Alec Hastings
No dia do meu aniversário de vinte e um anos, meu pai me deixou em um puteiro e me deu cerca de vinte mil dólares em espécie.
Ele disse para eu aproveitar bem, porque seria a minha única diversão com os anos que viriam pela frente. Aquela tarde eu assinei um contrato como participante ativo nos negócios da Hastings & CO., e como um bom filho, eu tive que dar orgulho ao meu pai aceitando um cargo que eu me recusava a gostar..., Mas não tinha para onde correr. Era o que eu achava. Até aquela noite mudar a minha vida.
O que meu pai não sabia, era que eu estava mentindo desde que me formei na escola. Eu estava concluindo os meus estudos naquele ano. Eu havia me formado em direito, mas escolhi outra especialização. Eu não estava interessado em trabalhar na área jurídica da empresa da família. Mas foi o que eu precisei aceitar naquele momento. Até eu ter coragem de me impor e seguir a minha verdadeira vocação.
— Tem um par de s***s e uma v****a aberta na sua frente e essa é sua cara? — meu melhor amigo falou, me entregando uma cerveja. Eu suspirei e revirei os olhos — qual é, cara? A Nina não vai ficar sabendo de nada, vocês nem estão juntos mesmo. Essa prostituta quer você, anda logo.
— Logan... — eu dei risada — não é assim que funciona.
— Não banque o santo. Você sabe que vai ser um inferno depois de hoje.
Concordei e ele se levantou, indo até uma ruiva muito gostosa. Logan acenou para mim e sumiu entre as pessoas.
Mordi meu lábio e chamei a mulher com o dedo indicador. Eu sempre gostei de mulheres loiras, então essa fazia o meu tipo.
Quando finalmente a beijei, meu corpo inflamou inteiramente e nós seguimos para o andar de cima. E assim que o elevador abriu em um corredor com luzes vermelhas e gente se pegando em todos os cantos, eu vi meu melhor amigo com o celular no ouvido, correndo entre todos ali.
— Logan? — o segurei, confuso.
— Sequestraram a Lauren, cara... — ele colocou as mãos na cabeça muito nervoso — sequestraram a minha irmã.
Nós abandonamos as mulheres e corremos para fora do local de uma forma tão desesperada que o dinheiro em nosso bolso voou pelo estacionamento.
Meu amigo começou a gritar a palavra “não” várias vezes e se debateu.
— Calma, a gente vai dar um jeito — eu indiquei meu carro — o que você sabe até agora?
— Ela não apareceu na escola, encontraram o motorista dela morto... E é minha culpa...
— Como assim cara? A gente ficou juntos o dia todo, nós...
— Eu descobri tudo sobre a McKay Corporation. Meu pai está traficando drogas... As extrações são todas ilegais, com trabalho escravo... Tem exploração infantil. Eu descobri e denunciei para a polícia.
Eu não sabia o que dizer. Apenas respirei fundo e segurei no ombro do meu amigo.
— Nós vamos encontrar a Lauren. Eu só preciso manter o disfarce com o meu pai e ir até a sede da delegacia. Tenho certeza de que o meu chefe vai ouvir.
A verdade é que durante a minha formação em direito, eu me especializei em segurança nacional e me filiei à SWAT. Tudo isso sem meu pai saber. Eu fazia estágio com o tenente mais respeitado do FBI.
— Não se envolva, Alec. Há essa altura meu pai já sabe que eu sou o traidor — Logan continuou encarando o aparelho em suas mãos, aguardando mais uma ligação — e eu preciso que você saiba que seu pai também está nisso. Você precisa se afastar dele.
Meu coração disparou e eu neguei com a cabeça.
— Como assim?
— O seu pai financia quarenta por cento da produção de coca. Se eu sumir, tem uma caixa com todas as provas no meu quarto, lá na república. É um piso falso embaixo da cama.
— Por que você não me falou antes? — questionei, olhando em volta — Eu vou falar com meu pai e...
— Alec, me ouça, p***a! — Logan respirou fundo — você vai ter que ser muito esperto agora em diante. Você precisa continuar com tudo isso até acabar com as empresas. A minha irmã pode estar morta agora porque eu não fiz isso direito. Você tem que fazer.
— Logan, eu não estou te entendendo. Eu... Eu nem estou trabalhando ativamente com a polícia, meu pai não sabe que...
— Seja invisível, Alec. Dê um jeito de organizar tudo e ser totalmente irrelevante para o seu pai. Só assim você vai fazer justiça.
— Vamos para a república, entra no carro — destravei o veículo — vamos cara, vai chover — olhei o céu que estava escuro e sombrio, sendo tomado por relâmpagos e por uma ventania.
— Você não pode ser mais visto comigo. Minha mãe começou isso e acabou morta. Eu sei o que me espera. Está tudo bem claro nos arquivos. Só dê um jeito de levar as provas para o coronel Earl, do FBI. Está tudo lá.
Após isso, Alec saiu correndo e fomos atingidos por uma chuva muito forte.
Eu m*l sabia que aquela seria a última vez que eu veria meu amigo.
Quando cheguei no nosso quarto na república, tudo estava revirado.
— Não, não, não — olhei embaixo da cama, vendo o piso falso fora do lugar e uma caixa vazia, apenas com um bilhete sem assinatura.
“Sua irmã vai pagar o preço disso, Logan”.
Comecei a pensar em como identificar o ocorrido, já que os alojamentos não tinham câmeras e provavelmente o invasor teria se passado por um estudante.
— Claro! — Tive uma ideia.
Logan era completamente fascinado em tecnologia. Mesmo que naquela época a internet fosse totalmente limitada, ele sempre dava um jeito de armazenar alguns conteúdos em um display no computador. A maioria eram pornô, mas ele foi muito bom em esconder algumas imagens nas pastas.
Havia fotos de vários carregamentos, com notas fiscais emitidas em nome das empresas, e todas as placas de veículos declaradas estavam nas fotos de caminhões carregados com armas de drogas.
Após dois dias inteiros, eu soube que a Lauren Mckay havia sido localizada. Eu tentei ligar para o Logan, tentei procurá-lo pela cidade, mas tudo foi em vão. Eu não tinha como dar indícios de que eu sabia do que estava acontecendo. Vez ou outra eu checava meus e-mails, mas a única coisa que recebi de resposta foi uma carta no meio de um livro da minha escrivaninha. E não era um livro comum, era uma bíblia.
“Está na hora de você ser realmente um santinho. Eu sei que te devo explicações, mas eu achei um disfarce perfeito! Seu pai odeia religião, nada melhor do que ser invisível como um homem santo. Por favor, se você estiver lendo isso, prometa que vai cuidar da Lauren. Termine o que a minha mãe começou por mim. Eu provavelmente estou morto ou logo logo meu pai vai dar alguma notícia triste. Faça justiça, irmão”.
A partir daquele momento, eu decidi me dedicar inteiramente a desmantelar todo o esquema da indústria Mckay e do complô com a Hastings & CO., mesmo que significasse destruir a vida do meu pai.