O ronco da moto ainda ecoava no beco quando deixei a voz dela pra trás. O ombro ardia, o sangue escorria devagar, e a raiva latejava mais do que a dor. De todas as merdas que podiam me esperar no primeiro dia de volta, justo ela tinha que aparecer. A filha do Pardal. A mesma que eu jurei nunca mais cruzar. Acelerei, cortando as vielas até o coração da boca. O cheiro de pólvora misturado a cigarro velho, as vozes dos soldados roncando ordens, o som dos rádios chiando. Tudo igual. O mesmo morro, o mesmo trono de concreto. E ele ali o homem que ainda mandava em tudo com o olhar. Rey tava encostado num dos carros, cigarro na mão, camisa preta aberta no peito e aquele jeito calmo que só engana quem nunca viu ele perder a paciência. Quando me viu, o riso sumiu da cara dele. O olhar

