Pré-visualização gratuita Capítulo 1
Joana olhou para o grande prédio de tijolos vermelhos, sua segunda semana na escola técnica Elite começava, coração a mil e um friozinho na barriga atacava toda vez ao entrar pelos portões de ferro azul com o brasão da instituição. Subindo os três degraus da entrada do pátio ajeitou a alça da mochila em seu ombro. Conferiu três vezes o seu conteúdo antes de sair de casa, pois, na semana passada esqueceu um livro, devido a sua pressa em sair de casa. A sorte dela foi sentar ao lado de Erick, gentilmente dividiu o material de estudo, conquistando seu primeiro amigo.
De temperamento gentil e animado, Joana encontrou alguém que gostava das mesmas coisas, começaram um papo sobre os acontecimentos recentes, a perda do Brasil na copa, a menina amava esportes. Erick nem tanto, por isso ficava a admirando enquanto falava sem parar sobre os jogadores e os times, quando entraram em livros, finalmente o garoto conseguiu opinar e contribuir com a conversa.
Erick não acreditava que Joana se dirigia a ele. Sendo, em seu ponto de vista, uma linda menina, uma ninfa igual aos seus jogos de RPG, com cabelos encaracolados pretos, sua pele dourada, boca rosada, pequena e de olhos brilhantes. Ela não se importava com seu jeito quieto, o rosto cheio de espinhas, membros magros e voz em transição um tanto quando aguda aos ouvidos de outros.
No ano passado ao fazer uma apresentação de trabalho na frente de sua turma, sua voz desafinou e alguns meninos começaram a chamá-lo de pato rouco. O apelido pegou e as circunstância de como surgiu e um seleto grupo de alunos começou a pegar no pé dele por isso, fazendo sons de quack, quack, por onde passava.
— Erick! — Acenou Joana ao avistar o amigo perto dos armários dos estudantes.
Erick gostaria muito de estar com a sua câmera naquele momento, aquela que pegou as escondidas da escola e nunca devolveu, para ilustrar a sua visão, gravar o momento precioso do deslizar dela pelos corredores, o movimento do seu cabelo sempre solto, um sorriso gentil, as pessoas aos seu redor olhando-a de relance.
No Elite havia poucos armários, nem todos os alunos tinham a oportunidade de ter um, mas Erick tinha conseguido arrumar o cadeado da porta ao lado, pertencente a um aluno transferido no fim do primeiro semestre. Isso só foi possível, pois quem controlava os armários e com a bagunça era fácil os alunos trocar ou burlar a fila, assim passou para Joana, não corria o risco de alguém indesejado se instalar ao seu lado.
— Oi, Joana! — Respondeu o menino ajeitando os óculos grande em seu rosto.
— Que bom que você veio. — Joana tirou a mochila e a colocou no chão, abriu seu armário de ferro e foi colocando os vários livros recebido no ato da sua matrícula, todos eles para frequentar as aulas, alguns de segunda mão já com as respostas para as questões. — Céus, nunca vou te agradecer o bastante por ter conseguido um cantinho para mim, essa mochila está pesando horrores. Acho que a escola quer nos formar em halterofilistas só pode. — A moça deixou somente os livros das matérias do dia e em seguida fechou o armário. — Eu vi que estreou um filme legal no cinema, mas eu não sei como chegar lá e meu pai não vai me deixar ir sozinha, então...
Erick não prestava a atenção na amiga, olhava fixamente para o grupinho caminhando na direção deles compostos por Caio, capitão da equipe de basquete, Shiro, pivô, Ayrton, o armador, Benta e Regina, líderes de torcida. A escola Elite, além de oferecer ensino técnico profissionalizante, tinha o melhor time de basquete de todo o estado, invicta há seis anos consecutivos tem muitos ex-alunos que participaram de olimpíadas, um grande orgulho para todos.
Shiro olhou bem para Erick e fez um movimento com a cabeça, o menino já sabia que precisaria sair de lá o mais rápido possível, senão as consequências seriam bem ruins para ele. Como da vez em que cometeu o erro de sentar na mesa geralmente usada pelo grupo, além de perder o almoço ganhou uma ida até o banheira e sua cabeça no vaso sanitário.
— Tenho que ir. — Erick fechou o armário e começou a se afastar da colega.
— Espera. — Joana que conferia mais uma vez a mochila não reparou do clima tenso ao seu redor. — Vou com você e podemos falar do filme.
— Tenho que ir à secretaria. — Erick apressou o passo indo em direção oposta do grupo. Joana olhou para as costas dele e disse:
— Erick, está indo para o lado errado. — O menino continuou seu caminho sem se importar.
— Olá! — Caio apareceu na frente da menina.
Jesus! Que gato. Olá docinho. Joana olhou para cima, a diferença de altura deles era gritante.
— Oi. — As bochechas de Joana adquiriam um tom rosado. O menino a sua frente, vestido no uniforme de educação física, composto por camiseta regata daquelas bem cavadas e calção do time da escola. O olhar dela foi desde os cabelos pretos cortados baixinho, peitoral largo, braços musculosos, cintura estreita e pernas longas.
Eita! Será que ele é realmente aluno? Parece bem mais velho. Pensou Joana ainda o encarando.
— Sou o Caio. — O rapaz apontou para os amigos. — Shiro, Benta, Regina, Ayrton. — As meninas vestiam roupas de líder de torcida, algo que Joana achava meio americanizado.
Bonito as cores, mas não me vejo em minissaias e com tops tão justos. Joana analisou as meninas de cima abaixo. Precisa mesmo andar pela escola vestidas assim? Desviando seu olhar delas e foi para os meninos, sabendo que a escola tinha os melhores jogadores de basquete não precisava pensar muito.
— Vai ter jogo? — Perguntou Joana. Caio balançou a cabeça para cima e para baixo concordando.
— Sexta, primeiro jogo do segundo semestre, rumo ao sétimo título. — As feições de Caio mostrava o quão seguro de si estava em conquistar a mocinha. Cara, como é linda, será que tem namorado? Ah! Mas se tiver ele já perdeu. Pretendo investir pesado, já sei que gosta de livros e pelo que ouvir filmes também, preciso de mais. — Vai me ver?
— Vou ver o time. — Joana não conseguiu se conter, o garoto em sua frente estava se achando, precisava diminuir um pouco de sua autoestima, conhecia o tipo dele, em sua outra escola ficava cercada de atletas por gostar muito de esporte, mas nunca saiu com ninguém por não suportar o ar de: “sou o melhor”. Shiro deu uma tossida, para segurar a gargalhada que iria dar, o fora que o amigo levou da menina seria relembrando por ele muitas e muitas vezes.
— Depois do jogo vamos fazer uma festa, para comemorar. — Benta disse chegando perto de Joana. — Você está convidada. — A loirinha olha-a categorizando-a em uma possível rival. Torceu intimamente para que Ayrton ou Caio se interessasse por ela assim Shiro não a largaria para tentar conquistá-la, não ligava muito sobre as escapadinhas dele enquanto ela fosse a oficial.
O sinal indicativo que as aulas iriam começar soou. Alunos no corredor foram para suas respectivas salas.
— Tenho que ir para aula… — Joana começou a falar, tentando se livrar de responder a pergunta da colega, algo dizia para ela ficar longe daquele grupinho. Talvez seja cisma minha, mas Erick não tinha falado muita coisa deles e ao que parece são os reis do pedaços.
— Vou com você. — Benta pegou a mochila de Joana e entregou para Caio. — Fazemos aulas juntas, sentou mais para fundo e você está ao lado do esquisito. — Joana ficou olhando para sua mochila tentando processar o que estava acontecendo.
— Quem? — Caio colocou a mochila Joana em seu ombro e todos começaram a andar, Shiro levava a de Benta e Ayrton de Regina.
— O Erick, dizem por aí que ele tem algum problema psiquiátrico, ou seja lá o que, tem cuidado. — Encaixando seu braço no de Joana Benta respondeu.
Joana retirou o seu braço franzindo o cenho. Não fazia sentido em sua cabeça o amigo ter alguma doença, acha um pouco tímido, quase não falava e sempre observava seu redor. Ela sempre puxava conversa e tentava fazê-lo se soltar mais. Erick se tornou um projeto, decidiu que faria se socializar mais.
— Não é nada disso. — Caio desmentiu a amiga. — O cara só um daqueles nerd que adora vídeo game e essas coisas. Vocês pegam no pé dele atoa.
— É porque não o pegou encarando seus s***s. — Regina se pronunciou.
— Regina, todo mundo olha para os seus p****s depois que colocou silicone. — Ayrton colocou o braço ao redor dos ombros da menina. — Quando é que vai me deixar testar essas belezinhas, se os médicos não fizeram nada de errado?
Puta que pariu! Isso é jeito de se falar? Joana achou um absurdo a maneira do rapaz falar com a menina e nenhum dos amigos parecia se importar da forma misógina com que Ayrton falava. Caio revirou os olhos, Benta estava mais interessada em se pendurar no japonês que cobiçava o decote pronunciado da ruiva.
— Larga de ser s****o, tom. — Regina tirou o braço dele e o chamou pelo apelido. — Estou falando que o esquisito estava na janela do vestiário nos olhando.
— Então foi por isso que ele foi parar na diretoria? — Shiro perguntou.
— Desculpa, mas custo a acreditar que Erick tenha feito isso. — Joana cruzou os braços e começou a bater o pé, sua expressão mudou, demonstrando o seu descontentamento com as insinuações.
— Foi ele sim, mas não teve provas então foi nossa palavra contra a dele. — Benta concordou.
— Como...
— Pessoal, vamos nos acalmar. — Caio pediu. — Pode ter sido qualquer um e isso já é passado.
— Sinceramente eu não sei de quem estão falando. E vocês disseram que não tem provas, então pode parar por aí. — Joana, olhou para Caio agradecendo pelo menino ter defendido seu amigo. Ganhou um ponto comigo. — Gostaria de que parassem de chamá-lo de esquisito, cada uma age de maneira diferente e Erick é um cara legal, super inteligente e divertido, só porque não se enturma fácil não quer dizer nada.
— Calma, defensora dos fracos e oprimidos. — Shiro gozou da moça. — Só estamos contando alguns fatos que ocorreram, pode perguntar para qualquer um da escola, a resposta é a mesma.
— Me traga provas que irei concordar com você, todo mundo é inocente até que se prove o contrário. — Joana retrucou, fazendo Shiro apertar o maxilar um pouco mais forte, odiava ser contrariado.
O grupo chegou na sala de Benta e Joana. Shiro entregou a mochila para a menina e deu um selinho nela, Caio foi até Joana e entregou a dela.
— Nos vemos no almoço? — Caio mirou na boca de Joana antes de focar em seus olhos castanhos. Bravinha, não deixa ser intimidada, tem pensamentos próprios e não quer agradar ninguém, senhorita Joana está cada vez mais interessante.
— Pode ser. — O coração de Joana vacilou uma batida. Algo no ar mudou, nunca se sentiu assim, como se estivesse descendo uma montanha russa e ao mesmo tempo comendo uma fatia generosa de bolo de cenoura, seu preferido, sua mente procurava definir as coisas.
Vamos lá, ele é lindo, mas convencido. Atleta e seguro de si, porém defendeu Erick dos comentários maldosos então tem bom coração, apesar de andar com os amigos escrotos, a qual tem interesse por mim. Não sou de família rica com as meninas, pois é óbvio para mim que os adidas que a n***a usava não são falsificados e fazer uma cirurgia para colocar silicone não deveria ser barato.
— Uhhh! — Benta puxou Joana assim que entraram na sala de aula. — Parece que você abalou as estruturas de Caio. — Graças a Deus, Regina vai ficar p**a da vida, mas é bem melhor assim, ela que fosse afogar as mágoas com o instrutor novinho de pilates da mãe dela.
— Eu? — Joana olhou em direção ao Erick, viu seu rosto esperançoso e seu lugar de costume. Quando o garoto a viu com a líder de torcida virou a cara encarando o quadro verde.
— Você, faz tempo que não o vejo com os olhos compridos para cima de alguém. — As meninas se sentaram. — E ficou me perguntando de você. — Uma pequena mentira da loira.
— Mas ele nem me conhece…
— Então para de ser boba e aproveita. — A professora entrou na sala de aula desejando bom dia para todos. — Ele é um cara super legal, estudioso, o melhor jogador de basquete que temos. — Joana começou a colocar suas coisas em cima de sua mesa, sentada atrás de Benta, seus pensamentos foram para o garoto que começava a mexer com ela.
— Posso saber por que está vestida assim? — Joana sussurrou, precisava mudar o foco do assunto, não se sentiu bem com aquela atenção que obteve. Bem, se o que Benta está falando é verdade, o grupinho está me cercando por causa do amigo, porque realmente não me encaixo na turma, não sou atleta, nem de longe líder de torcida e muito menos rica a ponto de comprar coisas tão caras. Joana olhou por cima do ombro de Benta notando as famosas marcas de materiais escolares que sempre cobiçava quando ia comprar os seus no começo de cada ano.
— Teve treino de basquete e das líderes de torcidas antes do começo das aulas e Shiro adora me ver no uniforme. — Benta deu uma risadinha. — Você devia tentar tem o biótipo que precisamos.
— Que seria? — Joana abriu o livro da matéria na página indicada pela professora.
— Magra e bonita, tudo bem que precisa perder uns quilos, vou te passar uma dieta...
— Obrigada, estou muito bem assim. — A professora começou a explicar a matéria e as duas garotas ficaram em silêncio prestando a atenção.
***
Caio em sua sala, permanecia disperso, a imagem de Joana rindo de algo, o jeito dela levar a mão e esfregar sua pequena orelha quando concentrada ouvindo seu walkman.
A viu pela primeira vez na biblioteca quando foi devolver um livro, no primeiro dia de aula, ele esqueceu de devolver antes das férias, estava xavecando a bibliotecária para não aplicar a multa de atraso quando sentiu um perfume floral delicioso ao olhar para sua direta viu a menina nova se sentar em uma cadeira e puxar uma revista e o aparelho de som, ao está pronta, começou a ler e mexer os dedos conforme a música.
Todos os dias da semana passada a moça fazia a mesma coisa e Caio a observava, cheio de perguntas sobre ela. Quando seus amigos o questionaram o do por que ir tantas vezes na biblioteca ele contou sobre Joana. Benta falou que estavam na mesma sala e o rapaz não deixou a amiga em paz querendo saber tudo.
Durante o final de semana, enquanto fugir da sua casa para treinar basquete. Se sentia preso dentro da própria casa, seu pai tentava de tudo para envolvê-lo em atividades que “aproveitaria” melhor seu tempo, como ir pescar na represa, treinar tiro com os amigos militar, mesmo aposentado e o coronel do exército brasileiro mantém seus contatos ativos, caçar ou qualquer coisa de “homem”.
Caio a muito tempo atrás não se importava em nada com o que o pai falava dele, fazia o pensar que seguirá seus passo e se tornaria um perfeito soldado, mas seus planos sempre foi outros, iria fugir de casa, tinha uma boa quantia de dinheiro escondido, vendia cola, fazia trabalhos para todo o time de basquete, manter todos com notas azuis seria um benefício para ele e o time.
Aquele final de semana estava sendo diferente, sentado na arquibancada da quadra onde praticava, Joana não saia de sua cabeça, durante a semana tentou de várias maneira chamar sua atenção em todo o seu tempo livre, mas sempre estava com Erick ou na biblioteca, parecia fugir dele sempre que podia. Então criou uma estratégia a de não fazer nada, mas sempre está por perto.
Na segunda-feira ao avistar Joana no corredor, correu logo para conhecê-la. Ouvia falando com Erick sobre filmes contabilizando um ponto em seu sistema de classificação de garotas. Para ficar com alguém a menina no mínimo deveria passar com louvor em seu sistema de pontos, Caio gostava de ser conectar de maneira intelectual com as pessoas ao seu redor, andar com o grupo foi algo que aconteceu por acaso, assim que passou na seletiva de basquete ainda na sétima série sendo o jogador mais novo da equipe, todos os olhos recaíram sobre ele, quando dois anos depois Ayrton e Shiro entraram se juntou a eles por causa da idade.
Na semana seguinte ao avistar Joana falando animadamente com Erick ficou pensando como seria está no lugar do menino, sem ter um pai e um destino traçado, ser o melhor aluno para continuar no time e poder passar na prova da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). Só queria ser jogador de basquete e seu pai desejava a ele um cargo no alto escalão, acima de coronel. Completaria dezoito anos dali a dois e seu futuro iria mudar querendo ele ou não ou seria um soldado ou fugitivo de casa.
— Olá de novo. — Joana apareceu ao lado dele no corredor indo em direção ao refeitório. — Está indo lanchar?
— Olha quem aceitou meu convite. — Caio sorriu.
— Não tive opção, Benta me arrastou. — Joana revirou os olhos fingindo contrariedade e depois gargalhou. — Queria lanchar com o Erick, mas ele fugiu de mim, será que estou com bafo ou algo do tipo?
— Você cheira a manga. — Caio chegou mais perto dela. — E mais algo, outra fruta.
— Coco, isso é do meu shampoo e não da minha boca. — Caio segurou o braço de Joana a fazendo parar no meio do corredor.
— Preciso verificar isso também. — Ele desceu seu rosto até que seus narizes quase se tocaram, olhando fundo nos olhos dela e aspirou por um instante. — Sinto cheiro de morango e hortelã.
— Err... é o meu brilho labial. — Joana disse em um sussurro.
— Você não tem bafo, cheira a uma deliciosa salada de frutas. — Caio se ergueu e soltou o braço dela e ambos soltaram o fôlego. Calma amigão, vá com calma, essa garota não é igual as outras que você estala os dedos e vem cantarolando para seu lado. Amante de filmes e livros, gosta de esportes, não liga se está na moda, prefere falar de política, meio ambiente, do que de novela e afins. Caio apontou o caminho e deixou Joana passar. E uma bundinha maravilhosa também[AC1] [Gs2] .
***
Ao longe Erick via sua nova amiga se encantando por Caio, ele fechou as mãos e punho querendo socar algo ou alguém, mas nunca teria chances com o grande capitão de basquete e seus amigos.
A semana toda tentou a evitar, mas Joana não facilitou, fez Benta se sentar na frente dele enquanto ela voltou ao seu lugar a seu lado. Toda vez que saia para o intervalo queria arrastá-lo para junto do grupinho. Uma única vez aceitou o convite e o resultado foi um puxão de cueca de Ayrton na saída e ameaça que se aquilo acontecesse novamente de Shiro.
Claro que nem Joana ou qualquer professor viu isso e para o recado ficar bem claro alguém entupiu todas as privadas e pintaram os espelhos com a frase: Saco de ossos fique longe. Erick sabia quem tinha sido, seus pais eram caseiros da escola, cuidava da manutenção e saco de ossos foi um dos apelidos dado por Ayrton a ele.
Os dias foram se seguindo e viu sua preciosa Joana ficando cada vez mais amigas dos populares, nome dado por ele ao grupo de garotos. Shiro começou a evoluir em suas brincadeiras. Trancou-o no armário de vassouras para não ir em uma excursão ao museu, colocavam o pé para ele cair no meio do corredor e derrubar seus livros, Trocaram seu suco por xixi, pegaram um caderno onde ele desenhava personagens de jogo e ficaram tirando sarro dele na frente de todos no horário do intervalo.
Nessa ocasião Caio tomou uma providência, brigou com os dois amigos e devolveu o caderno para Erick, assim Ayrton começou a chamá-lo de princesa, Joana tentou que os meninos parecem com o apelido e Erick ficou com mais raiva, por ter que ser salvo novamente, o sentimento de impotência, a vergonha, o medo eram seus companheiros diariamente, para extravasar quando chegava em casa criava desenhos macabros matando todos os colegas de escola.
***
— Erick. — Joana correu atrás do garoto assim que a última aula daquele dia tinha acabado. — Você está fugindo de mim.
— Eu? — perguntou o rapaz. — Impressão sua. — Erick tentava abrir seu armário, mas constatou que havia chiclete na fechadura, já tinha perdido as contas de quantos cadeados naquele ano comprou.
— Não é. — Joana cruzou os braços. — Dia trinta e um é seu aniversário e vamos fazer algo juntos, filme e depois um lanche.
— Joana...
— Não, vamos assistir A cidade dos amaldiçoados, sei que você gosta disso vi alguns livros em seu armário. Qual vai ser a desculpa? — Joana ergueu as sobrancelhas.
Não, não, mocinho, não vai fugir de mim dessa vez, fiz um plano todo em minha cabeça e vai conhecer a teimosia de Joana Sousa.
— Eu… — Erick passou as mãos pelo cabelo escuro e oleoso e balançou a cabeça. — Tudo bem.
Joana pulou animada batendo palmas, não acreditando que foi tão fácil, estava pensando em ir até a mãe dele e pedi para ela a ajudar e simplesmente aceitou na primeira. Caio chegou na hora e perguntou:
— Quanta animação antes do almoço. — Joana mostrou a língua para ele. Desde que a moça comentou sobre sua felicidade em cozinhar e que adora almoçar em casa quando todo mundo estava na mesa, Caio começou a dar para ela recortes de jornais ou revista de receitas para ela fazer assim que eles se torna-se namorados.
— Erick finalmente aceitou ir ao cinema comigo, vamos comemorar seu aniversário. — O menino trincou os dentes e torceu para Caio não fosse também.
— Opa, cinema e comemoração? É comigo mesmo. — Erick cerrou os punhos maldizendo sua sorte. — Quando?
— Eu não te convidei. — Joana respondeu e Caio e Erick quase sorriu de alegria, ainda tem esperança.
— Amo cinema, passamos horas falando sobre isso, não pode me deixar de fora. — Caio tentou fazer sua melhor cara de criança perdida até Joana gargalhou.
— Tudo bem, mas não vai falar para os outros, por que não vou aguentar Regina reclamando sobre o filme ou Ayrton fazendo piadas chulas. — Joana colocou condições. — Sem falar de Shiro e Benta quase se comendo, aqueles dois não tem decência não?
— Tudo bem, só nós três, mas tem que ter pipoca e chocolate…
— Não. — Joana balançou o dedo em negativa. — Erick escolhe, filme, comida, e qualquer outra coisa, é o aniversário dele.
— Pode ser pipoca… — Sussurrou Erick, gradecendo que pelo menos seria só os três, não precisava aturar os outros.
— Isso ai cara. — Caio puxou Joana para irem embora, a menina ergueu os dois polegares. Tão mandona, dona Joana, assim me deixa mais louco.
Erick balançou a cabeça, fechou o armário e seguiu seu caminho para casa. No quintal dos fundos da escola, seus pais eram caseiros e morava no terreno, outro motivo de escárnio dos populares[AC3] [Gs4] . Demorou alguns minutos para finalmente estar na segurança de seu quarto, foi até a mesa onde o computador de última geração ficava, pegando em seguida seu caderno preto.
Querido diário, hoje Joana me convidou para ir ao cinema, mas como não tenho sorte o desgraçado do Caio apareceu e se intrometeu…
Erick olhou para cima e viu um quadro com recortes dos garotos que o atormentava, retirado de um jornal, pegou um dos dardos em um pote na mesa e atirou na foto de Caio.
— Como queria que fosse uma arma e você estivesse morto agora.[AC5] [Gs6]
***
Shiro e Benta estavam no sofá da casa do garoto após a escola.
— Shiro, espera… — Benta pediu enquanto o garoto abria o shorts que ela usava, — Por favor.
— Não me vem com essa frescura novamente. — Shiro pegou as mãos de Benta e colocou em cima da cabeça dela enquanto tira a peça de roupa a deixando só de roupa íntima. — Você e Joana tem o mesmo tipo de corpo.
— Como? — Benta sentiu um tremor pelo corpo com o olhar lascivo que recebia.
Essa Joana está recebendo atenção de mais, para o meu gosto, Regina tem razão, provavelmente vai querer arrastar uma asinha para o meu Shiro, já é complicado demais ser escorraçada pela a mãe dele, agora tenho que manter oferecidas longe.
— Estou com uma ideia. Não se mexa. — A voz do namorado, fez Benta voltar para a realidade. Shiro saiu do sofá e caminhou até a estante de madeira grande que ficava do outro lado da sala, sem camisa, apenas de calça. Seu cabelo liso tocando em seus ombros.
— O que vai fazer? — Benta desceu as mãos tentando cobrir a sua nudez. Shiro olhou para trás e fechou a cara em desagrado por ela ter se movido.
— Erick gosta da novata que o Caio tá tentando comer, não é? — De um dos armários pegou uma câmera fotográfica.
— Pelo que tudo indica, sim. — Benta viu o rapaz colocar mirar a câmera nela e b*******a foto. — Shiro?
— Quieta. — Depois de tirar uma sequência de fotos do corpo da garota, fazer com ela sentasse, e mostrasse tudo, retirasse as peças que faltava se deu por satisfeito.
— O que vai fazer com as fotos?
— Não se preocupe, seu rosto não saiu, só queria uma lembrancia de você, minha querida. — Shiro ficou nu, seu p*u ereto. Parou ao lado de Benta e encheu a mão com os cabelos loiros da menina. — Agora me chupa, v***a. E se vomitar novamente dessa vez vai ganhar umas marcas nessa sua bundinha branca. Benta fez o que foi mandado, sabia que o namorado seria bem violento quando queria.