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1494 Palavras
Entro no local ao ser autorizada e paro na frente da mesa do moreno. – que foi?_ foca sua atenção em mim. – bom, amanhã eu preciso fazer uma coisa na minha cidade, então eu não vou voltar cedo, eu poderei passar a manhã inteira lá_ aviso. O moreno me olha com aquela expressão que diz "que coisa, com quem e porque?" Mas eu ignoro tal expressão e me foco em ouvir o que ele dirá sobre isso. – está bem_ desvia o olhar novamente para o que fazia. – está bem?_ pergunto só para confirmar. Ainda olhando para os papéis ele responde: está bem. – o.k_ falo pausadamente_ então tchau_ me viro de costas para sair da sala. – toma_ fala antes que eu saia, me fazendo girar os calcanhares e vê-lo esticando meu celular para mim_ não me faça repensar_ após sua declaração sou obrigada a dar três passos largos e pegar o dispositivo. – obrigada_ dou meia volta e finalmente saio do escritório. Como não tinha muito tempo a perder, rapidamente vou para o quarto pegar minha bolsa e deixar o livro, passo para deixar uma indicação para Karol e então vou até Desmond no carro dele. Quando o loiro deu partida, em seu carro tocava uma música baixa que eu não conhecia, mas ele ia batucando seu dedo no volante e cantarolando baixinho com certa animação. – você está se adaptando bem?_ pergunta repentinamente. – bem, eu acho que sim, na verdade eu nem sei se me adaptei, todos os dias acordo com a esperança de que tudo não passe de um sonho mau e eu vá acordar na minha caminha quentinha e calma_ dou de ombros. – eu sei que esse não é exatamente o sonho de muitas garotas... – eu diria de ninguém, mas em certos momentos já quis que algum mafioso gatão dos seriados ou doramas viesse e me sequestrasse, mas isso era só hipoteticamente, não esperava que um mafioso gatão da vida real apareceria de verdade_ reclamo e ele ri. – por que isso não me surpreende vindo de você?_ fala em meio a risada. – deve ser porque eu tenho cara de doida_ falo rindo_ mas falando em surpreender, como você veio parar nesse lugar? Nessa vida_ pergunto curiosa. Ele solta um pequeno coçar de garganta_ pra fugir eu diria, é uma longa história, mas certeza que as 3 horas de viagem são suficientes para te contar então, bora lá_ suspira_ eu conheci o Enzo aos 11 anos, eu acabava de fugir de casa, meu pai batia na minha mãe e eu via aquilo acontecer todo o santo dia, ele fingia que era um bom pai toda a vez que estávamos por perto ou em público, batia em locais que ninguém veria os hematomas e ameaçava matá-la se ela contasse para alguém sobre os abusos que ele cometia_ contava enquanto olhava para a estrada com um olhar vazio_ ele não sabia que eu já havia flagrado algumas vezes sua agressão e no dia em que ele percebeu que eu assistia a tudo, o mesmo tentou falar comigo mas eu não ouvi e saí correndo, acredite, eu subi em um táxi e fui parar aqui, nessa cidade, e nesse dia eu conheci o Enzo, ele bateu em mim e estranhamente viramos amigos_ dá de ombros. – que? Como assim ele bateu em você?_ pergunto confusa. Ele riu_ eu fui parar no depósito do pai dele, eu não sabia de quem era e naquela inocência e curiosidade, acabei entrando e espiando no momento em que eles estavam negociando algumas coisas com uns caras, então Enzo me achou, me deu um baita soco e depois me arrastou até seu pai, que nesse dia, foi o primeiro que eu quase morri_ declara estranhamente sorridente. – sério? Você quase morreu, ele bateu em você e ainda assim ele virou seu amigo?_ questiono indignada. – melhor amigo_ me corrige_ e tipo, depois dele ter batido em mim, quando o pai perguntou o que deveria ter feito comigo, ele disse que ele mesmo cuidava e me levou para comer um hambúrguer com fritas, pagou as bebidas e ainda me deixou dormir na casa deles por aquela noite, foi algo que realmente mexeu comigo naquele dia, principalmente porque eu descobri que eles eram uma família cheia de merda, mas que fazia merda uns pelos outros incontáveis vezes, pois eles cuidavam todos uns dos outros_ ele terminou sorrindo. – e foi isso que te fez entrar na máfia? – não, na verdade foi a adrenalina, sabe, sentir que posso morrer a qualquer instante, as pessoas não criam muita expectativa em mim, a grana alta, acho que foi principalmente a grana que me chamou para isso_ assentiu. – Desmond, seus pais sabem disso? Seu irmão sabe disso? Outra coisa, depois de tudo seu pai e sua mãe... – o Philip não é meu pai biológico, e não, eles não sabem disso, acha que minha mãe do jeitinho que é, deixaria eu estar envolvido com a máfia?_ me olha incrédulo por alguns instantes. – era capaz dela te puxar pela orelha até casa_ eu ri e ele fez o mesmo. – eu não duvido nem um pouco disso_ confessa_ mas e como vai seu plano de conquista? – plano de conquista? Eu acho pra iniciar eu deveria ter um plano. – ah, decidiu deixar tudo no improviso? Entendi_ sorriu. Eu n**o várias vezes_ nada disso, Des, o meu último relacionamento foi um fiasco total, eu nunca conquistei um cara na minha vida e sempre que eu bobeio, me pego perguntando o que não só Jake, mas meus outros namorados viram em mim. – mas que garota tontinha hein, como você ousa se perguntar algo assim? Você além de ser bonita, tem uma personalidade invejável, é inteligente, comunicativa, corajosa, simpática e uma pessoa de confiança, não bobeie para duvidar de si mesma novamente me entendeu?_ me olha no instante em que eu assinto várias vezes. – mas bem que você poderia me ajudar com o Enzo nem, afinal ele é o seu _melhor_ amigo_ friso a palavra melhor, só para dar ênfase. – mas e que tipo de melhor amigo seria eu se contasse seus pontos frágeis para uma garota? – um melhor amigo que está ajudando uma garota que considera uma irmã mais nova_ repito sua própria frase_ e que deseja o melhor para ele, nesse caso eu_ termino com um sorriso convencido. – quanta modéstia_ debocha. – não bobear para duvidar de mim novamente, lembra?_ retruco e o loiro cai na gargalhada. – você aprende rápido Gabie, mas eu receio que eu não possa te ajudar com isso, em todos os anos que conheço Enzo, ele nunca se envolveu emocionalmente com nenhuma mulher, mas existe uma primeira vez para tudo nem, vai que você é o amor da vida dele_ dá de ombros. – amor da vida? Aí já é muita viagem viu. – nada disso, as vezes o amor da sua vida é a pessoa que mais briga ou implica conosco sabia? – falando em brigar e implicar, você e a Vilma? Rivalidade ou ex amor?_ pergunto morrendo de curiosidade e vontade de mudar o foco da conversa de mim para ele. – nenhuma das coisas, na verdade a Vivi é um tanto complicada, ela não é muito sociável e parece me odiar pra caramba_ suspira. – e por que será? Tem certeza que não fez nada para ela?_ arqueio a sobrancelha. – bem, nada recentemente, mas ela já não gostava de mim quando eu comecei o treinamento para entrar na máfia_ dá de ombros. – tem certeza que não fez nadinha de nada?_ insisto. – bem, eu posso ter beijado ela e depois saído com outra garota no mesmo dia_ confessa me deixando completamente desacreditada, face tal afirmação dele_ mas isso foi a muitos anos atrás, você ainda nem era nascida nessa época. – hahaha, muito engraçadinho_ dou um tapa em sua cabeça. – au_ reclama. – é pra doer mesmo, existe um limite na babaquice e você meu caro, ultrapassou ele completamente. – eu não sabia que ela era filha do meu mentor quando fiz aquilo, sabe quantas flexões e abdominais aquilo me custou? – então você só saiu com outra porque Vilma era a filha do seu mentor?_ sorri. – não, bem, sim mas depois eu me apercebi que fiz uma escolha fenomenal, não seria legal para a convivência se eu e a Vilma tivéssemos tido um relacionamento_ dá de ombros. – não é como se isso fizesse muita diferença agora nem. – aí que você se engana, faz toda a diferença, em outro caso certamente eu estaria morto, mas nesse caso eu estou vivinho da silva e livre pra amar qualquer mulher_ sorriu. – por uma noite nem_ acrescento. – isso é só um detalhe. – você é doido Desmond, é só o que eu posso te dizer_ assinto várias vezes e enquanto ele ri e muda novamente de assunto.
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