PONTO DE VISTA DE ELENA
Acordei com os meus cães choramingando baixinho, eu sabia que eles precisavam sair. Rapidamente fui ao banheiro e escovei os dentes, peguei um roupão de seda e calcei minhas sandálias de dedo antes de sair com os meus cães. Desci as escadas e vi a Lisa e a Bonnie preparando o café da manhã.
— Bom dia, senhorita Elena — Elas sorriam.
— Bom dia. Como vocês dormiram? — Perguntei, abrindo a porta para os cães saírem.
— Dormi bem, obrigada — Bonnie sorriu. Fechei a porta, sorrindo para ela.
— Também dormi bem — Lisa sorriu.
— Que bom — Eu disse.
Peguei a comida do Lobo e da Rain da geladeira e coloquei no chão do cômodo ao lado da cozinha. Quando Lobo e Rain terminaram, eles voltaram e foram direto para as suas tigelas. Sentei-me na ilha e Lisa colocou um prato na minha frente com ovos, bacon e torrada. Em seguida, me entregou uma xícara de café.
— Certifiquem-se de tomar café da manhã também — Disse. Meus avós sempre tratavam os funcionários como família e eu queria que isso continuasse — Só porque eu moro aqui agora e vocês trabalham para mim não significa que as coisas vão mudar. Vocês ainda são família — Lembrei a eles.
— Obrigada, senhorita Elena — Disseram Lisa e Bonnie juntas. Terminei o meu café da manhã e lavei a louça.
— Lisa, você pode deixá-los sair quando terminarem? — Perguntei, fazendo um gesto para os meus cães.
— Sim, senhorita Elena — Disse Lisa.
Subi para o meu quarto e preparei uma bolsa de viagem. Eu estava indo visitar o meu melhor amigo Ruben e entregar algo que os meus avós deixaram para ele, e isso significava que eu teria que aparecer na minha antiga alcateia e eu não sabia como seria.
Meus avós me disseram há muito tempo que meu pai estava me procurando, mas pedi para eles não contarem nada a ele. Meus avós sabiam o que havia acontecido comigo. Eles ficaram furiosos, mas concordaram em manter tudo em segredo.
No dia em que minha avó faleceu, meu avô ficou arrasado, mas porque eles eram companheiros lobisomens, meu avô a seguiu pouco tempo depois. Eles eram destinados um ao outro.
Suspirei novamente, olhando para o relógio. Arrumei tudo o que precisava e olhei ao redor, certificando-me de que não deixei nada de que eu fosse precisar. Quando terminei de arrumar tudo, troquei de roupa, colocando uma calça jeans justa preta, uma blusa de alças roxa e coturnos pretos. Em seguida, peguei minha bolsa de viagem e desci as escadas.
— Rain, Lobo, vamos — Chamei meus cães. Desci as escadas, onde Dalton estava me esperando. Ele pegou minha mala e colocou no carro.
— Senhorita Elena, chegaremos ao aeroporto em breve. O jato está pronto para partir — Informou-me Dalton, meu motorista.
Dalton e todos que trabalham na casa são humanos, mas sabiam do meu segredo. Eles trabalham aqui desde antes de eu nascer, e meus avós sempre os trataram como família e agora eu também farei isso.
Meu avô comprou um jato porque não gostava de esperar muito por outras pessoas. Quando meus avós tinham reuniões fora do estado ou queriam viajar para outro lugar, garantiam que saíam quando queriam, e isso era bom para mim também, já que eu não queria colocar meus cães em uma gaiola debaixo do avião.
— Obrigada, Dalton — Sorri e olhei para os outros trabalhadores.
— Até breve, e lembrem-se, vocês são responsáveis pela casa enquanto estou fora. Se precisarem de algo, não hesitem em me ligar e me avisar — Disse a eles.
— Sim, senhorita Elena. Obrigada — Lisa sorriu para mim.
Dalton abriu a porta do carro para mim e meus cães entraram, assim como eu. Recostei-me e fechei os olhos por um tempo. Senti alguém lamber o meu rosto.
— Tudo bem, tudo bem, estou acordada — Disse, fazendo Dalton rir.
Olhei ao redor, percebendo que estávamos no aeroporto. Dalton abriu a porta para mim e os cães saíram e esperaram ao lado de Dalton.
— Vão fazer suas necessidades — Disse aos cães. Eles correram e eu saí do carro. Dalton pegou minha mala e eu a peguei de volta.
— Seu jipe está no aeroporto. Seu quarto de hotel também está pronto — Informou-me Dalton.
Aluguei um jipe porque ninguém na alcateia, nem mesmo meus pais ou Ruben, sabia que eu tinha assumido a empresa dos meus avós. Droga, eles provavelmente achavam que eu estava morta, já que eu consegui manter meu rosto e nome longe dos tabloides. Tudo o que eu queria era fazer meu trabalho e deixar os meus avós orgulhosos. Eu só ficaria na alcateia por alguns dias antes de ir para o hotel, não queria estar lá, mas era o desejo dos meus avós que eu entregasse um envelope pessoalmente para Ruben. Além disso, eu queria ver meu amigo. Ruben era um bom amigo quando eu estava na alcateia. Ele foi muito amável comigo enquanto minha mãe e minha irmã me batiam. Ele me ajudou a escapar da alcateia depois que meu parceiro me bateu, abusou sexualmente de mim e me rejeitou antes de tomar a minha irmã como sua parceira. Eu não sou mais a mesma garota de antes. Se meu ex-parceiro tentar algo de novo... Eu vou castrá-lo.
— Obrigada, Dalton. Até breve — Abracei-o e depois fui até o jato. Assobiei e em pouco tempo meus bebês estavam ao meu lado — Entrem — Eu disse.
Rain entrou primeiro, depois sentou-se ao lado da escada esperando por mim. Eu sabia que Lobo não ia entrar antes de eu estar dentro. Entrei, seguida por Lobo.
— Olá, senhorita Santos. Tudo está no horário. Chegaremos ao nosso destino em duas horas e vinte minutos — Disse o Capitão.
— Obrigada, Capitão — Disse eu, e me sentei.
Rain e Lobo ocuparam os dois assentos na minha frente e se acomodaram.
— Senhora Santos, gostaria de algo para beber ou comer? — Perguntou a comissária de bordo.
— Vou querer uma Sprite e um copo com gelo. Vocês têm algum tipo de carne? — Perguntei.
— Sim, senhora. Temos frango e bifes — Ela respondeu.
Rain e Lobo ergueram a cabeça ao ouvirem falar em bifes, o que fez a comissária de bordo olhar para eles, e eu ri.
— Então, quero dois bifes em pratos separados, por favor — Disse eu.
— Claro — Ela sorriu.
Assim que o avião decolou, a comissária de bordo trouxe minha Sprite, um copo de gelo e os dois bifes. Ela também trouxe uma tigela de água para eles quando terminassem. Depois de terminar minha Sprite, relaxei e tirei uma soneca. Fui acordada levemente e também ouvia meus cachorros rosnando. Abri os olhos e vi a comissária de bordo olhando para os cachorros.
— Está tudo bem — Disse para os meus filhotes.
— Estamos pousando — Disse a comissária de bordo.
— Obrigada — Agradeci e me preparei.
Depois que pousamos, avistei meu carro. Aluguei um Jeep Wrangler 2019, não queria pegar algo novo, já que meus pais não fazem ideia de que minha avó deixou tudo para mim, e quando digo tudo, quero dizer tudo. Peguei minha mala e coloquei no Jeep, deixando meus filhotes fazerem suas necessidades antes de entrar no carro e dirigir para a matilha.
PONTO DE VISTA DE ELENA
Uma hora depois...
Cheguei à casa da matilha e nada tinha mudado. Da última vez que estive aqui, eu tinha quinze anos. Saí do Jeep e peguei minha mala. Sentia os cães da matilha se aproximando de mim. De repente, fui agarrada pelos braços. meus cachorros rosnaram e aproveitei a chance para pegar a mão da pessoa, torcer seu braço para trás e fazer sua cabeça bater no chão.
— Elena — Rosnou minha mãe. Eu podia ver que ela não estava nada feliz em saber que eu estava viva e bem.
— Olá para você também, mãe — Disse, soltando o homem. Minha mãe olhou para mim e depois para o homem.
— Saia — Rosnou minha mãe para o homem. Ele rapidamente foi embora, me deixando lá com ela. Minha mãe rosnou para meus cachorros.
— Não rosne para meus cachorros. Eles não fizeram nada para você — Disse a ela, certificando-me de que ela soubesse que eu não tinha medo dela.
— Esta é minha casa. Eu faço o que eu quiser — Ela rosnou para mim.
— Então, posso simplesmente ir embora. Boa sorte contando ao papai a verdade sobre porque eu fui embora — Disse, descendo as escadas para voltar para o Jeep.
— Pare! Apenas entre. Eu não vou mais rosnar para eles — Ela falou com raiva e eu ri para mim mesma.
— Elena — Ouvi uma voz familiar. Olhei atrás da minha mãe e vi meu melhor amigo Ruben olhando para mim com olhos arregalados e um sorriso enorme.
— Ruben — Sorri amplamente, correndo para passar pela minha mãe e abraçá-lo. Ele me abraçou forte e depois acariciou a cabeça de Lobo e Rain antes de pegar minha bolsa.
— É tão bom te ver. Já faz tanto tempo — Ele disse.
— Também é bom te ver. Desculpe por não entrar em contato mais cedo — Disse a ele.
— Não se preocupe com isso. O que importa é que você está bem e viva. Por que você está aqui? — Ele perguntou baixinho.
— Eu vim te ver e ver meu pai — Disse, sabendo que minha mãe ainda estava me observando.
— Você vai ficar aqui? — Ele perguntou.
— Não quero, mas estou exausta — Admiti.
— Vamos lá, vou te mostrar seu quarto — Ele disse, pegou minha bolsa e começou a subir as escadas.
— Como você está? — Perguntou Ruben. Eu não podia mentir para meu amigo.
— Levando, um dia de cada vez. O trabalho está bom, mas eu precisava vir te ver. Tenho algo para te dar e senti sua falta — Admiti.
— Também senti sua falta. Sempre rezei para a deusa da lua para que você estivesse segura lá fora — Disse Ruben.
— Eu estava mais do que segura — Garanti a ele. Paramos no quarto ao lado do dele.
— Você pode ficar aqui — Ele disse. Notei seu corpo ficar rígido, contornei-o e vi seus olhos vidrados. Quando seus olhos voltaram ao normal, ele sorriu para mim.
— Seu pai sabe que você está aqui. Ele está a caminho — Disse Ruben.
— Ótimo — Murmurei, não de uma maneira r**m. Eu simplesmente não sabia o que ia dizer para o meu pai, nunca fui boa em mentir para ele. Peguei minha bolsa e a abri, tirando o envelope que o advogado me deu. Virei-me para Ruben e entreguei a ele — Os desejos dos meus avós era que você tivesse isso — Disse enquanto ele pegou o envelope e me olhou — Ninguém pode saber que você tem isso — Disse baixinho.
Ele assentiu, colocando o envelope no bolso. Quando ele abriu a porta, percebi que meu pai estava parado ali.
— Elena — Disse meu pai em tom baixo antes de entrar rapidamente no quarto e me abraçar.
Meu corpo se enrijeceu no começo e meu lobo choramingou antes de eu abraçar meu pai. Meu pai sempre foi um ótimo pai e alfa. Vi Ruben me dar um sorriso antes de sair.
— Papai — Eu sussurrei, apertando minha segurança. Eu não tinha ideia de quanto eu sentia falta dele até agora.
— Onde você esteve, querida? Eu procurei por você em todos os lugares — Disse o pai.
— Oh, papai. Você não tem ideia do que aconteceu, mas eu estou muito cansada. Podemos conversar amanhã? — Perguntei a ele.
— Ok, mas por favor, não vá embora de novo. Eu preciso saber o que aconteceu. Por que você foi embora? — Disse o pai.
— Eu não voltei, papai, mas você vai saber a verdade sobre porque eu fui embora — Disse.
O pai suspirou, mas acenou com a cabeça. Ele beijou o topo da minha cabeça antes de sair. Suspirei, fechando a porta. Deitei na cama e fechei os olhos por um tempo. Fui despertada quando bateram na minha porta e Lobo e Rain rosnaram.
— Calma — Disse e me levantei. Abri a porta e vi Ruben com um sorriso no rosto.
— Ei, você quer sair para jantar? — Ele perguntou.
— Eu não vou descer para jantar com eles — Disse.
— Nós não vamos jantar com eles, nós vamos sair — Ruben sorriu.
Coloquei minhas botas e saí com Ruben e meus cachorros. Abri a porta para meus bebês e entrei.
— Tem um restaurante não muito longe daqui que tem uma carne assada muito boa — Disse Ruben.
Acenei a cabeça e entreguei a ele as chaves do Jeep.
— Parece bom. Eu não como carne assada há um tempo — Sorri.
Ruben dirigiu até a cidade e fomos para o restaurante que Ruben havia mencionado. Assim que entramos, a garçonete me olhou.
— Desculpe, mas os cachorros não podem entrar aqui — Ela disse.
Arqueei uma sobrancelha para ela, mas ainda assim me virei e abri a porta para os cães.
— Fiquem — Eu disse, e ambos se sentaram.
— O quê? Podemos ir para algum outro lugar — Disse Ruben.
— Não, está tudo bem. Podemos pedir e comer em outro lugar — Disse ao meu amigo.
Olhei o cardápio, mas a carne assada parecia muito boa.
— O que você gostaria de pedir? — Perguntou a garçonete de antes.
— Vou querer três porções de carne assada, purê de batatas com molho e feijão verde. Para beber, vou querer uma Coca-Cola e uma garrafa de água.
— Faça quatro porções de carne assada, duas Coca-Colas e uma garrafa de água — Disse Ruben, e sorri para ele.
— Será para viagem — eu disse, entregando o cardápio para ela e notei que Ruben estava pensativo — Está tudo bem? — Perguntei a ele.
— Sim, eu estava apenas pensando na carta que você me entregou — Ele disse, pegando-a.
Ele então me mostrou um cheque no valor de dois bilhões de dólares. Uma carta que eu sabia ser apenas para seus olhos e uma foto dos meus avós, Ruben e eu quando eu tinha doze anos. Nesse momento, uma memória voltou.