CAPÍTULO 5

1091 Palavras
Evelin Brown Chris esteve ao meu lado durante toda a minha gestação. Se preocupava comigo, certificava-se de que eu estava me alimentando direito, e passávamos horas conversando no sofá, rindo como se nada mais importasse. Ele sempre perguntava sobre os ultrassons, como se de alguma forma aquele bebê também fosse dele. E eu, em alguns momentos, me pegava imaginando... E se fosse? Mas antes que esse pensamento ganhasse força, eu o espantava para longe. Eu estava apenas carente de atenção. Era isso, só isso. Chris foi o único que me viu no meu pior momento, quando eu desmoronei ao descobrir que estava grávida. Talvez fosse isso que me fazia sentir essa conexão tão forte. Só que ele foi embora. Há algum tempo. Disse que precisava resolver negócios da família e deixou a boate. Nunca explicou direito. Chris sempre foi estranho quando o assunto era sua vida pessoal. Se eu perguntava sobre sua casa, ele desconversava. Se tocava no assunto da família, ele mudava de tema, assim como aquele apartamento do amigo rico. Isso me deixava confusa, mas ele sempre encontrava um jeito de me envolver e me fazer esquecer qualquer questionamento. E agora ele fazia falta. Falta das conversas, das risadas... e principalmente das noites em que ele contava histórias para o meu bebê, que parecia reconhecê-lo e se mexia toda vez que estávamos perto, como agora que esta dançando em minha barriga talvez por saber que é Chris mandando mensagem. Abro a mensagem e leio: Chris Adams: — Olá, como está se sentindo hoje? Evelin: — Estou bem e você? — perguntei, sorrindo involuntariamente. Chris Adams: — Estou bem também e o bebê? Evelin: — Acredita que começou a mexer após a chegada da sua mensagem? — respondo rindo e mando um emoji. — Hummm... que sorrisinho bobo é esse, Evelin? — Verônica arqueou a sobrancelha, me analisando com um olhar sugestivo. — Chris... ele tá perguntando como estou. — respondi casualmente, mas a verdade era que aquele simples cuidado aquecia meu coração de um jeito que eu não queria admitir. — Ah, que bom! Como o Chris está? — Eduarda se animou. — Sinto tanta falta dele! — Ele está bem... mas ainda não disse quando volta. Ela acenou, e após responder o Chris voltamos ao nosso momento de descontração. Estávamos espalhadas pela sala, algumas com almofadas no colo, outras segurando taças de suco afinal, ninguém teria coragem de beber vinho na frente de duas grávidas. Verônica falava animadamente sobre seus negócios, enquanto Yala, sempre a estrategista, dava conselhos valiosos. Foi então que Katherine pegou o controle remoto. — Gente, vou colocar uma música pra gente ouvir. — ela anunciou e nós concordamos. Ela ligou a TV e começou a procurar um canal de música, mas, sem querer, entrou em um site de notícias. — Ih, peraí... — franziu o cenho, parecendo intrigada. — O que foi? — Eduarda perguntou, distraída, pegando um salgadinho da mesa. Katherine não respondeu de imediato. Seus olhos se arregalaram de leve, e um arrepio percorreu minha espinha. Então, ela sussurrou meu nome. — Evelin... O tom dela me fez gelar por dentro. Meu coração deu um salto no peito, e minha respiração ficou suspensa. — O que foi? — minha voz saiu hesitante. Ela não respondeu, mas meus olhos se fixaram na notícia da TV. “Novidade no mundodos famosos! O professor William Pembroke, que lecionava na prestigiada Universidade de Seattle, acaba de oficializar sua união com a socialite Cassandra Lancaster em uma cerimônia luxuosa. Cassandra, conhecida por sua influência nos círculos da alta sociedade de Seattle, estava em um relacionamento discreto com William há alguns anos, e agora os dois oficializaram a união em um evento de extremo glamour e sofisticação. William, além de professor, é sobrinho de um dos diretores mais influentes do sistema educacional de Seattle e uma figura respeitada no meio acadêmico na cidade. O casal está vindo para Nova Iorque nos próximos meses para eventos exclusivos e parcerias com instituições renomadas.” O mundo girou. Minha visão ficou turva. O ar ficou preso nos meus pulmões, como se algo invisível apertasse minha garganta, me impedindo de respirar. William... casou? William... em um relacionamento de anos?... Na cidade onde a família dele morava?... Ou as viagens que ele fez algumas vezes dizendo que ia ver os pais, eram para estar com ela? Cada pergunta martelava na minha mente como um eco c***l, se repetindo sem piedade. Eu não sabia. Não fazia ideia. Ele nunca mencionou, nunca deixou escapar qualquer sinal. Nenhum olhar suspeito, nenhuma hesitação, nada. Mas agora estava ali, escancarado para o mundo inteiro ver, para mim ver. Senti meu peito se apertar de uma forma insuportável, como se alguém estivesse esmagando meu coração com as mãos. Meu estômago revirou, e um nó denso subiu pela minha garganta, sufocando qualquer tentativa de raciocinar. Ele mentiu para mim... Ele me enganou... Por isso nunca permitiu que ninguém o visse quando ia me buscar na boate ou no orfanato... E agora estava lá, ao lado daquela mulher radiante, feliz, enquanto eu estava aqui... carregando um filho dele que sequer quis reconhecer. A dor veio forte, uma pontada aguda que atravessou meu ventre sem aviso. Levei as mãos à barriga, ofegante. — Evelin? — Megan se aproximou rapidamente, sua expressão foi tomada pela preocupação. — Amiga, calma. Respira. — Ele... ele era comprometido... Ele me enganou. — minha voz saiu embargada, quase um sussurro. — Eu vou matar esse desgraçado! — Yala rosnou, cerrando os punhos. — Calma, Eve, pensa no bebê. — Kate implorou, seus olhos cheios de aflição. Mas antes que eu pudesse responder, outra pontada veio, muito mais forte, e um gemido de dor escapou da minha garganta, deixando todas preocupadas. Eu tentei respirar, tentei me acalmar, mas algo estava errado, muito errado. Uma onda de calor percorreu meu corpo, seguida de um arrepio cortante na espinha. Minhas pernas tremeram, e então senti. Algo quente escorreu entre minhas coxas. Megan arregalou os olhos. — Evelin... — sua voz m*l passou de um sussurro. — Sua bolsa... Minha bolsa estourou. O desespero tomou conta de mim. O bebê estava chegando. As vozes ao meu redor ficaram distantes, abafadas, como se eu estivesse submersa. Meu coração martelava contra o peito, a respiração entrecortada. Eu não estava pronta, não agora. Não depois de descobrir que o pai do meu filho estava vivendo um conto de fadas com outra mulher. Mas não havia escolha. A dor veio de novo, intensa, cortante, implacável. E, naquele momento, eu soube. Era a hora. Continua...
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