Capítulo 19. Manipuladora

566 Palavras
Mansão Beaumont-NY 21/06/2022 19:50h Theodore entrou no salão principal da mansão Beaumont. O som dos passos dele ecoou sobre o piso de mármore, firme, preciso, irritado. Elizabeth Beaumont, elegantemente vestida em um robe de seda azul, tomava um chá com a calma de quem parecia já saber que o filho viria bufando. — Imagino que já tenha lido — disse ela, sem levantar os olhos do jornal. — “Jantar íntimo entre o CEO da Beaumont Holdings e a herdeira McGoldrick agita a elite nova-iorquina.” Bastante... poético, devo dizer. Theodore suspirou, jogando o celular sobre a mesa. — Poético? É um circo, mãe. E eu pelo visto sou o palhaço da história— Murmurou entre dentes. Elizabeth ergueu os olhos, observando o filho como quem estuda um tabuleiro de xadrez. — Sophie é uma McGoldrick. Eles foram criados para transformar escândalos em oportunidades. — Oportunidades? — Theodore riu, sarcástico. — Ela quer mandar na empresa, isso sim. Desde que achei esse maldito contrato, agora tudo é sobre ela. Sophie vem tentando dar opinião em tudo. E agora veio com um maldito plano para fundir nossas empresas. — Ele gesticulou, irritado. — Como se nossa marca precisasse de um toque de influencer! Elizabeth apoiou a xícara na mesa com cuidado. — Ela tem coragem. E você, meu filho, precisa aprender a lidar com isso, precisa aprender a lidar com ela. — Coragem? Isso foi ousadia! — rebateu Theodore, passando a mão pelos cabelos. — Sophie jogou na minha cara que dependo dela agora, como se ela fosse a nova dona da Beaumont Holdings. Elizabeth inclinou-se levemente para frente, a voz baixa, mas firme: — E você deixou. Ele desviou o olhar, tenso. — Eu não imaginei que ela seria tão... provocadora. Elizabeth sorriu de leve, conhecendo bem o tom de voz do filho. — Não é provocação o que te incomoda, Theodore. É o fato de que ela te desafia. Silêncio. O relógio da sala marcava o tempo entre eles. — Mãe… — disse ele, mais baixo. — Sophie quer mexer no conselho. Disse que a fusão só faz sentido se ela tiver voz ativa nas decisões criativas. — E talvez devesse ter — respondeu Elizabeth com tranquilidade. — A McGoldrick sempre soube vender luxo com emoção e modernidade, A Beaumont, com disciplina. Talvez seja hora de unir as duas forças. — Ela vai transformar nossa marca em um desfile de influencers— retrucou ele, impaciente. — E o pior é que... ela faz isso com confiança. Com um sorriso. Ninguém percebe o quanto ela é manipuladora. Elizabeth o observou por um instante, antes de soltar uma risada suave. — Ah, meu querido... parece que alguém finalmente encontrou uma adversária à altura. Theodore franziu o cenho, mas não respondeu. Caminhou até a janela, olhando o jardim. A lembrança de Sophie sorrindo, provocante, cruzou-lhe a mente — e, por um segundo, o irritou ainda mais. — Eu não vou deixar que ela assuma o controle da Beaumont, mãe. — A voz dele soou firme, mas algo nela tremia. — Isso eu prometo. Elizabeth levantou-se, aproximando-se do filho. Tocou-lhe o braço, delicada. — Tenha cuidado com promessas feitas no calor da raiva. Algumas mulheres não precisam tomar o poder, Theodore. Elas apenas o conquistam. Ela se afastou, deixando-o sozinho com o silêncio... e com a imagem de Sophie, que, apesar de tudo, ele não conseguia tirar da cabeça.
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