algo real. Abri os olhos lentamente e me deparei com Zack me observando. Seu olhar era tranquilo, mas atento. — Dormiu bem? — ele perguntou com um sorriso discreto. Sentei-me rapidamente, sentindo minhas bochechas esquentarem. — Desculpa… eu estava cansada — murmurei, sem graça. Por dentro, me xinguei mentalmente. Como eu tinha conseguido dormir no ombro dele? E pior… será que tinha babado? Meu rosto corou ainda mais com o pensamento, e desviei o olhar, torcendo para que ele não tivesse notado minha vergonha. Zack apenas riu baixinho, sem dizer nada. Mas algo em sua expressão me fez sentir que ele sabia exatamente no que eu estava pensando. Desviei o olhar, tentando ignorar a vergonha, e percebi que a chuva havia passado. Quando saímos da cabana, o cenário era de destruição: galhos espalhados, poças de lama e folhas cobrindo o chão. Zack me levou para casa, e, quando estacionamos em frente à minha porta, hesitei. "Quer entrar e se secar um pouco?", perguntei, sem nem pensar. Ele me olhou surpreso, depois sorriu de lado, como se achasse graça naquilo. "Aceito." Assim que entrou, seus olhos percorreram cada canto da minha casa, analisando cada detalhe com um ar quase nostálgico. "Sua casa é a sua cara", disse ele. Sorri, sentindo um certo orgulho. "Obrigada. Eu gosto bastante de decorações." Ele passou a mão suavemente entre as cortinas leves que separavam a cozinha da sala. "Você pode se secar lá em cima, tá?" "Ok, obrigada!" Assim que ele subiu, me joguei no sofá, segurando a cabeça entre as mãos. O que está acontecendo comigo? Era a segunda vez que eu via Zack e já estava deixando ele entrar na minha casa assim? "Mas o que você tem na cabeça, Maya?", murmurei para mim mesma. "Está tudo bem?" Levantei a cabeça num pulo e vi Zack parado no topo da escada, olhando para mim com diversão. "Ah… sim! Estava só… falando sozinha", falei, sem graça. Ele riu baixinho e desceu, agora com os cabelos um pouco bagunçados de tanto secá-los. Sentamos juntos no sofá e abrimos uma garrafa de vinho. A conversa fluiu de maneira natural, e, pela primeira vez, eu senti que Zack estava um pouco mais presente. Ele sorria mais, parecia relaxado. Mas então, seu celular vibrou na mesa de centro. Ele olhou para a tela e franziu o cenho. O número era desconhecido. Sem dizer nada, atendeu a ligação e levou o telefone ao ouvido. "Alô?" No mesmo instante, sua expressão mudou. O sorriso desapareceu, seus olhos se estreitaram e sua mandíbula travou. "Desculpa, eu preciso ir", disse, se levantando de repente. Eu me levantei junto, tentando entender. "Está tudo bem?" "Sim", ele respondeu rapidamente, mas seus olhos diziam outra coisa. Fui até a porta com ele, e antes de sair, ele segurou minhas mãos por um breve momento. Então, com um toque suave, beijou minha testa. "Obrigada por hoje, Maya. Até logo, querida." Fiquei parada na porta, observando-o desaparecer na noite. Quando voltei para dentro, me joguei no sofá, perdida em pensamentos. Zack. O que ele tinha de tão especial para me deixar assim? Era como se eu estivesse sendo puxada para algo muito maior do que eu imaginava. Seria amor? Ou eu só estava me iludindo com um rosto bonito? A dúvida ficou comigo pelo resto da noite.
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