Aos 16 anos, Adrian não era mais apenas “o garoto inteligente do internato”.
Ele era o nome da escola.
O prodígio.
O popular.
O inalcançável.
Em um ano, ele tinha acumulado prêmios nacionais de matemática, competições de robótica, medalhas de física e uma lista de recomendações que deixariam qualquer universidade aos seus pés.
Mas isso não era o que mais chamava atenção.
O que chamava atenção era ele.
Alto, atlético graças às aulas obrigatórias de esporte, cabelos escuros sempre caindo um pouco sobre a testa, sorriso largo, postura confiante, Adrian tinha se transformado no tipo exato de aluno que acende burburinhos no corredor.
E todos sabiam disso.
O despertador tocava às 6h.
Adrian se levantava sem esforço, vestia o uniforme com elegância natural e colocava os fones, já ouvindo alguma playlist de rock alternativo enquanto atravessava o corredor dos dormitórios.
No caminho até o refeitório, o ritual se repetia:
— Hey, Adrian!
— Bom dia, gênio!
— Vai destruir a prova de cálculo hoje?
— Adrian, posso te pedir ajuda depois da aula?
Ele respondia a todos com educação, mas com aquela postura leve de quem não se deixa deslumbrar.
Ao entrar no refeitório, seus amigos já faziam sinais para ele.
O grupo dele era seleto:
Miles, o brincalhão, atleta de vôlei.
Ethan, quase tão inteligente quanto Adrian, mas muito mais quieto.
Derek, filho de um cientista famoso, que admirava Adrian quase como um irmão.
Ryan, o mais popular antes de Adrian chegar agora dividia o posto com ele.
Adrian sentava, pegava café, ovos e frutas, e a conversa começava:
— Cara, você viu as novatas no laboratório ontem? — Miles ria.
— Elas nem sabiam ligar o microscópio, mas sabiam seu número de quarto—completava Ryan.
Adrian apenas rolava os olhos.
— Deixem disso.
Ethan riria, murmurando:
— Você é o cara mais procurado da escola, aceita.
No corredor principal, um grupo de meninas novas comentava baixinho quando ele passava:
— Meu Deus, ele é ainda mais bonito ao vivo.
— Você viu o projeto dele de física quântica?
— Eu nem sei o que é isso, mas… ele falando…
— Ele não namora ninguém, né?
— Claro que não. Ele é focado demais. Mas vai ver ele só não achou alguém à altura, na verdade ele só não percebeu que eu estou a altura.
E se ele deixava escapar um sorriso educado?
Elas suspiravam.
Se perguntavam algo?
Coravam.
Adrian era gentil, mas mantinha sempre a mesma distância segura.
Ele tinha atenção demais e interesse de menos.
Nas aulas, Adrian continuava sendo o fenômeno de sempre.
Em física, resolvia problemas antes mesmo de o professor terminar de explicar.
Em matemática, aprendia conteúdos de nível universitário com facilidade absurda.
Em tecnologia, já era conhecido por inventar soluções e construir protótipos que deixavam os instrutores impressionados.
Senhor Harrison, o professor de cálculo, dizia sempre:
— Se eu pudesse, colocaria você para dar aula.
— Prefiro ficar do outro lado da mesa, senhor—Adrian respondia com um sorriso tranquilo.
Ele era isso:
Confiança sem arrogância.
Talento sem soberba.
Popularidade sem esforço.
E apesar de ter tudo amigos, brilho, reconhecimento, admiradoras ele carregava uma parte do passado que nunca comentava.
Às vezes, no dormitório, enquanto os outros conversavam sobre festas, namoros e planos, Adrian ficava calado por alguns segundos, olhando a janela.
Uma única imagem vinha, inesperada:
Cabelos loiros perfeitamente penteados.
Uniforme impecável.
Um perfume francês suave.
E olhos que o analisavam com mais sinceridade do que ele conseguia entender na época.
Eleonora.
Ele nem sabia por que ainda pensava nela às vezes.
Talvez por causa do silêncio.
Talvez porque ela nunca o tratou como um troféu.
Talvez porque ela era o oposto exato do mundo que o cercava agora.
Mas o pensamento vinha… e ia embora com a mesma rapidez.
Afinal, ele tinha uma vida inteira em andamento.
E ela também.
Ainda assim…Ele pensava