Assim que desço do táxi encaro o prédio e confiro o andar que eu precisaria subir para encontrar j**k e o advogado. Mando uma mensagem pra j**k e ele fala que vai me encontrar no saguão e me levar para o cara que ele havia me falado. Esperava terminar isso e voltar pro campus rapidamente, já havia perdido algum tempo e mesmo tentando recuperar demorava.
Quando entrei no prédio me perguntei por um segundo se estava bem vestida pra estar ali, apenas ergui a cabeça e subi para onde eu devia, um pensamento de estar formada e estar atuando em um escritório em Nova York passou na minha cabeça e me fez rir, seria incrível, muito mais que isso, quando parei no saguão da advocacia, vi as iniciais em relevo e fui até o balcão e antes que pudesse falar algo eu me virei com a voz de j**k.
Me surpreendeu ele alinhado e de terno, não pude deixar de pensar que Louise estaria orgulhosa e muito satisfeita em vê-lo daquela forma. Não havia cruzado com ela desde que voltei, não ainda.
- Que bom que chegou - Me mexi e sorri para o loiro que acenou para que eu o acompanhasse. - Já dei o prólogo do seu caso e ele está te esperando.
- Sabe que vou ficar te devendo uma, não sabe? Além disso foi rápido.
- Que tal... - Ele não precisou falar nada,apenas balancei a cabeça, sabendo mais uma vez que Louise podia estar precisando de conversar ou apenas saber sobre mim, assim como eu precisava dela. - Ficarei eternamente agradecido.
- Pode me dizer quem é o cara, prévia? - Pedi, vendo o corredor ir ficando mais iluminado pelas janelas do chão ao teto e a porta a nossa frente. - Uma prévia sobre, Richard Ventura?
- Ele é incrível Analu, além de ser meu tutor atua em áreas específicas e mista da advocacia, ele está interessado no seu caso.
- Me parece algo tão simples.
- Digamos que ele se interessou quando soube que seu pai era Heid Ross. Ele o conhece do passado.
- Você disse?!
- Claro, ele é meu chefe, transparecia sempre, pronta? Apenas fale o que você pensa em fazer, o resto resolvemos depois.
Quando entramos, eu notei a sala arejada e as vidraças abertas, notei algumas plantas pequenas espalhadas, uma estante que ficava na parede lateral, um jogo de poltrona de couro escuro próximo uma mesa grande e atrás dela um homem, um que falava no celular e anotava alguma coisa rápida, os cabelos eram uma mistura de preto e grisalho. Havia uma camisa salmão e uma gravata preta, quando ele ergueu o olhar, ele encarou j**k e depois me encarou mais demoradamente, continuou falando e me encarando de uma forma que me deixou desconfortável e me fez desviar o olhar.
Ele desligou, dando a volta e se aproximando de nós dois.
- Senhor, essa é Analu, minha prima e dona do caso que falei mais cedo.
- Muito prazer - Ele ergueu a mão pra mim e eu ergui a minha, ele apertou e ficou parado me olhando. Por um segundo ele me lembrou alguém, aquela impressão que eu já tinha visto ele em algum lugar, só não sabia onde.
- Muito prazer - Falei, puxando minha mão e não gostando daquela atenção toda, enquanto ele me encarava como uma obra prima.
- Bem, vamos falar sobre o seu caso, aceita alguma coisa? j**k me falou alguma coisas e me adiantou outra, disse que ajudaria.
- Sim, ele comentou que iniciou o assunto com o senhor.
- j**k, peça pra alguém trazer algo pra nós três, eu vou iniciando a conversa com a senhorita Analu, tudo bem? - j**k balançou a cabeça e em segundos ele saiu, me deixando ali muito observada. Até demais para o meu gosto. - Venha, sente-se.
Me aproximei de uma das poltronas e me sentei, ele se sentou em uma delas e me encarou
- j**k disse que adiantou algo com o senhor.
- Antes de começar, eu quero dizer que você é a cara da sua mãe, que vai ser uma advogada brilhante se for como ela. Eu vou pegar o caso independente de ser fácil ou difícil, digamos que eu não gosto de Heid, além de sua mãe ter sido uma grande amiga minha e do meu irmão, que ela era uma advogada brilhante nos poucos casos que atuou aqui na cidade antes de engravidar e ir embora. Violet sempre foi querida por quem conheceu ela, talvez esteja estranhando a forma em olhar pra você - Ele balança a cabeça freneticamente. - Você lembra ela e.... - Ele para de falar, sorrindo e dando um suspiro fundo. - Vai ser um prazer ajudar a senhorita. Vou me sentindo ajudando ela, mesmo ela já não estando aqui com a gente.
- Você conheceu minha mãe então? - Analiso ele, a forma do sorriso e noto que é como o da tia Rose, vendo uma alegria que me fazia bem, sabendo que minha mãe foi querida de verdade.
- Sim, no outro escritório que trabalhava ela estava na equipe, ela e Heid, ele saiu primeiro e depois ela, assim que engravidou. Depois disso, soube apenas do acidente dela, sinto muito por isso. Sinto muito por não ter tido a presença dela.
- Tudo bem.
- Bem, mas não estamos aqui pra falar do passado, apenas resolver uma parte dele, não é isso?
- Sim - Puxei alguns papéis da bolsa e ergui até ele, que pegou e foi passando os olhos por cada página. j**k voltou trazendo três xícaras de café e entregando uma delas pra mim e se sentando ao meu lado. - Obrigado.
- Pelo que vejo tem um seguro de vida e algumas coisas em testamento.
- Sim, queria posse dessas coisas, eu sei que pode ter novo reajuste em todos, mas acho que tem algo ainda disso disponível.
- Sim, já tentou entrar em acordo verbal?
- Sim, mexi os papéis e ele vai receber meu acordo verbal logo. Bem, espero resolver, mas não sei se pode ter algum problema.
- Por que um advogado, senhorita Analu? - O homem se inclinou pra frente, me encarando. - Conhece bem ele? - Por um segundo me lembrei de Riller em uma das noites, me perguntando a mesma coisa e a resposta era não e sim.
Conhecia boa parte e outra estava conhecendo e nem sabia se conheceria assim tão bem.
-Quero apenas assegurar que as coisas fluam bem, assuntos pessoais tem influenciado muito no que eu sei ou sabia, então acho que vou ter dificuldade nessa parte, mas quero estar pronta com alguém que possa me representar.
- Tudo bem.
- Tudo bem?
- Trabalhei com Heid anos atrás, ele tem sua ambição, profissionalmente e financeiramente, visionário, confesso, mas imprudente nas escolhas e decisões ruins que ele faz por falta de atitude e, me desculpe a fala, falta do caráter.
Analisei a palavra dele, pela primeira vez, eu não quis defender meu pai, parecia que eu não tinha autonomia e nem confiança nele pra isso. Era estranho, mas era uma coisa que não fez diferença pra mim, não tanto quanto eu achei que faria. Era um fato que talvez aquilo procedesse daquela forma.
- Digamos que eu não o conheço tão bem e que agora que estou conhecendo algumas coisas mais íntimas dele e até pessoais.
- Você dizendo isso, devo imaginar que ele agiu de forma r**m de novo, assim como foi com sua mãe, sinto muito por isso. Quero de verdade te ajudar, em algum momento eu tentei ajudar sua mãe, mas Heid sabe mexer seus pauzinhos quando quer. Então acho que se ele tiver interesse nesses bens, ele não vai facilitar.
- Eu entendo.
- Bem, a primeira coisa que devemos fazer é um inventário de tudo, procurar a seguradora e fazer um laudo completo, assim como o tabelião que cuidou do testamento dela e as coisas dela. Acho que isso vai nos dar alguns dias, mesmo que isso seja apenas um acordo entre as duas partes.
- Eu posso cuidar da as seguradora ou tabelião - Falo.
Richard se levanta e começa a caminhar, ainda analisando os papéis.
- j**k irá fazer isso, você apenas cuide de você e do acordo que pode ou não ser feito com ele verbalmente, caso precisa a gente entra com o processo, mas apenas esse inventário vai ajudá-la a ter noção de tudo que envolve testamento e seguro, tem uma quantia alta envolvida.
- Sobre isso, eu preciso saber quando vai pedir. Eu quero guardar um pouco por conta dos estudos ou algum imprevisto.
- Nada.
- Nada?! - Pergunto, surpresa.
- Sim, eu não tenho interesse financeiro no seu caso, isso é mais pessoal. Por saber quem foi sua mãe, acho que se eu cobrar você ou algo assim, ela volta pra puxar minha orelha ou me tacar dessa janela.
- Bem - Bebo um pouco do café e deslizo a xícara pela mesa. - Não sei como agradecer.
- Não me agradeça, você aparecer aqui, mesmo na confusão toda que está a sua vida - Olho de lado pra j**k, me perguntando o quanto ele havia falado, mas ele não me encara de volta. - Ajuda muito, talvez tudo pareça errado nesse momento, mas as coisas podem mudar e ficar tudo bem. Gosto de pensar que todo momento de felicidade vem, mas pode vir um momento de tristeza logo depois. Como um ciclo, coisas boas e ruins acontecem na nossa vida.
Sorri.
Bem, era quase isso.
Vejam, eu estava bem e do nada as coisas já não estavam tão bem assim.
- Eu acho que estou conhecendo esse ciclo, bem nesse momento. Não é lá muito legal, mas é preciso.
- O que vai fazer a diferença é como você reage.
Sorri, era isso. Isso era o que eu tentava fazer de diferente na bagunça toda, reagir da melhor forma possível, tanto se tratando do meu pai, mamãe ou Riller. Ser dura como pedra e ficar de pé.
- Tenho pesado nisso e colocado em prática.
- Bem, você tem um colega pra ajudá-la, ajudarei com muita gratidão.
Suspirei satisfeita, bem, meu pai logo receberia meu pacote e eu esperava ele me ligar ou vir até Nova York, bem, eu iria estar pronta pra decisão dele ou até encarar ele depois daquele fatídico jantar.
Como sabemos, o que muda vai ser a forma como reage.
Eu quero reagir nessa história toda.
Não sou lá uma garotinha.
Bem, não mais.
AVISO - Mais um capítulo fresquinho (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo. Att, Amanda Oliveira, amo-te.