03

1486 Palavras
— Precisamos achar esse tal Charlie. — Cleo andou em passos largos atrás de Tyler para que ele ao menos a escutasse. — Não vejo motivos para isso — Tyler respondeu, ainda andando apressado. — O motivo é que ele está no nosso trio e precisamos dele para a alquimia ou vamos ficar sem nota! — Não me importo. — Mas eu me importo! — Cleo puxou Tyler pelo braço e o obrigou a parar para escutá-la. — Você não sabe como eu preciso passar nisso. — Você quer o que todos aqui querem: alguns minutos de euforia no Olimpo com aqueles deuses medíocres. É uma pena que dependa de mim para isso porque eu não tenho a menor vontade de conhecer esse lugar. — Não é por isso. — Ela soltou um longo suspiro. — Eu preciso mesmo disso, Tyler, e não é justo você se prejudicar e me levar junto. Tyler olhou para ela por alguns segundos, analisando suas expressões, e Cleo se sentiu invadida com aquele olhar, não pôde resistir ao ímpeto de ter seu rosto queimando de vergonha, então por fim Tyler balançou a cabeça levemente concordando. — Acho que não entendi. —Ela franziu o cenho. — Sim, acho que posso participar de algumas aulas chatas e fazer os trabalhos — ele respondeu a contragosto, revirando os olhos. — Mas se a gente conseguir a passagem pro Olimpo, como sei que vamos porque eu sou incrível, não vou ir nessa viagem fantástica. Cleo abriu um sorriso, satisfeita com aquela resposta e ainda mais satisfeita por saber que não teria que aguentar Tyler no Olimpo também. — Vamos achar o estranho, amarrar ele e o obrigar a fazer todo o trabalho — ele sugeriu. — O quê? — Eu estou brincando, i****a! — Ele passou a mão em seus cabelos, deixando um emaranhado no topo de sua cabeça. — Agora vem comigo, eu preciso comer. Tyler chamou ela com a mão e seguiu o corredor, desviando dos alunos apressados e Cleo seguiu ele, desfazendo o nó em seu cabelo e reclamando daquilo. Os dois chegaram a uma enorme sala com várias mesas espalhadas e algumas delas ocupadas por semideuses devorando seus pratos. — O que vai querer? — Tyler questionou, pegando uma bandeja e seguindo a fila. — Hmm... o que é isso? — É um hambúrguer — ele respondeu como se fosse óbvio, então parou e olhou para ela com o cenho franzido quando viu que ela ainda estava confusa. — Você nunca comeu um hambúrguer? Em que mundo você vive? — Onde eu morava não tinha isso. — Só pode que você morava no fim do mundo. — Ele balançou a cabeça, rindo. — Pega um e você vai descobrir a oitava maravilha do mundo. Cleo fez o que ele disse, desconfiando seriamente da palavra dele e suspeitando que talvez fosse algo h******l. Os dois seguiram até uma mesa perto de uma enorme janela de vidro, dando visão para o campo do colégio e ela sentou na frente dele. — Se você não sabe, é só pegar o hambúrguer com as mãos e morder. — Ele fez como explicou. Cleo revirou os olhos quando ele insinuou que ela era burra, então mordeu o hambúrguer e arregalou os olhos ao sentir o gosto. — O que achou? — É perfeito! — Cleo sorriu, dando outra mordida. — Se tornou oficialmente a minha comida favorita! Tyler sorriu com a reação dela e balançou a cabeça negativamente, como quem diz que estava certo o tempo todo, porém seu olhar se fixou em um ponto e ele parou de sorrir instantaneamente. Cleo percebeu a mudança no humor dele e olhou para onde ele olhava, se deparando com uma garota de cabelos curtos e enrolados. — Quem é ela? — Cleo questionou, deixando seu hambúrguer no prato, olhando para Tyler. — É a filha de Perséfone. — Ele suspirou, voltando seu olhar para o prato novamente. — Entendi. Você filho de Hades, ela filha de Perséfone... Tyler não respondeu porque a resposta era bem óbvia. — Posso te ajudar com ela. Ela pelo menos sabe que você existe? — A gente namorou por uns dois meses mas não deu certo e é melhor não mexer nisso. A Emma é muito difícil de se lidar. Eu também não acho que você consiga me ajudar. — Eu consigo e entendo dos corações alheios, pode confiar em mim. — Cleo sorriu, sabendo que aquela seria a sua primeira missão. Um silêncio constrangedor se instalou entre os dois e Cleo pensou nas mil maneiras de se aproximar de Emma. — Tyler — ela chamou, inclinando levemente a cabeça. — O quê? — Você sabe por que o Harry e a Luna não estudam com a gente? — Os famosinhos da escola estão em um nível mais alto que nós. Como eles cresceram aqui sabem mais que qualquer um. Você já conheceu eles? — Conheci mais cedo. Primeiro esbarrei no Harry e depois encontrei a Luna na festa de boas vindas. Eles são legais. — Eles são incrivelmente chatos. — Tyler franziu o nariz com cara f**a. — Por quê? — Eu não sei, eu acho que é porque o Harry é um metido a b***a e a Luna é amiguinha dele, protegida do professor Smith. — Você tem inveja. — Inveja do Harry? — Ele soltou uma risada alta, jogando sua cabeça para trás. — Você é tão engraçada, sua palhaça. — Você é tão i****a — Cleo forçou um sorriso. — Não sei como a Emma conseguiu namorar você. — Ela sabe que eu faço umas brincadeiras legais. — Tyler sorriu de lado, erguendo as sobrancelhas. — Você é mais escroto do que eu pensava. — Ela fez cara de nojo e se levantou. — Não fale mais comigo, por favor. Cleo se virou apressada para sair da mesa e só percebeu que esbarrou em alguém quando seu uniforme ficou completamente sujo de suco de laranja. Enquanto Tyler ria alto, deixando ela ainda mais irritada, a outra pessoa segurava seus braços tentando limpá-la. — Me desculpe! — Ele falou evitando o riso, fazendo careta ao ver o estado dela. — Não, tudo bem. — Cleo balançou a cabeça, passando a mão em seus cabelos molhados, então apontou para Tyler com cara f**a. — A culpa foi dele! — Minha? — Tyler foi até ela ainda rindo. — Você que é destrambelhada. — É, na verdade foi você quem esbarrou em mim — o outro concordou, rindo também. — E quem é você? — Cleo cruzou os braços e olhou para ele. — Esse é o terceiro integrante do nosso trio — Tyler respondeu. — Que história é essa de trio? — O outro questionou. — Você é o Charlie? — Cleo perguntou e ele assentiu confuso. — O professor Smith colocou você no nosso trio e temos um trabalho de alquimia. — Conversamos sobre isso na aula, agora eu tenho uma coisa importante para fazer — Charlie disse rapidamente, apontando para o lado oposto. — E mais uma vez, me desculpe por isso. Charlie saiu apressadamente e sumiu entre as pessoas que encaravam Cleo e riam de seu estado. Belo jeito de começar o primeiro dia, pensou ela. Aliás, tudo estava dando errado hoje. — Vamos limpar isso — Tyler falou, empurrando-a em direção ao banheiro com pressa. — Por quê você está me ajudando? — Ela questionou, torcendo a saia do vestido com a mão parar tirar o líquido doce. Tyler não respondeu e abriu a porta do banheiro, segurando Cleo pelos ombros e os dois pararam assim que se depararam com Emma em frente ao espelho, passando batom. — Oi? — Ela disse, tirando o batom dos lábios e olhando para os dois. — Oi — Cleo falou, se soltando de Tyler e indo até o porta papel. — Esse é o banheiro feminino — Emma continuou, ainda olhando para Tyler. — Eu sei, eu só vim ajudar a minha amiga desastrada. — Ele sorriu, dando passos largos até Cleo, então colocou o braço sobre o ombro dela. — Ah, tudo bem, então. — Ela deu um meio sorriso e guardou o batom na bolsa. — Bom, eu vou indo. Espero que consiga limpar o uniforme. Emma saiu com seus saltos fazendo barulho no chão, e em seguida Cleo empurrou Tyler com cara f**a e cruzou os braços. — O quê? —Tyler perguntou. — Eu sei muito bem que você me usou pra fazer ciúmes nela. — E daí? — Não é assim que você vai reconquistar ela, i****a. — Eu não pedi sua ajuda e nem a sua opinião, então não enche o saco, pirralha. — Eu espero mesmo que ela não volte com você, assim evita ficar do lado de um i*****l. E eu não sou sua amiga. Cleo passou por Tyler pisando duro, empurrando seu ombro no caminho da saída do banheiro.
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