Quando Desmond me deixa na frente do hospital agradeço e vou em direção a minha sala para poder me trocar, porém sou impedida por Hannah, a rececionista, que me avisa que alguém esperava por mim e depois me acompanha até o refeitório, onde indica a mesa onde Jake estava sentado.
– o que você faz aqui?_ olho para o loiro.
– nós dois precisamos conversar Gabie_ ele se levanta.
– não, nós não precisamos, então a menos que você precise de cuidados médicos, acho melhor você ir em embora.
– Gabriela_ ele me impede de sair segurando meu braço_ eu sei que você não quer me escutar e eu entendo..._ interrompo sua fala.
– não, você não entende, porque se entendesse não estaria aqui agora_ suspiro tirando sua mão de meu braço_ o que você quer Jake? Eu não entendo, vai me dizer que não queria me magoar? Que sente muito? Ou nem por isso? Jake você não tem nada a me dizer que eu já não saiba_ falo óbvia.
– você pode se sentar e me escutar?_ aponta para a cadeira.
– ok_ dou de ombros e me sento_ me surpreenda Jake_ foco minha atenção nele.
– eu sei que nossa relação já não estava muito legal e te conhecendo como eu conheço eu deveria ter te dito o que sentia, assim como você tentou várias vezes me dizer mas eu não quis ouvir, o problema é que eu sou egoísta, eu não queria te deixar partir e arriscar que nossa amizade desandasse.
– então me trair foi seu jeito de não destruir nossa amizade?
– não, eu te trai e não vou negar esse facto, mas isso não foi porque eu não me importo com você, foi porque eu sou um cretino, i****a e muito e******o.
Um mínimo sorriso surge em meu rosto_ nesse ponto nós dois concordamos_ ele sorri e assente.
– você é minha melhor amiga Summer, eu me odeio por ter quebrado sua confiança em todos os sentidos e eu preferia que enfiassem uma bala em mim, a ter que viver com você me odiando_ ele fala de uma forma um tanto sincera.
– não precisa exagerar Sullivan, um soco no estômago seria o suficiente_ reviro os olhos_ mas enfim, eu acho que nós teríamos sido mais felizes se tivéssemos nos limitado a nossa amizade, não que o relacionamento tenha sido horrível, mas nós realmente nascemos para ser amigos e não namorados_ confesso_ eu ainda não perdoei o que você fez mas certamente vou pensar no seu caso_ me levanto.
– te ter pensando no meu caso já é muito_ ele também se levanta_ eu sei que você precisa trabalhar, então eu vou indo_ esfrega as mãos, um clássico sinal de que ele estava sem graça.
– até mais Jake_ aceno para ele e sigo de volta ao hospital, agora podendo ir ao meu escritório me trocar.
•••• [Manhã seguinte]
Fecho a porta atrás de mim e caminho até a sala_ tem alguém em casa?_ pergunto um pouco alto.
– Gabie_ um abraço de Lena me surpreende e acabamos as duas jogadas no sofá_ desculpa, eu me animei_ fala rindo.
– eu também senti sua falta, mesmo tendo te visto não faz nem 2 dias_ me sento melhor no sofá e jogo minha bolsa do lado_ fala aí, temos muito tempo antes de podermos ver o Ayler, faremos o que?_ a olho curiosa.
– que bom que você perguntou, primeiro você vai subir lá, tomar um banho e descansar, quando acordar eu preparo seu café da manhã bem caprichado e nós ainda iremos ao salão, isso se der tempo, para depois formos ver o Ayler_ fala cada coisa contando nos dedos.
– meu Deus, um café da manhã caprichado? Nem é meu aniversário, estou emocionada_ limpo lágrimas imaginárias e recebo uma almofadada no braço.
– vai logo sua doida, antes que eu mude de ideia_ ela ameaça rindo, e como reação eu saio correndo em direção ao meu quartinho querido.
Escolho uma roupa qualquer e vou tomar um banho quentinho no banheiro do lado, depois me troco e volto para a sala de estar. Mesmo sob os inúmeros protestos de Lena para que eu dormisse um pouco, consigo a convencer a me deixar tomar o café da manhã e irmos ao salão, pois estava sem sono algum e preferia mil vezes fazer outra coisa qualquer.
Após comer e me arrumar, fui junto de minha irmã para o salão de uma amiga dela.
– Eleninha_ as duas se abraçam.
– oi Marga, quanto tempo_ minha irmã declara, me arrancando um revirar de olhos para a melosidade de ambas.
– nem foi tanto tempo assim, você veio aqui a umas duas semanas atrás_ falo.
– ah, e trouxe a Gabriela_ Margaret me olha.
– também é um grande prazer te ver_ sorri e ela me puxou para um abraço.
– finalmente, a quanto tempo você não sai pra cuidar um pouco de si mesma hein?_ fala me analisando.
– apenas dias ocupados, mas olha só, aqui estou eu, prontinha para uma mudança radical_ falo animada.
– hum? Ok, vamos começar então, se sentem e me digam o que vocês vão querer fazer nesses maravilhosos cabelos_ como sempre Marga se empolga ao perguntar.
– já sabe o que quer?_ Lena me questiona após se sentar na cadeira do lado da minha.
– eu estava pensando em cortar ele a...
– o que?_ um coro composto por minha irmã, Marga e os 5 cabeleireiros do salão, me olham no mesmo instante.
– Gabriela James Summer falando de cortar seu precioso cabelo? Me belisquem que eu devo estar sonhando_ Romero faz drama.
– hahaha, muito engraçado, agora eu vou continuar, quero cortar ele e destacar as ondas, só isso, nada mais além disso.
– seu desejo é uma ordem princesa, você sabe o quanto eu quis cortar seus cabelos, não vou perder essa oportunidade_ Romero já foi pegando na tesoura e se aproximando_ entra a Gabriela e sairá a Gabie_ se animou e nesse instante começou a trabalhar com meus cabelos.
Como faziam cerca de 4 anos que eu não cortava o cabelo, pelo menos não de forma tão radical, ver ele saindo em pequenos puxos ainda me dava agonia, eu adoro meu cabelo, ele é longo até um pouco acima da b***a e é meio ondulado, pena que muitas das vezes eu o mantenha preso por conta do trabalho e talvez por isso cortá-lo seja a melhor opção.
A cada madeixa retirada eu ficava ainda mais assustada e sem saber se aquela era a melhor escolha, mas como não podia voltar no tempo, tive que me obrigar a relaxar e aceitar meu futuro novo visual.
– pronta para ver como ficou?_ Romero me pergunta sorridente e só consigo assentir, pois nenhuma palavra conseguia sair de minha boca_ ok, aqui vamos_ e ele virou a cadeira na direção do espelho.
Um sorriso surgiu em meu rosto, eu estava deslumbrante, o corte havia caído perfeitamente em mim e sinceramente, eu ficava melhor de cabelo curto do que com o cabelo cumpridaço, tão bem que eu não estava acreditando que aquela era realmente eu.
– o que achou?_ todos me olham em expectativa.
– cara, isso está perfeito, eu adorei_ falo sincera.
– você está linda maninha_ Elena fala sorrindo, enquanto seus lindos cabelos pareciam esvoaçar ao vento.
– você está deslumbrante Lena_ a olho boquiaberta.
– gente, vocês duas estão magníficas, me deixem tirar uma foto dos cabelos de vocês para o meu repertório, por favor_ Marga fala nos admirando.
– claro_ assentimos e fomos até a parte onde a mulher de cabelos rosa escolheu para tirar as fotos.
O que era suposto ser uma foto de cabelo, de repente passou a uma secção de fotos dignas de modelos capilares, eu mesma que não sou muito fã de fotos, estava me divertindo com as ideias doidas de Marga com relação as poses a serem feitas.
– Gabie, seu celular está tocando, seu boss está ligando_ me avisam.
– meu boss?_ pergunto confusa enquanto pego no dispositivo que havia ficado com Romero.
Na tela o nome BOSS brilha incessantemente, mas eu não me lembro de ter qualquer contato gravado desse jeito, não era meu feitio gravar contatos de tal forma então só atendi para acabar logo com minha confusão.
_–demorou porquê?_ a voz de Enzo soa no meu ouvido, me arrancando rapidamente um revirar de olhos.
– claro que seria você_ falo óbvia.
_– não respondeu minha questão_ insistiu.
– eu estava processando quem poderia ser boss, por isso demorei.
_– eu me dei a liberdade de gravar meu contato no seu celular_
– por que boss? Não poderia ser outra coisa qualquer, como seu nome?
_– eu quis assim, mas não liguei para isso_
– e ligou por que?
_– para te avisar que estou na cidade, então quando terminar o que quer que seja que está fazendo, me encontre no hotel Scalibur._
– tá bom, e uma pergunta, sabe se já deram os remédios para a Karoline?_ pergunto antes que ele desligasse.
_– sim ela já tomou e se alimentou, não se preocupe com ela__ seu tom de voz foi mais suave ao falar de sua irmã_ _enfim, o recado já foi dado, adeus__ ele encerra a chamada.
– Lena, eu acho melhor irmos, já deu o horário de visitas_ falo para minha irmã, guardando meu celular no bolso da calça.
– você tem razão, obrigada pessoal_ nos despedimos de todos, pagamos e seguimos para a penitenciária onde depois de uma pequena e rotineira revista, adentramos e nos sentamos em uma mesa esperando nosso irmão chegar.
– eu estou meio nervosa_ confesso esfregando minhas mãos na calça para limpar o suor de minhas mãos trémulas.
– eu também, mas tenho certeza que assim que ele nos ver vai ficar bravo por estarmos aqui_ fala batendo o dedo na mesa de forma frenética_ será que não é melhor se nós formos embora? Eu não quero o Ayler bravo conosco, mesmo ele sendo um i****a, continua sendo nosso irmão mais velho e vai matar nos duas só com o olhar_ fala assustada.
– para com isso, ele nos deve explicações e nós não vamos nos assustar_ falo para tentar não só convencer a ela, mas para mim também_ e mesmo que nós quiséssemos fugir, de certeza que não daria como, ele já está vindo_ falo olhando para meu irmão e a mesma faz o mesmo.
– tá bom Elena, respira fundo_ ele fala para si mesma, começando a inspirar e expirar_ não tá resultando_ choramingou e quase ri de seu desespero, mas me mantive seria e segurei sua mão por cima da mesa.