CAPÍTULO 4

1864 Palavras
Quando entrei pela porta da lanchonete, fiquei feliz em ser recebida novamente, durante o expediente ninguém me fez muita pergunta sobre eu ficar uma semana longe. Mas eu agradeci por terem me aceitado de volta pelo meu histórico ali. Pelos céus, agradeci de verdade, como era meio de semana, estava satisfeita de fechar tudo mais cedo e ir pra casa, ainda tinha coisa pra rever e arrumar da semana ausente que eu havia tido. Paty me entregou um saquinho com um lanche e sorriu, ela estava sendo incrível. Eu tentava todo expediente não deixar evidente os problemas, acho que eu havia conseguido e até ali me ajudou a esquecer os problemas. - Vê se come melhor, quando você passou pela porta eu quase pedi a receita que você usou, tem que comer, mesmo com os problemas que surgem sem a gente esperar, o corpo ainda precisa de atenção. Não sei o problema que você passou nessa semana passada, mas saiba que tem que ficar bem para os próximos problemas - Ela sorriu e eu sorri de volta. - Obrigada - Falei, erguendo o saco pra cima. - Nos vemos amanhã e trate de entrar na linha mocinha - Balancei a cabeça,agradecendo imensamente pela empatia ali. - Quer ajuda pra fechar? - Não, Wallace está empilhando algumas garrafas ainda, ele me ajuda. Pego minha bolsa no balcão e saio dali, antes que consiga virar a esquina pra fazer minha caminhada pra casa, vejo uma figura parada do outro lado da rua, fico parada encarando o cabelo preto bagunçado, a roupa desalinhada e o rosto abatido, de uma forma que eu não havia visto tão abertamente, sem maquiagem e nem nada, atravessei e fui me aproximando de Louise. Louise não se mexeu, ficou parada me olhando, estava com um moletom da fraternidade e uma calça, os pés estava com um sapato que ela nunca usava e eu comecei a me preocupar quando notei os olhos fundos e vermelhos que olhei, assim que estava bem próxima dela. Era ela, bem na minha frente, depois da bagunça toda. Estava bagunçada, eu entendia ela. - Louise - Falei. - Analu - A voz dela saiu tão baixa que eu senti todas as vezes que j**k disse pra eu falar com ela. Não havíamos nos falado desde o dia que havia descoberto sobre Riller e ela. Olhando ela agora, eu sabia que ela estava baquiada e eu apenas queria o sorriso dela de volta naquele rostinho lindo. Não era apenas eu envolvida na história toda, ela ainda mais. Além dos problemas que tínhamos, havia antes daquilo uma amizade, eu queria isso ainda. Louise era verdadeira e feliz, tinha um carisma incrível. Pessoas assim eram boas pra amizade. Me aproximei dela e a abracei, fortemente, apertando ela como um urso gigante, tentando passar um pouco do que eu havia conquistado nesses dias depois de toda aquela confusão. Confusão que nem era nossa culpa, mas nós envolvia. Tentei passar um consolo ou uma alto confiança, talvez não apenas isso, mas falar que independente daquilo, se ela ainda quisesse, poderíamos ser amigas. - Que bom que não está com raiva de mim - Senti ela fungar no meu ombro e depois escutei o soluçar dela, enquanto ela chorava baixinho, acariciei o cabelo dela e fiquei apenas ali, até ver que ela se afastou e me encarou, puxou um lenço e assou o nariz ali, sorri com a atitude que no normal dela, ela não faria. - Eu estou h******l, eu sei, as coisas estão uma bagunça e eu não estou bem, essa história de meu pai não ser meu pai, de minha mãe ter mentido sobre isso, você e Riller, eu sinto tanto, mas tanto! - Relaxa, eu e Riller estamos nos cuidado como pode, vamos sair dessa, só um ajudar o outro - Olhei para a rua que estava cada vez com o movimento reduzido e suspirei. - Vamos pra casa, lá é pequeno, mas sempre tem um canto pra quem precisar, acho que você precisa e eu também. Que tal? Falei, com um receio dela recusar ou até não se sentir confortável, mas ela deum um sorriso no meio do choro todo e me encarou. - Eu preciso falar um coisa antes - Ela fez uma pausa e se mexeu, impaciente, pegando minha mão e encarando eu no fundo dos olhos. - Diga - Ela deixou mais algumas lágrimas cair. - Não tem sido apenas isso que está na minha cabeça - Fico parada e passo a mão dela por baixo do meu braço. - Vamos, no caminho você me conta, tenho um bom lanche pra nós duas e uma geladeira com mais algumas coisas doces e salgadas. Meu dia foi cansativo e acho que o seu também. - Eu estou a ponto de pular da ponte. - Eu também pensei em fazer isso Louise, mas não é lá muito legal. Já viu como ficamos depois de uma queda dessa? É h******l demais. - Boba. - Tenho usado umas piadas ruins pra ficar bem. - Eu não consigo, tem muita coisa acontecendo na minha vida... Na nossa, Ana. - Fica sendo o tal do ciclo bom e r**m acontecendo - Falo. - Está parecendo meu tio falando, mas eu estou esperando isso acontecer. Embora vai demorar, vejamos. - Ela para de andar e eu olho para ela. - Estou de sete semanas, bem, daqui umas trinta e três semanas pode vir a parte boa do ciclo. Demoro alguns segundos pra entender do que ela está falando, mas eu entendo, não só eu. Mas penso em outras coisas antes, não entendendo de imediato o óbvio. Abro e fecho a boca com a fala dela e vejo ela começar a chorar de novo, mas não entendo aquilo ou algo buga minha mente todinha diante o rosto dela e o que ela fala, ainda mais quando relaciono aquilo com ela ali na minha frente, descendo o olhar pra barriga dela e depois para o rosto. Tenho vontade de sentar pela notícia e me choco com a informação, Louise só fica me olhando, sem dizer nada, balança a cabeça em a positivo para responder uma pergunta mental que eu estou fazendo. Você está grávida? Louise está grávida? - Meu Deus do céu! - Abro e fecho a boca, quase grito. - Essa foi minha reação, eu fiz o exame de sangue no hospital no dia do acidente, peguei faz alguns dias o resultados, um pouco antes daquela noite. - j**k sabe disso? - Pergunto, estou chocada, mesmo Louise tendo seus 21 anos completos eu não via ela com um bebê, além disso ela nem estava planejando isso. - Isso é planejado, certo? Ela balança a cabeça em negativa e aí sei que ela está com a cabeça cheia também, com uma vida dentro dela. Não sei se parabenizo ou faço outra coisa. Estou sem reação como amiga dela. O que eu devia fazer? Pelos céus, eu não sabia nem o que falar. - Estou pensando em um jeito de contar. - j**k, eu vou ser mamãe e você papai - Dou uma risada nervosa. - Essa foi h******l. - Sim - Voltamos a andar em silêncio. - Riller? - Nem sonha. - Bem, j**k já fez um filho, não vai precisar... Você sabe. - Analu?! - Riller vai pirar e j**k também, mas passa e eles vão entender, além disso ele gosta de você e é isso. - Não estou pronta pra isso ainda, a ideia está me consumindo f**o e ainda tem os problemas com a família. Tenho uma faculdade pra fazer também, falta muita coisa. - De certa forma, eu vou ser tia - Dou um sorriso triste. Louise me encara de lado e da um suspiro. - Eles são dois mentirosos, me pergunto se o nome da minha mãe é mesmo Cristina, eu ainda confiava nela, mesmo com os problemas com Riller, mas depois disso, eu entendo meu irmão e a revolta dele. E se for isso que meu pai soube antes de... Você sabe. - Sinto muito. - Também soube sobre você e Riller, não sei nem como vocês estão lidando com isso, eu tento conversar com ele, mas ele não fala nada. Ele está fechado pra qualquer coisa - Por um segundo lembro dele e do dia, do encontro no meio daquela chuva toda, penso em comentar, mas escolho não falar nada. Riller era individualista muitas das vezes, principalmente pra sentir, não o julgava, eu fazia quase igual. - A culpa não foi nossa, mas vamos lidar com isso. Não falamos nada, quando chego no prédio subimos direto para escada em silêncio até atravessar a porta e entrar no apartamento. - Sabe o que me deixa mais triste nessa história, além de toda mentira, desculpa se vou trazer lembranças ruins e até remexer nisso. Eu nunca falei isso pra você, mas meu irmão estava diferente, por um tempo não sabia o motivo, até ver ele te olhando. - Louise... - Ele negava, claro, mas eu sabia que era sobre você. Ele me disse no dia que voltaram de viagem, ele estava sorrindo tão feliz, mas tão feliz. Ele estava gostado de você, eu nunca vi ele gostar de alguém assim, não de uma garota. De noite eu vi ele totalmente o oposto. - Eu imagino, a gente deixou rolar, mas não sabíamos disso tudo. - Fiquei com medo dele sumir, ainda mais depois da cena com Heid, ele odeia aquele homem desde criança. Eu... Eu... Fiquei com medo dele fazer besteira, mas não, a única coisa que ele pensou quando soube foi apenas duas, isso me deixou feliz e triste. - O que quer dizer? - Que quando soube ele se preocupou apenas em mim e você, em como íamos nos sentir. Riller conversou comigo tanto, mas tanto. Mas eu vi que a preocupação dele com você estava o deixando maluco, ainda mais quando você sumiu e ninguém falava nada. - Eu precisava de um tempo. - Eu sei, você e meu irmão tem tanta coisa em comum. - Talvez seja... - Não acredito nisso. O que tiveram foi de verdade pra ele, agora olhando para seus olhos, vendo eles brilhantes e quase vendo você chorar, sem nem perceber ao falar de Riller, isso foi verdadeiro entre você e ele. Eu sinto muito por isso. Só quando Louise fala, eu percebo meus olhos cheio de lágrimas, prestes a caírem. Suspiro fundo e me movo. - Isso é complicado - Eu falo, não querendo entrar em detalhe ou pensar em Riller e ver a mente me trair. - Vamos comer? - Pode os pedir algo com azeitonas e atum? - Ela sorri e eu balanço a cabeça. - j**k e Riller vão pirar - Falo, abrindo um sorriso. - Estou aqui para o que precisar e puder fazer por você e a criança. - Estou aqui por você, Analu. AVISO - Mais um capítulo fresquinho (finalmenteeee), para ficar por dentro adicione o livro na biblioteca, comente sempre nos capítulos para eu poder saber o que vocês acham e deixe o seu voto maravilhoso ou me sigam para receber novidades e atualizações. Até amanhã com mais um capítulo. Att, Amanda Oliveira, amo-te.
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