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1034 Palavras
Talita Percebo que esse assunto a incomoda, ela não conteve as lágrimas. Fico muito curiosa com o que pode ter acontecido na sua vida para deixá-la nesse estado, mas resolvo respeitar seu espaço. - Na verdade, eu engravidei. Mas, ele não queria ser pai naquele momento e me convenceu a tirar o meu pequeno. – Fico boquiaberta com aquela informação, esperava tudo, menos isso. - Eu fico triste por você e espero que essa dor diminua a cada dia. – Não sei bem o que falar, só quero dar apoio. - Amiga, o pior não é nem isso. Eu tive uma complicação durante o procedimento e hoje não posso mais ter filhos. Ter filhos era o meu sonho, mas eu não fui capaz de lutar pelo meu bebê, eu sou a culpada disso tudo. Penso que hoje tudo poderia ser diferente e eu estaria com meu filho, mesmo renunciando ao meu relacionamento. Mas, ele me falava tantas coisas. Falava que meu filho nasceria sem pai e seria infeliz, dizia também que eu voltaria a ser pobre e ele passaria por dificuldades, pois ele não daria um real sequer para ajudar a cria-lo. Minha cabeça ficou a milhão e eu fui fraca, desisti do meu filho. – Ela já não consegue controlar as lágrimas e percebo que o Juliano está reparando na nossa conversa, sem entender muito bem por que ela está chorando. - Vem aqui, vamos tomar uma água. – Resolvo sair daquele lugar antes que as pessoas percebam. Ela toma a água e se acalma. Conversamos trivialidades após isso e trocamos número de celular, para firmarmos uma amizade. Não concordo nem um pouco com a atitude que ela teve, mas eu já presenciei vários casos de mulheres em relacionamentos abusivos e o nível que são t0rturadas mentalmente é drástico. A pessoa fica cega e acha que a sua vida depende da outra. Quando voltamos para o churrasco, Juliano vem perto de mim e eu pergunto. - Vamos? – Falo fingindo que estou cansada. - Se você quiser, sim. – Vejo que ele está louco para ir embora, o conheço de longe. Nos despedimos de todos e quando vou me despedir do tal Natan, ele me olha de uma maneira que me deu nojo e ainda me abraçou, sorte que o Juliano estava se despedindo dos outros rapazes e não viu. Difícil dar o braço a torcer, mas ele realmente tinha razão. Esse rapaz não é inocente, ainda mais depois de saber o quão t0xico ele é com a “esposa” dele. Chegamos no chalé e decidimos fazer uma massa para o jantar, tomando um vinho que ele comprou. Penso mil vezes se devo falar para o Juliano tudo o que eu fiquei sabendo hoje, mas também não quero deixá-lo com a pulga atrás da orelha. - O que aconteceu que aquela mulher estava chorando tanto? – Juliano me pergunta enquanto abre o vinho, sabia que esse fofoqueiro estava de butuca. - Ela passou situações muito difíceis no seu relacionamento com aquele Natan, ele é um b4b4ca. – Falo pegando as taças enquanto ele nos serve. - Babaca em que nível? - Nível máximo. Eles têm relacionamento aberto porque ele não quer nada com nada. Mas, já ficaram juntos de maneira séria. Ele a fez sofrer muito, mas ela se anula para ficar ao lado dele, parece que não liga para a própria felicidade. – Percebo que quando falo essas palavras ele fica incomodado, deve ter feito uma breve comparação da nossa situação com a situação deles, apesar de não ter nada a ver, eu confesso que já me anulei para caber no mundo do meu marido e ele também tem plena ciência disso. - Eu avisei que ele tinha cara de p3rvertido. – Ela ainda completa. - É, mas não tinha como saber só olhando para a cara dele. Ele a obrigou a ab0rtar um filho dele, porque não queria ser pai. Porém, no procedimento houve uma complicação e ela não pode ter mais filhos. Ele falou diversas coisas superpesadas para ela, disse que o filho não teria pai e ela voltaria a ser pobre, não teria condições de cuidar da criança. Por aí já podemos ver o caráter dele e também dá para perceber que ela tinha uma vida difícil, talvez tenha ficado deslumbrada pela boa condição dele, mas é notório que ela o ama, infelizmente. - Ele é pior do que eu imaginava. Olha que coincidência, quando estávamos conversando ele me falou que é dono da Sampri, uma empresa de mediação jurídica. Sabe quem fazia publicidade para essa empresa? – Ele me fala. - Quem? - O Sávio. Ele não deve saber que o conheço, mas falou que contratou um advogado famoso para fazer as intermediações, mas acima de tudo, fazer publicidade para a empresa. Como o Sávio é influente nas redes sociais, ele disse que teve um crescimento ótimo, que expandiu. O Sávio só se mistura com quem não presta, nem lembrava que esse 1diota existia. – Ele fala tomando o vinho e colocando o macarrão na água fervente. - Nem eu, infelizmente tive o desprazer de lembrar agora. Depois do que ele fez no processo do Bruno, eu não quero vê-lo nem pintado de ouro. Mas, no que eu puder ajudar essa mulher, eu vou. Passei meu número para ela, me passou sinceridade suas palavras, ela sofreu demais. - Sim, parece mesmo. Porém, todo cuidado é pouco. Ainda não sabemos o tipo de gente que estamos lidando, se eles têm relação com aquele lixo do Sávio, provavelmente deem mexer com coisas erradas. Afinal, o Sávio acha que ninguém sabe que ele lava dinheiro para f4cções criminos4s. – Fico chocada com o que ele fala, porque eu não sabia. - É sério isso? Eu não sabia. - Acho que você era a única que não sabia então. Ele tem fama e não faz questão nenhuma de esconder, até porque qualquer investigação que fazem, ele consegue interromper e colocar um laranja para livrar a cara dele, é um can4lha mesmo. - É, que ele é um can4lha eu sei, mas não imaginava que era um cr1minoso. Pior que sempre se dá bem em tudo, isso que eu não consigo entender...
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