Pré-visualização gratuita Capítulo 1. Império em ruínas
Theodore Beaumont - New York
15/06/2022
O som do relógio de parede era a única coisa que se ouvia na sala de reuniões vazia. Tic. Tac. Tic. Tac.
Theodore Beaumont manteve os olhos fixos nas pastas abertas diante dele — contratos, extratos bancários e relatórios de auditoria que pareciam gritar em vermelho.
A sala, antes palco de reuniões glamourosas, agora parecia um tribunal.
O ar cheirava a papel velho, e o nome “Beaumont Holdings” gravado em dourado na parede parecia zombar dele.
— Isso... isso não pode estar certo — murmurou ele, passando as mãos pelos cabelos loiros, o maxilar tenso.
Do outro lado da mesa, o contador hesitava em falar.
— Senhor Beaumont… nós conferimos tudo três vezes. As transferências foram feitas há meses. E os registros mostram que quem as autorizou foi… — o homem engoliu em seco — seu pai.
Theodore o encarou, sem piscar.
Aquele nome — Arthur Beaumont — parecia ecoar em sua mente como uma sentença.
— Ele transferiu fundos dos investidores para contas fantasmas — continuou o contador, em voz baixa. — Depois vendeu parte das ações sem comunicar aos sócios. Foi um golpe interno.
O silêncio que se seguiu foi quase insuportável.
Theodore respirou fundo, lutando para não deixar transparecer o choque. O ar parecia denso, pesado, como se as paredes da empresa que ele dedicara toda a vida estivessem desabando sobre ele.
— E onde está esse infeliz agora? — perguntou, a voz firme demais para alguém prestes a quebrar.
O contador baixou o olhar.
— Desapareceu. Há rumores de que fugiu para a Suíça… creio que não esteja usando o sobrenome Beaumont.
Theodore se levantou, empurrando a cadeira com força, batendo a mão sobre a mesa
— Covarde, desgraçado— as palavras saíram baixadas, mas , carregadas de ódio.
Ele caminhou até a janela de vidro que dava vista para o centro de Nova York. Lá embaixo, os carros pareciam se mover em câmera lenta, como se o mundo ainda tivesse ordem — diferente do caos dentro dele.
Em seu peito, algo se partia em silêncio.
A empresa que ele cresceu venerando, o legado que jurou proteger ,agora era uma farsa construída sobre mentiras.
— Senhor Beaumont, o conselho exige uma explicação — disse o contador, nervoso. — Se o senhor não agir rápido, amanhã mesmo os acionistas vão exigir sua renúncia.
Theodore virou-se lentamente, o olhar gelado e determinado.
— Não. Eu não vou fugir como ele. — A voz saiu firme, autoritária, quase gélida. — Eu vou consertar isso. Nem que precise desmontar cada tijolo desse império com as minhas próprias mãos.
Ele recolheu as pastas, uma por uma, empilhando os documentos que representavam a queda de uma dinastia.