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1215 Palavras
Cheguei em casa por volta das 19hr30min. — Eric? Vou até a cozinha, mas não o encontro. Tiro os saltos e jogo a bolsa no sofá. Sigo para o quarto e percebo que ele não estava em casa. Tiro a roupa e vou para o banheiro. Tomo uma ducha e enrolo-me no roupão. Verifico o celular — havia duas chamadas de Jason. Estou em casa. Amanhã ligo para você. Eric já deve estar para chegar. Digito rapidamente quando ouço alguém bater à porta. — Oi, sou seu vizinho aqui do lado. Recebi isso hoje de tarde. A pessoa esteve a sua procura, mas como não estava e me viu saindo, perguntou se eu poderia receber e lhe entregar. — Ah, obrigada. — De nada. O rapaz me entrega uma caixa muito bem embrulhada. Fecho a porta e balanço na tentativa de descobrir o que era. Rasgo o papel e deparo-me com uma caixa-preta. Sento no sofá e analiso a caixa por um momento. — Savana — Eric abre a porta. Escondo a caixa debaixo das almofadas, antes que ele a visse. — Onde estava? — Você fugiu e sobrou pra mim ficar na reunião da Diretoria. — Ai que d***a, esqueci completamente. Estava tão focada em conseguir aquela parceria que tanto estamos precisando, que esqueci de todo resto. — E conseguiu? — Depois de quase me jogar nos pés de todos, eles optaram por voltar para a Wood’s. — Tá brincando! Eric se aproxima e me abraça. — Também não acreditei, mas quando chamaram o Diretor-Presidente, vi que tínhamos ganho. — Também, quem resiste a esse seu jeitinho encantador e sedutor? — Não consegui a parceria seduzindo ninguém, consegui mostrando-lhes a maravilhosa oportunidade que eles estavam perdendo. — Sei… O que acha de você me mostrar a maravilhosa oportunidade que estamos perdendo enquanto conversamos? — Pode até ser, mas antes, quero que me responda uma coisa. — O que? — O que deu em você hoje mais cedo? Eric solta-me e fica sério. — Nada. — Não, foi alguma coisa sim. E foi depois de ver o novo analista. Por acaso o conhece de algum lugar? — Não. — Tem certeza? — Tenho Savana — responde rudemente e segue para o quarto. — Ei, o que houve? Porque está agindo assim? Eric permanecia calado enquanto tirava a roupa. — Não vai me responder? — O que quer que eu diga? — Quero que me diga o motivo de estar com essa cara — estava ficando impaciente. — Desculpe-me se não lhe agrada, mas é a única que tenho. — Sabe que não me refiro a isso. Quero saber porque fechou a cara quando viu aquele rapaz? — Você quer mesmo saber? — Quero! — Como se sentiria se saísse de um elevador e me visse olhando para outra mulher, da mesma forma que eu te olho? — O que? — sabia sobre o que ele se referia. — Vi seu jeito. Vi a forma que olhava para aquele homem. E não gostei. — Meu deus, Eric, você está entendo tudo errado e ainda por cima distorcendo as coisas. — Não sou burro Savana, eu vi. — E qual o problema de olhar para outro homem? Vai dizer que não olha para outras mulheres e não as admira? — Uma coisa é olhar, outra coisa é lançar um olhar. Ele segue para o banheiro e eu o sigo. — “Lançar um olhar?” Do que está falando? — Sabe muito bem sobre o que estou falando. E eu não fui o único a perceber, Samantha também notou. — Samantha também notou o que? Vocês são dois cegos. Eric entra no chuveiro e eu abro a porta do box. — Só me diz o que você quer com tudo isso? — indago. — Quero ter certeza de que estou certo. — Certo de que? — De que ao pôr os olhos naquele homem, o contratou não por sua competência, mas sim por querê-lo por perto. — Querê-lo por perto? Tem noção do que está falando? Entendo que ter ciúmes é normal, mas isso, já é paranoia. Conheci o homem hoje e já está tendo ataques de ciúmes e pior, insinuando que o contratei porque o quero por perto? Se quer saber, quero mesmo o Apollo por perto, ele será de grande ajuda na empresa. Saio do banheiro e visto minha roupa para dormir. — Para empresa, ou para você? Olho para ele sem acreditar que ele dissera tal coisa. — Ouça, não vou admitir que insinue algo do tipo contra mim. Estamos juntos há quase dois anos, e nos últimos oito meses, vivemos debaixo do mesmo teto. Eu o respeito e você retribui da mesma forma, mas se agora, depois de tudo o que passamos, você apontar o dedo na minha cara e ter a coragem de dizer que estou me insinuando para outro homem, eu sinto lhe dizer, mas pedirei que saia da minha frente, antes que cometa uma loucura. — Cometer uma loucura? — Sim. — Que tipo de loucura? — Do tipo, avançar em cima de você e surrar sua cara até dizer chega. Eric olha-me por alguns segundos antes de soltar uma gargalhada. — Há quanto tempo não se transforma? Sete meses? Já deve ter perdido a prática. — Não ouse me desafiar. — Não farei. Tentei me manter séria, mas foi em vão. Comecei a rir e Eric me acompanhou. — O que estamos fazendo? — digo — brigando por conta de um estranho? — Culpa sua. — Minha? — Sim, não precisava ficar olhando para o tal Apollo daquele jeito. Aproximo-me de Eric e abraço-o. — Olhando de que jeito? — Do mesmo jeito que você me olha. — Não seja t**o, eu nunca olharei para outro homem da mesma forma que eu lhe olho. — Promete? — Prometo. O que você pensou ter visto, não passou de uma mera ação. Não há nada com que se preocupar. Eric acariciou meu rosto e beijou-me suavemente. — O que acha de passarmos o dia fora? — Amanhã? — ele assente — não posso, ficou algumas pendências a serem resolvidas. Mas quais seriam seus planos? — Nossa cabana… — Na floresta? — Sim, pensei em passarmos o final de semana em Roseburg. — Acho uma ótima ideia — digo beijando-o — poderíamos nos encontrar amanhã. Vou para a empresa, resolvo tudo por lá, e sigo para Roseburg. — Pode ser. Eric apertou-me ainda mais contra si. — Há uma coisa que quero muito conversar com você, mas deixarei para quando estivermos longe de toda essa barulheira. — O que é? — Amanhã eu lhe digo. — Não. Me diz, vai! Sabe que sou curiosa e faz isso. — Faço o que? — Isso — empurro contra a cama e caio em cima dele — me provoca e depois se esquiva. — Eu nunca me esquivo de você. — Então me diz o que é… — Não adianta, não vai conseguir arrancar nada de mim. Sorrio maliciosamente. — É aí que você se engana. Há algo sim que consigo arrancar facilmente de você… — Meu juízo? — rebate rindo. — Não, essa toalha — arranco a toalha da parte de baixo — o que me diz?  — Digo que é uma ótima ideia… 
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