Capítulo 14. As farpas continuam

643 Palavras
O final da tarde sempre deixava os corredores do internato cheios: alunos trocando de sala, indo para atividades extras, professores recolhendo materiais. Adrian estava com seus amigos encostado perto da escada central, rindo de alguma piada interna, quando viu algo que fez sua expressão fechar na hora. Eleonora. Correndo novamente. Correção: desfilando apressada, tentando manter a postura impecável mesmo atrasada de novo para a aula de reforço obrigatório. Miles percebeu na hora. — Ih… lá vem a realeza atrasada de novo. Ethan riu. — Ela não chega no horário nem se a escola pegar fogo. Adrian cruzou os braços. — Inacreditável. Segunda vez no mesmo dia. Ryan provocou: — Vai lá dar um sermão nela, Adrian. — Não vou dar sermão — Você VAI, — Derek interrompeu — porque você detesta atraso. É o seu instinto biológico. Os amigos nem precisaram empurrá-lo. Eleonora já vinha na direção deles, passos rápidos, cabelo esvoaçante e a respiração um pouco acelerada. Quando ela percebeu o grupo olhando, fez aquele sorriso leve o mesmo que usava quando queria fingir que estava no controle. Mas Adrian não deixou passar. — De novo, Eleonora? — ele disse alto o bastante para ela ouvir e para metade do corredor prestar atenção. Eleonora parou no ato. Respirou fundo. Virou-se lentamente. E quando os olhos dela encontraram os dele, era como duas faíscas se chocando. — Do que você está falando, querido ? — ela perguntou, com o tom mais doce que conseguiu fingir. — Você está atrasada de novo. — Adrian rebateu. — Já percebeu que pontualidade faz parte das regras básicas aqui? Eleonora estreitou os olhos. — Obrigada por avisar, inspetor-chefe. Vou anotar. Miles deu risada abafada. Ethan quase engasgou. Mas Adrian continuou: — Talvez, se você dormisse mais cedo, gastanto menos tempo se arrumando, conseguiria chegar no horário. Eleonora abriu um sorriso lento… venenoso. — E talvez, se você se preocupasse menos com a minha vida, poderia focar na sua, Adrian ou melhor gênio. Derek assobiou. Ryan murmurou: — Aí ficou pessoal. Adrian deu um passo à frente. — Eu só acho injusto você achar que pode viver aqui como se estivesse em Paris. Aqui ninguém vai te tratar como princesa. — E eu acho engraçado você achar que pode me ensinar como viver, — Eleonora retrucou. — Você não é meu pai,não tem obrigação nenhuma comigo, Adrian. Adrian respondeu no mesmo tom: — Eu sou alguém que entende como essa escola funciona. Você está perdida, não adianta fingir controle comigo. Eleonora ergueu o queixo. — Você sempre foi arrogante Adrian, agora.. está insuportável. Com licença, prodígiozinho. Os amigos de Adrian reagiram em coro: — Uuuuuh. Miles completou: — A loirinha não deixou barato. Eleonora virou para eles, com um sorriso irritantemente elegante: — E vocês… vocês são sempre tão barulhentos assim, ou é só quando querem parecer mais impressionantes do que Adrian, afinal sem ele vocês não chamam a atenção de ninguém. Os meninos arregalaram os olhos. Adrian ergueu as sobrancelhas. — Porra...loirinha — Ryan murmurou. Eleonora deu meia-volta para sair, mas Adrian não conseguiu ficar quieto. — Eleonora. Ela parou, mas não virou. — Tenta não perder a próxima aula também. — Você não me dá ordens. — Então tenta… não dar show. Ela finalmente virou de lado, apenas o suficiente para lançar um olhar gelado por cima do ombro. — A culpa não é minha se eu chamo a atenção naturalmente, Adrian. E saiu andando, deixando o perfume caro e um silêncio tenso no ar. Os amigos explodiram em gritos e gargalhadas. Ethan chutou o ar. — Eu sou apaixonado nela. Miles batia no ombro de Adrian. — Vocês dois vão se matar. Sério. Ou vão namorar. Ainda não decidi qual parece mais provável. Adrian passou a mão no rosto, irritado. — Ela me irrita, mimada. Ryan respondeu: — Meu amigo… isso é exatamente o problema
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