Atos ( Recomeço,Morro)

Capítulo 10*

A casa do Atos realmente é muito bonita, muito bem decorada,limpa e organizada,ele foi bastante receptivo com a gente,logo assim que chegamos deixei minha bolsa na área da piscina e fui ajeitar alguma coisa pra gente comer enquanto Atos ficou com Júlia na piscina,fiz uma macarronese e uma farofa de bacon,calabresa e banana da terra,lembrei da minha casa pois minha mãe sempre fazia lá em casa,era um dos pratos que não podia faltar.

- Tudo bem aí? - saio dos meus pensamentos com a presença do Atos só de short e sem camisa com uma lata de cerveja na mão,tento não olhar pra aquele corpo da qual eu me lambuzei a cinco anos atrás mais é impossível,ele percebe e sorri.- O que foi,te deixo desconfortável? - ah se ele soubesse o motivo do meu desconforto.

- Você não me deixa desconfortável,apenas estava pensando em outras coisas. - ele sorri balançando a cabeça em negação. - Você pode me ajudar a levar as coisas lá pra fora,e a propósito cadê a Júlia? - pergunto olhando por trás dele.

- Está na piscina. - fico nervosa e saio correndo até ela com a panela de farofa na mão,mas assim que chego me surpreendo,ela está brincando na água com um colete,duas bóias uma em cada braço e uma bóia na cintura.

- Não sou irresponsável Rafaela principalmente com os filhos dos outros,posso dizer que eu conheço a dor de perder um filho e juro pra você que não desejo isso pra ninguém. - ele fala próximo e se afasta,nessa hora meu coração afunda no peito.

- Desculpa Atos não foi minha intenção, é só que......- ele me interrompe.

- Tudo bem,mas saiba que eu gosto muito dessa pequena,não sei explicar mas ela conseguiu preencher um espaço que estava vazio em mim,e se você me permitir eu serei capaz de tudo por ela,a Júlia é especial. - ele fala olhando pra ela e a mente longe.

- Pode ter certeza que ela também gosta muito de você. - me limito a dizer apenas isso e ele da um leve sorriso.

- Eu sabia que esse cheiro delicioso estava vindo daqui. - olhamos rapidamente em direção a voz de Natália que não estava sozinha. - Vocês três estão parecendo uma família. - ela fala e ficamos sem graça.

- Você não tem o que fazer não Natália? - Atos pergunta irritado.

- Até tenho e muito mas como está na hora do almoço e vim pra casa almoçar ver com os meus próprios olhos o que o Vini me disse,de quem foi a idéia? - apontamos para Júlia que está brincando. - Essa garota é esperta. - ela fala e rimos.

- Desculpa não ter ido hoje para o posto Natália e que eu não estava muito bem. - ela assente com a cabeça.

- Tudo bem,o Fernando me disse que você teve uma noite agitada, ele é um amigo e tanto,sortuda você. - engulo seco e tento disfarçar o máximo,olho para Atos e mudou completamente o semblante.

- Precisa falar desse almofadinha mesmo,se for pra você estragar o meu almoço vaza daqui Natália,não gosto desse almofadinha.- ele fala irritado.

- Iiiiiii,que saco em Atos é bom você se acostumar com ele por que ele me convidou pra jantar e eu aceitei,vai que ele se torne seu primo também. - Natália fala com deboche e ao ouvir aquilo fico nervosa e deixo um copo cair eles me olham sem entender e eu corro pra dentro da casa em busca de um banheiro,ouço a voz de ambos me chamando mas não paro até que sim a mão forte de Atos me segurando.

- Ei maluca tudo bem? - ele pergunta preocupado.

- Rafa se for por causa do Fernando eu não aceito o convite caso você......,goste dele. - Nathalia fala um pouco entristecida e Atos me encara aguardando minha resposta, não posso falar a verdade que eu gostaria pra eles por que senão o Fernando vai morrer com certeza ou pode fazer alguma coisa pior comigo ou com a Júlia.

- Não,o Fernando é só uma pessoa que me ajudou bastante. - falo saindo e perto deles e Atos segura meu braço me fazendo parar. - Me solta Atos preciso ver minha filha. - ele continua por mais alguns segundos e me solta.

Ficamos na beira da piscina conversando e bebendo, claro eu fui devagar,mas a Nathalia parecia que estava lavando a alma,alguns amigos do Atos apareceram e com um deles uma jovem muito simpática,ela aparentemente trabalha com tranças e me pediu pra fazer algumas no cabelo da Júlia,quando ela terminou fiquei encantada com o trabalho dela,a Júlia amou e já disse que queria mais,foi correndo na direção do Atos que parou de conversar pra dar atenção a Júlia,fico olhando os dois e um misto de sentimentos que eu não sei explicar me invade.

- Bom pessoal eu preciso ir,amanhã tenho trabalho. - falo olhando pra Nathalia que coça a garganta.

- Ah,mamãe só mais um pouquinho. - Julia pede chorosa. - Tio Ato eu não quero ir embora,posso ficar mas um cadinho só?- ela olha pra ela e a abraça forte dando um beijo em sua bochecha em seguida,vejo aquela cena dos dois e meu coração dispara,corro até eles e arranco Julia dos braços dele.

- Ficou maluca foi oh doida? - Atos se levanta abruptamente.

- É Rafa,o foi isso? - Nathalia pergunta surpresa.

- Pode crer que a baixinha é pirada,nada haver fazer isso com a criança. - Vini fala sem entender nada.

- Desculpa gente é......, quer saber deixa pra lá eu só preciso ir embora. - Júlia começa a chorar e eu a pego no colo.- Para Julia precisamos ir,aqui não é a nossa casa e amanhã você tem escola. - ela cruza os braços emburrada.

- Eu levo vocês. - Atos fala chateado e se vira pra entrar na casa mas eu o interrompo.

- Não obrigada. - falo seca mas ele não me dá bola.

- Que isso baixinha deixa de marra, aproveita que o Atos está fazendo essa gentileza com você,pq isso aí é um croglodita. - Vini fala e eu olho pra ele.

- Falando difícil agora Vini. - Nathalia fala rindo zoando ele que bufa.

- Cheia de show né Natizinha,sou bandido mas também sou cultura pô. - ele fala e ela sorri de lado.

Como Júlia no colo vou caminhando em direção a saída, percebo o olhar de estranheza no rosto de todos mas ligo, contínuo andando antes de chegar ao portão ouço passadas rápidas e então Atos segura meu braço e eu paro,respiro fundo fechando os olhos até que ele fala depois de alguns segundos.

- Eu levo vocês bora. - ele fala e passa por mim abrindo o portão.

- Não precisa eu já disse. - respondo ríspida.

- Não estou pedindo a sua autorização pra andar pelo meu morro,eu só estou te comunicando,você só pode ser maluca pra achar que eu vou deixar você e a Júlia andado sozinhas por aí. - ele fala autoritário e eu olho pra ele com uma sobrancelha levantada.

- Ué não é você que vive batendo no peito por aí dizendo que o morro é um lugar tranquilo? - falo com deboche.

- Pode crer que aqui é muito mais seguro do que o asfalto,mas eu não posso controlar a mente doente das pessoas,o que eu posso fazer se algumas pessoas gostam de virar saudade tá ligada. - olho pra ele meio confusa ele rir,ele da um sorriso tão gostoso e espontânea que acabou rindo com ele,depois desse momento descontração seguimos o caminho em silêncio, Júlia acabou adormecendo e depois de alguns minutos chegamos em casa.

- Obrigada de verdade Atos e desculpa por tudo,enfim só queria dizer que o dia foi agradável. - ele sorri e balança a cabeça em afirmação.

- Me dá ela,deixa que eu a levo pra cama. - sem relutar entrego Júlia pra ele que entra com ela enquanto eu fecho o portão, de repente ouço umas batidas de palmas e ao olhar na direção meu estômago congela e meu coração começa a bater acelerado,meus olhos ardem mas eu me seguro pra não chorar.

- Nossa que família linda. - Fernando fala debochando.

- O que você quer aqui Fernando,vai embora,o Atos está lá dentro e se......- ele me interrompe.

- E se o que Rafaela ã fala. - ele me encara por alguns segundos. - Escuta bem o que eu vou te dizer,se eu desconfiar que você contou alguma coisa pra alguém ou tentar fazer algo contra mim,eu mato a pequena Júlia entendeu. - enquanto ele fala um calafrio de medo percorre meu corpo e meus olhos se enchem de lágrimas. - O que foi lindinha o gato meu a sua língua? - respiro fundo pra evitar que as lágrimas rolem.

- Como eu pude achar que você era meu amigo seu.....- ele tapa meus lábios com os dedos.

- Shiiiiii, se livra logo desse vagabundo por que eu estou cheio de saudades de você, principalmente desse seu corpo perfeito. - ele diz com um sorriso debochado e só de lembrar que ele me estuprou o pavor me domina, não posso deixar que ele me toque de novo.

- Rafaela? - levo um susto com Atos me chamando mas não consigo responder,limpo o rosto rapidamente e tento me recompor mas é impossível.

- Pensa na Júlia e não tenta nada . - Fernando manda um beijo no ar e sai correndo noite a dentro,meu estômago repulsa de nojo,como ele pode ser tão c***l e eu não percebi,não posso deixar ele se aproveitar da Nathália dessa maneira,dou a volta pela casa e vou até o tanque lavar o rosto.

- Tudo bem aí,te procurei lá na frente mas te achei. - levo um susto.

- Tá sim Atos só estou cansada. - ele não diz nada apenas me olha. - Você se importa de ir embora é que eu estou muito cansada e preciso descansar. - ele apenas concorda.

- Vou nessa então,a baixinha está na sua cama,ela é exigente pra dormir,me pediu que contasse uma história. - rimos.

- Bom que você já vai treinando pra quando tiver seus filhos. - ele abre e fecha a boca pesando no que dizer.

- Não pretendo ter mais filhos,a minha chance já passou a cinco anos,a vida me condenou a ficar sozinho e eu aceito.- ele fica calado olhando para o nada pensativo e eu fico olhando para ele imaginando no que ele faria se descobrisse que a Júlia é filha dele e que a vida lhe deu outra chance. - Boa noite baixinha fica bem.- saio dos meus pensamentos.

- Boa noite Atos e vou ficar bem- ele vai embora e eu entro trancando tudo como se a minha vida e a vida da Júlia dependesse disso e na verdade depende,vou até o meu quarto tomo um banho e em seguida vou até a cozinha e pego uma faca e coloco embaixo do meu travesseiro,me deito ao lado da Júlia e não sei que horas aconteceu mas eu pego no sono.