Minha cabeça gira quando atravessamos a porta de entrada e ele solta meu braço em um grande círculo de pessoas em volta de outras garotas e garotos, reconheço vários e sei que aquilo não seria nada agradável. Onde fui ser enfiada?
- Agora podemos começar – A voz ao meu lado me faz ter náuseas e eu fico parada. - Bem, vocês são os dez escolhidos para dar início ao festividades dos veteranos, que tal falarem o nome de você?
A risada e a música alta me fez me sentir patética.
Fico estática, não consigo me mexer direito.
- Vamos gente – Um loiro fala. - Ou eu sou s***o ou vocês não começaram a abrir a boca de vocês, vamos – Ele ergue um copo e vejo o líquido marrom e quando ele virá.
Quando ele termina de beber as apresentações começam, nove pessoas dizem seus nomes e cada uma parece mais assustada que a outra, os olhares pararam em mim, que fico parada. Meu sangue ferve e eu me irrito e me revolto com o teatro.
- Temos uma rebelde – O loiro se aproxima e me encara. - Qual e o seu nome? Você tem que se apresentar.
Fico calada.
- Eu disse que minha escolha era boa – Eu encaro o cara por cima dos ombros do loiro e tenho vontade de xingá-lo. Nunca odiei ninguém, mas acho que essa vai ser a primeira vez.
- É a única que você trouxe, Riller – O nome dele soa como uma palavra baixa e todos olham para o centro. - Não vai abrir sua boca? - Eu encaro ele e fico parada. - Certo – Ele puxa o copo da mão de uma menina e ergue para mim. - Você é certinha ou vai beber? - Eu ignoro e ele sorri.
Como um maldito teste ele ergue o copo sobre a minha cabeça e me joga, eu sinto o líquido gelado e o cheiro da cerveja.
Não acredito naquilo.
Ele se afasta e ergue a mão, em meio a todos vejo as cadeiras sendo colocadas em uma fileira na parede e o círculo que se abre, o logo da faculdade e o emblema da fraternidade me faz analisar aquilo da pior forma possível.
Eu não queria entrar naquilo, então não precisava estar fazendo.
Precisava sair dali com urgência, estava com a blusa molhada no meio de estranhos e eu nem sabia o que fazer, só que tinha que sair dali.
- Sente-se – Uma garota n***a se aproximou e todos, incluindo eu, foi guiado para as cadeiras, eu me sentei e ergui o olhar para a garota. - Vamos ver quem de vocês fica aqui ou sai, vou fazer uma pergunta básica para cada um, se errarem vão pagar – Ela se aproxima do loiro e o beija.
Ótimo.
Olha onde eu fui me enfiar?!
Quando eu olho para Riller ele me encara sério e eu balanço a cabeça, o amaldiçoou por me levar ali.
A garota começa e as perguntas, são base e que qualquer um do direito devia saber responder, passa por todos, chegando até mim por último.
- A rebelde, sua vez – Ela se abaixa e me encara. - Qual e o pensamento lógico antes de um caso?
Solto uma risada.
- Eu não vou perder meu tempo aqui, querida – Digo com um sorriso debochado.
- Vai ou passa?
Respiro fundo, vendo a movimentação e o olhar dela, temendo agora pelo que vem depois do copo de cerveja.
Não seja alienado.
Porra!
- Você evita ir para tribunal – Repito as palavras que o meu pai tanto dizia e a garota se levanta, faz aquilo com todos, os que não respondem levam bronca com cerveja e os que respondem ficam sentados.
- Só restou quatro – Eu olho para ela, que se vira. - Os que não responderam estão livres – Fico sem entender. - Veteranos odeiam sabidinhos demais – Aquilo me irrita ainda mais.
Eu me levanto e sou empurrada por uma garota.
- Senta ai loirinha, nem começamos – A voz dela está carregada e as pessoas se afastam para que quatro caras se aproximam segurando baldes e sorrindo. - Hora do castigo – Nem tenho tempo de responder, os rapazes se aproximaram e ergueram os baldes, os virando ao mesmo tempo, terminando de me ensopar, enquanto as risadas altas, assovios e gritos eram escoadas da minha cabeça.
O cheiro era forte e aquilo me paralisou no lugar.
Era muito bebida.
- Levantem-se – O loiro voltou a se aproximar, eu fico sentada. - Você não pode me desobedecer.
Eu me levanto, dando um passo até ele e rindo na cara dele de raiva, quando eu explodo eu o acerto no rosto com um t**a minha mão esquerda doi.
- Vai para o inferno – O clima fica quente e vejo alguém me puxar e ele erguer o olhar para mim.
- Isso nunca me aconteceu – Ele abre os braços e gargalha. - Levem eles para o jardim, temos mais uma surpresinha para vocês.
- Eu não vou a lugar nenhum -O mar de gente gargalhar e eu sou empurrada, uma menina me empurra com força, até que eu chegue ao jardim e sou jogada com os outros três, todos garotos, sinto a grama sobre a minha palma e o frio.
Quando o loiro volta ele segue duas garrafas de bebida.
- Olha só galera, somos a única fraternidade de direito aqui, se querem ter paz, ajam como pessoas de bens e não nos desafiar, era só se apresentar e não ter respondido a pergunta lá, vocês são novatos, somos veteranos e todos aqui querem o melhor para vocês, vocês vinheram de suas famílias, vamos receber vocês, mas vocês devem lealdade a mim e essa fraternidade, como a universidade, honrado o nome da universidade como tem sido feito ano após ano.
Eu sinto uma tontura leve pelo o discurso patético.
- Anda logo – A turma grita para o loiro e ele se abaixa na nossa frente.
- Tenho duas garrafas, metade para cada um, vão sair daqui só depois de beber, o que me diz?
Dois caras não pensam muito quando se entreolham e os dois dividem a garrafa, o outro que está ao meu lado olha para mim e suspira, vejo os olhos chocados dele se levantando, pegando a garrafa e virando metade, caindo no chão logo em seguida e se sentando com a cabeça escondida entre os braços.
- Anda garotinha, falta só você – Eu olho para garrafa e uma série de coisas se passaram na minha cabeça, o loiro se levanta e depois Riller se aproxima, ficando ao lado dele e sorrindo. - Viu, eu disse que iria me pagar.
Eu puxo a garrafa e minha cabeça se esvazia e eu dou um passo para frente e fico de cara com Riller, que tem os olhos escuros me olhando.
- Eu – Bebo um único gole e deu um sorriso. - Não devo nada para você ou ninguém, seu i****a – O grito rompeu minha boca e dei um passo para trás e ergui a garrafa rápido, tentaram me afastar de Riller, mas é tarde demais, a garrafa se parte e eu sinto o líquido deslizar e solto o que sobrou da garrafa, dando passos para longe.
As pessoas me olham e eu vejo ele ser segurado, até o loiro me olha com raiva, mas o ajuda a ficar de pé, vejo ele erguer o olhar e a linha de sangue fina descer.
Só com o sangue eu me viro e desvio de todos, depois de acertar uma garrafa naquele cara ninguém fica no meu caminho.
Eu corro.
Corro sem pensar muito.