Samantha trouxe uma pilha de documentos para serem assinados e depois revisados pelos diretores.
— Este é o último — diz.
Ao terminar, checo meu celular. Havia duas mensagens de Jason.
Tive alguns problemas na hora do embarque, mas já resolvi.
Assim que desembarcar, ligo pra você. Recebi uma mensagem do meu informante, e acho que essa pode ajudar.
Sentia-me mais aliviada pelas investigações estarem tomando o rumo que tanto queria.
Arrumei minha mesa e recolhi minhas coisas.
— Estou saindo.
— Tudo bem. Até segunda — despeço-me de Samantha e subo para o heliporto.
— Podemos ir senhorita — informa o piloto.
— Ótimo.
Entro no helicóptero e logo ele levanta voou.
Tinha que admitir, a vida luxuosa era realmente maravilhosa. Lawrence tinha bom gosto. Ele realmente sabia aproveitar aos luxos que o mundo oferecia.
Aproveitei a viagem para ligar para Kori, que fazia tempo que não dava notícias. Para minha surpresa, quem atendeu o telefone foi um homem, o que me fez pensar que tinha ligado errado, mas ele me informara que ela estava no banho e que depois retornava.
Mando uma mensagem para Jerry pedindo que ele não se esquecesse de dar notícias sobre ele e Sarah. Ás vezes ficava pensando se ela contara a verdade para ele?
Perdi a noção do tempo observando a bela paisagem e quando percebi, já avistava a velha floresta que um dia serviu-me de refúgio.
Pousando calmamente no terreno plano, joguei o celular na bolsa.
Desci e segui para o carro que me esperava.
Em pouco tempo a velha serraria havia mudado bastante. Ordenei que uma reforma geral fosse feita, para que assim pudesse acomodar melhor os funcionários.
— Boa tarde senhora — cumprimenta um dos funcionários.
— Boa tarde.
Sigo para a porta dos fundos onde tinha menos movimento.
Passo por alguns funcionários e reconheço um em específico.
— Essa é muito boa para móveis, já aquelas, mais densas, são ótimas para telhados — Apollo parecia bem à vontade com os outros funcionários.
Quando percebe minha presença, ele se aproxima.
— Pelo visto já está bem à vontade… — digo.
— Sim, eles são fáceis de lidar.
— São sim. São ótimos homens.
— São. Mas, o que faz por aqui? Já veio fiscalizar meu serviço?
— Não. Eu vim para…
— Savana — Eric grita meu nome e vem até mim — chegou cedo — ele agarra-me pela cintura e me beija.
— Terminei cedo o que tinha para fazer na empresa.
— Que bom, assim passamos mais tempos juntos.
Apollo permaneceu imóvel.
— Eric, este é Apollo, o novo analista de qualidade.
Eric o olha relutante até decidir estender-lhe a mão. Apollo o cumprimenta rapidamente.
— Tenho que terminar de orientá-los, com licença — Apollo se retira.
— Parece que ele não foi muito com a minha cara.
— Não começa… — rebato.
— E eu espero que seja isso mesmo, assim ficamos quites — conclui.
Rio.
Eric permanece olhando para Apollo. Passo a observá-lo também e noto o quanto ele tinha desenvoltura no quesito conversação.
— Está com fome?
— Estou.
— Venha — Eric me puxa.
Olho uma última vez para Apollo, e para minha surpresa ele me fitava.
Seguimos para a área de refeições. Comemos algumas frutas e jogamos conversa fora, até que chegasse o fim do expediente.
— Já volto — Eric se levanta e vai até um homem.
Levanto e sigo até o banheiro do escritório. Quando passo pela porta do vestiário, paro abruptamente.
Um homem terminava de vestir a parte de baixo de sua roupa.
Suas costas eram definidas por músculos que pareciam ter sido ganhos devido ao trabalho árduo.
O homem pegou uma camisa preta e virou para o pequeno espelho na porta de seu armário; jogou o cabelo para trás e passou a mão na no rosto. Ao virar na direção da porta, encolho-me rapidamente, era Apollo.
Torço para que ele não tenha me visto. Saio tentando fazer o mínimo de barulho possível, mas foi em vão
— Precisa de alguma coisa? — pergunta ele atrás de mim.
Viro e meus olhos seguem para seu tórax exposto.
— Eu…
Apollo olhava-me como se esperasse uma resposta.
— Sim…
— Estou indo ao banheiro… — digo.
— Se quiser usar o daqui… Não há mais ninguém.
— Não, obrigada. Usarei o do escritório.
— Tudo bem então. Até segunda.
— Até.
Apollo joga a camisa no ombro e sai.
Solto o ar que estava preso em meus pulmões, e finalmente sinto-me aliviada.
Sigo para o banheiro rapidamente, antes que ele inventasse de voltar apenas para me deixar ainda mais sem jeito.
Lavo meu rosto e sigo de encontro com Eric.
— Onde estava? — pergunta.
— Fui ao banheiro.
— Vamos?
— Claro.
Eric pegou a caminhonete e seguimos para a sua cabana, onde David fizera questão de permanecer com os demais.
— Vejam só quem chegou! — Jim vem até mim e me abraça fortemente — caramba, você está ainda mais linda.
— Obrigada.
— Savana — David aparece, e com ele vem o alívio de ter alguém tão especial por perto — há quanto tempo.
— Verdade, desculpa por demorarmos tanto para vir. Temos estado muito ocupados.
— Entendo — diz sorrindo — venham, precisamos pôr o papo em dia.
Entramos na cabana de David e para minha surpresa continuava do mesmo jeito.
— Parece que foi ontem que entre aqui pela primeira vez.
— Não faz tanto tempo assim — Eric ri.
— Quase dois anos…
— Verdade, o tempo passa muito rápido. E como você está Savana?
— Trabalhando muito.
— Savana? — olho para a porta e sinto meus olhos se encherem de lágrimas, corro na direção de Tyler e o abraço fortemente — há quanto tempo.
— Não faz ideia da saudade que senti.
Solto-o um pouco e vejo que ele continuava o mesmo.
— Você não mudou nada…
— Já eu não posso dizer o mesmo de você — diz sorrindo — você está ainda mais bela…
Tyler olha para Eric e parece se emocionar.
— Irmão…
Ver os dois se abraçarem me deixava ainda mais feliz, pois significava que não havia ficado nenhuma mágoa.
Jim se aproxima e começa a fazer perguntas de como era a vida de um milionário.
— E então, ainda estão tentando ter outro bebê? — engasgo com ar e olho para Eric. Jim percebendo meu desconforto, sorri sem jeito.
— Adorei o trabalho que fez Savana — diz David tentando quebrar o gelo — reformou a serraria, deu trabalho há muitos das redondezas.
— Não fiz mais que minha obrigação.
— Verdade, fez um trabalho maravilhoso.
Sempre que via David, sentia a necessidade de perguntar se ele tinha notícias de Susana.
— David…
— Não, não tive mais notícias… — responde me interrompendo.
Era decepcionante saber que uma pessoa sabia tanto e não queria nos ajudar. Quer dizer, me ajudar. Eric fez-me prometer que desistira de encontrar o filho de Lawrence, mas diante de tudo o que já passei, jamais faria isso.
— Ficarão para o jantar?
— Sim.
— Ótimo, preparei seu prato favorito Savana.
— Porque você não é assim Eric? — bato em seu braço e ele ri.
— Meus dotes são outros, e você sabe disso.
Sorrio diante de seu comentário.
— Podemos ir? — David nos indica a mesa de jantar.
Seguimos todos para a mesa e jantamos como uma bela família.