capitulo 23

1425 Palavras

📓 NARRADO POR MIGUEL SANTANA O silêncio depois daquela conversa pesou mais que o cigarro do meu pai. Rey ainda tava de pé, encostado na janela, tragando devagar. A fumaça subia no ar igual pensamento que a gente não quer ter, mas não sabe apagar. Eu fiquei sentado um tempo, sem saber se subia pro quarto ou se ficava ali, só tentando entender de que lado do fuzil a vida me colocou. — “Tu parece eu quando era novo,” — ele disse, sem olhar pra trás. — “Com raiva do mundo e achando que dava pra consertar ele no braço.” Não respondi. Só encarei o fundo da xícara vazia, porque qualquer palavra minha ia soar pequena demais praquele tipo de verdade. A porta bateu leve e a voz dela atravessou o ar: — “Tão os dois com cara de quem carregou o morro nas costas. O café esfriou, e eu não vou esqu

Leitura gratuita para novos usuários
Digitalize para baixar o aplicativo
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Escritor
  • chap_listÍndice
  • likeADICIONAR