Tire suas mãos dela - PARTE II

2290 Palavras
Este ainda não é o momento dela saber, mas Pedro será fundamental para os eventos que acontecerão logo mais. Contudo, neste momento, os dois m*l interagiram, não havia dado tempo, pois o celular de Valentina tocou. — Um minutinho, por favor! — comentou. Ela deixou pai e filho um pouco de lado. — O que ainda faz aqui? Vamos embora, o Senhor não precisa ficar numa espelunca dessas, não sei como a Taís permite que more aqui. — reclamou Pedro. — Você não entenderia, eu gosto daqui, das amigas, dos funcionários. É melhor do que o lugar que criei vocês. — Não há dúvidas quanto a isso. É por conta disso tudo que nos formamos e hoje podemos dar algo melhor para você. — Deixe isso de lado, pare de tentar controlar tudo. Você não está em seu escritório. — Não mesmo, é por isso que me aborreço. — encarou. Seu pai debochou de sua cara. — Vamos, precisamos tratar dos negócios da casa. — Não quero saber, você se formou em advocacia pra que? — Ainda preciso das suas assinaturas né pai! — Certo, certo. Isso tudo é muito chato, a sua irmã tem que assumir tudo logo e me deixar descansar em paz. — De preferência num lugar melhor que este, não? — Perdão, era minha mãe! — interrompeu Valentina feliz da vida. Pedro lhe lançou um olhar pesado. Mas ela pouco ligou. — Minha mãe chegou de viagem! Vou aproveitar meu banco de horas e sairei cedo hoje. — Aproveite minha filha, aproveite! Valentina o abraçou e correu para a recepção bater o ponto novamente. — Aos negócios? — questionou Pedro. — Espere um pouco... — disse Sr. Geraldo. Valentina pulava de felicidade como um cachorro pinscher ao ver seu dono. Mas infelizmente, voltou a se arrepiar quando Alberto a segurou por um de seus punhos. — Até que enfim. — Me solt... Valentina não tinha forças para encarar seu agressor. — Me fez passar vergonha ontem. Porque não disse logo que não viu nada? Alberto se aproximava dela sorrateiramente. Nessas horas, nunca tem ninguém, não é? — Perdão? — disse Sr. Geraldo. Alberto rapidamente se pôs na frente de Valentina e o atendeu. — Sr. Geraldo! O que manda? — Quero pedir dois cafés para o meu quarto, ok? — Sim, sim! Logo a Valentina lhe entregará. Tenho que resolver outras coisas por aqui. "Te pego lá fora, estarei esperando na saída". — sussurrou ele. Alberto virou um corredor e Valentina o outro, apressada. "Ela realmente tinha razão. d***a, eu podia ter notado algo assim mais cedo". — pensou Geraldo. Os abusos realmente são assim. Sorte da mulher que consegue fugir. Mas não seria isso que transformaria o céu ensolarado de Valentina num tempo nublado. "Ele não sabe que sairei cedo hoje". — pensou. Valentina bateu o ponto, trocou de roupa e saiu do hotel. "Só para garantir, irei para outro ponto de ônibus". — imaginou enquanto caminhava à um ponto de ônibus um pouco mais distante onde havia um estacionamento logo enfrente. Ela parou enfrente o ponto e esperou pacientemente seu coletivo. Valentina colocou o fone de ouvido, ligou umas músicas no celular e se distraiu. Passaram-se alguns minutos, claro. Os ônibus do Rio de Janeiro não são conhecidos por sua pontualidade. Ela perdeu um tempinho arrumando a bolsa, sentou-se no ponto e se distraiu. Uma pena, pois Valentina, mas uma vez mais, foi surpreendida por seu perseguidor. — Eu disse que iria te pegar aqui fora, não disse? — comentou Alberto enquanto se sentava. — Meu ônibus está vindo. Valentina até que se levantou, sentindo-se segura, mas o ônibus estava lotado e passou direto. Alberto se levantou esfregando-se um pouco nela, mas por medo, Valentina se manteve de costas. — Vou perdoar nosso m*l entendido, só por lhe achar uma garotinha linda que pode se tornar uma mulher incrível. O coração de Valentina podia escutar os pensamentos libidinosos que Alberto tinha. — Adoro a sua postura, sua forma de encarar as coisas. Às vezes me dá vontade de cuidar de você. Valentina sentia a respiração dele cada vez mais próxima. — Eu sei me cuidar sozinha! — tentou mostrar coragem, mas sem se virar. — Mas são tempos sombrios, não acha? Muitas coisas poderiam acontecer com uma garotinha como você. Valentina arrepiou-se. — Eu sei que você gosta, olha como está arrepiada. — sussurrou. Ele alisou o cabelo de Valentina. Uma pequena lágrima não suportou os pensamentos ruins que emanavam da cabeça de Alberto e simplesmente deslizou pelo rosto dela. Ele era tão escroto que não ligava mais em atacar nos corredores do hotel ou em plena luz do dia. Sentia-se seguro, todo aquele lugar era o seu local de caça. — Anda, vai? Eu sei que está sozinha. Alberto lentamente aproxima sua mão da cintura de Valentina. — Quem disse que ela está sozinha? Pedro puxou Valentina como uma boneca de pano a afastando dele. Alberto não teve reação, ele apenas se afastou. — E você, quem é? — A pergunta certa a se fazer é: quem é você e por que está assediando a minha namorada? Alberto engoliu a seco ao encarar Pedro. Ele parecia um armário se comparasse com qualquer homem comum, mas comparado com o rato do Alberto, a diferença de tamanho e força, era ainda mais gritante. Valentina estava envergonhada, mas não podia deixar de sentir-se aliviada. — Perdão, nós só estávamos tratando sobre assuntos do hotel. — Alberto tentou usar sua persuasão. — Tudo bem, mas que isso não se repita mais. — Pedro lhe encarou de maneira ríspida. Alberto pode presenciar todo o arrepio que Valentina sentiu momentos atrás. Agora ele era a caça e Pedro, o caçador. — Eu... Eu... — Alberto tentou fugir dos olhos de Pedro. Valentina estava lá né? De mãos dadas. — Você? — Pedro flexionou a mão aberta em seu próprio queixo, fazendo com que seus dedos estalassem. “Que medo”. — Pensou Alberto. “Que forte”. — pensou Valentina. — Acredite você entendeu errado, somos apenas colegas de trabalho. — respondeu Alberto. O infeliz ainda tentou dar aqueles três beijinhos antes de se despedir, como qualquer amigo dá. Valentina estava sem jeito, mas não queria perder seu emprego. Alberto ainda estava fazendo aquela chantagem de força, não para com Pedro, mas com ela, para Valentina saber quem é que manda. — Afaste-se dele cara, você ainda não entendeu que eu sou ciumento e ela é minha? — respondeu Pedro enquanto o empurrava com a mão direita e puxava Valentina com o braço esquerdo, pra dentro de seu abraço. “Ele é forte demais”. — Valentina se via dividida entre um lobo que queria lhe atacar e um urso que estava lhe defendendo. — Bom... É... Eu vou então... — comentou Alberto enquanto se retirava atravessando a pista. Valentina suspirou aliviada. Mas Alberto era podre demais para deixar algo inacabado assim. — Até amanhã Valentina, conversaremos melhor sobre o nosso segredinho! — gritou. Valentina sentiu uma vez mais o seu coração acelerar. Ela fechou os olhos, levou a mão na altura do peito e pode respirar aliviada. — Sabia que aquele porco não é do tipo de pessoa que deixa uma situação dessas passar em branco. —comentou Pedro. — Não mesmo, sabe-se lá quais são as coisas que ele pode fazer. Os dois trocaram olhares um tanto amorosos por conta dela, mas nada sentimentais por parte dele. Agora, mais calma, Valentina se sentiu agredida pelo perfumante cheiro que preenchia suas narinas. Ela pode finalmente sentir o encantador aroma de jasmim que banhava o corpo de Pedro. Nossa tímida personagem chegou a fechar os olhinhos para apreciar o tão doce perfume. Sem ninguém para atrapalhar. Pedro pode perder alguns segundos de sua existência para admirar a beldade em sua frente. Valentina é o anjinho de nossa história, pois é a mais nova do grupo. Com apenas dezessete anos, ainda é dona um rosto um tanto quanto infantil, realmente parece um anjo com sua pele nevada de tão branca, seus cabelos loiros e brilhantes, sempre acompanhados de um olhar n***o agressivo e calmante ao mesmo tempo. Valentina podia ser a calmaria de um oceano tranquilo, mas também sabia ser a tempestade de um furacão destruidor. Quando se deu conta que ainda estava de mãos dadas com Pedro, puxou sua mão qualquer delicadeza. — O que pensa estar fazendo? Anda me perseguindo também? Por acaso tem noção do que acaba de fazer? — Salvar a sua vida de um molestador? — Não! — Não? — questionou. — Você simplesmente bagunçou a p***a da minha vida! — O QUE? — Eu tinha tudo sob controle! — Sei muito bem quem tinha controle da situação e certamente não era você! — Quieto! Você não sabe o que fala. Fica aí posando com esse terno e gravata, mas não sabe que eu já estudei sobre técnicas de defesa muito bem refinadas! — Você não quer que eu te leve a sério, né? Mulher Hulk? — Agora você já estragou tudo com esses seus músculos todos, não pensa no que fez? Achou que ia se dar bem vindo aqui se intrometendo em tudo? Eu só tenho aquele emprego e aquele bosta vai me despedir amanhã! Pedro observou a fúria da jovem. — Eu sei muito bem como cuidar da minha vida! — esbravejou enquanto cutucava o peito dele com o dedão indicador. Sem acreditar no que estava acontecendo, ele simplesmente cruzou os braços, pois não esperava por uma reação dessas logo depois de ter salvado o coro da garota. — Pra alguém com rosto de anjo, você esconde bem o tridente! — Você não tem ideia dos problemas que me causou incrível Hulk. — Posso ao menos te levar em casa? — É CLARO QUE NÃO PODE! Pedro não sabia reagir, não estava acostumado com as pessoas não aceitando suas ordens. Ele apenas se calou e contentou-se em ficar ali, de guarda até que o ônibus de Valentina aparecesse. Foi um estresse só. Ela bufando de um lado. Ele aborrecido do outro; Ainda bem que o ônibus não demorou muito. — Até outro dia, superman. — debochou. — Até outro dia, mulher-maravilha! — devolveu a piada. Valentina entrou no coletivo lotado, amontoado de gente, enquanto Pedro caminhou calmamente até o seu carro do ano. "Quem ela pensa que é? E porque estou ligando tanto pra isso? Eu nem gosto!" — pensou. Pedro virou a chave, e arrancou com o carro para sua próxima reunião. "Pelo menos sairei desse fim de mundo e irei respirar melhores ares". Ele parou no primeiro semáforo e colocou uma música para relaxar, mas Valentina insistia em manter-se em seus pensamentos. — Mas que d***a também, viu? Porque eu fui me meter? Porque escutei o meu pai e segui aquela fedelha? Eu nem ligo pra isso! Agora ela vai perder o emprego e a culpa é minha. Pedro estava indignado com ele mesmo, não era muito de errar. Aliás, Pedro não errava nunca. Ele puxou de sua bolsa um maravilhoso celular e discou para sua irmã. — Oi meu amor! — Taís? Você ainda precisa de estagiárias? — Também te amo, tá? Um beijo! — brincou. — Não tenho tempo pra isso, me responda, estou no trânsito. — Preciso sim, mas já irei entrevistar uma. — Ótimo, mas preciso de um favor seu. — Sou todo ouvidos meu querido. Pedro estava prestes a pôr um ambicioso plano em ação. Mas por agora, precisamos nos concentrar na reunião de Pedro. Nosso arrojado rapaz estacionou o carro na calçada do lado de fora num luxuoso condomínio residencial da região e logo tratou de encontrar-se no play com uma de suas melhores clientes, mas a mais insuportável delas. Trata-se de Dona Antônia. — Bom dia jovem. — Bom dia Senhora. — É SENHORITA. — brigou. Pedro deu uma de suas leves levantadas de sobrancelhas que dá quando está ligeiramente irritado. — Conseguiu o que eu te pedi? — Meio óbvio, né? O que você pediu, não foi algo trabalhoso, qualquer um podia ter emitido pela internet. A SENHORITA ou o seu filho poderiam ter feito algo parecido. — Não mesmo, o meu filho não é tão ágil como você sabe... Dona Antônia deu uma pausa para respirar. — E além do mais, eu não confio em outra pessoa, se não você. — completou. — Fico lisonjeado, mas sinceramente? — O que foi jovem? — Não acho que a SENHORITA deveria pedir certidão de antecedentes criminais e consulta de SPC & SERASA para todos os funcionários que contrata. É um tanto... Pedro a encarou a fim de buscar uma palavra específica. — Abusivo e ameaçador da sua parte, não acha? — Não mesmo, eu tenho dinheiro, moro numa boa casa e meu filho é incapaz de fazer muitas coisas. Se a empregada passou pelo rígido processo que estabeleci, com certeza ela é capaz de fazer tudo o que quero. — Se a SENHORITA diz. — respondeu Pedro enquanto entregava um envelope. Quem apareceu no play do condomínio foi alguém importante para os fatos, era um jovem tímido, mas extremamente belo. Ele apareceu e tratou de se sentar um pouco distante da reunião para ler "Desilusões e Outras Histórias de Amor", um clássico literário escrito por ninguém mais, ninguém menos que Edmundo. — Este é o Belisário, meu filho. — Já o conheço de vista. — respondeu Pedro acenando para Belisário que acenou de volta. — O obrigo a sair do quarto para ler livros de verdade, escrito por escritores de verdade e não aquelas webnovelas feitas de qualquer forma por fanfiqueiras aleatórias. — implicou. Nós dois sabemos de quem ela está falando, não? Mas isso é coisa para o próximo capítulo.
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