CAPÍTULO 02

1654 Palavras
Raissa A semana que passou foi uma das semanas mais apreensivas que eu tive em muito tempo. Eu estava sentada em minha sala de trabalho, encarando o cartão de Alexander pela quinta vez essa semana. Ele não ligou, não mandou e-mail e não deu sinal de vida. Já faz uma semana que tudo aconteceu, eu deveria ligar para ele? Balancei a cabeça em negativa mandando essa ideia para longe. Isso seria pior. E se ele decidiu que arcaria com tudo, e minha ligação acabar o fazendo mudar de ideia? Esse é um risco que não vou correr, preciso manter a calma e apenas acreditar que ele tem um coração enorme. É isso. Eu deveria estar tranquila, pois a cada dia sem seu contato as chances de ele ter resolvido deixar para lá eram maiores, mas aquela sensação de familiaridade ainda se fazia presente. Isso me incomodava, me fazia de certa forma querer vê-lo de novo. Mas definitivamente, não ter notícias era melhor. Eu deveria tirar isso da minha cabeça imediatamente. — Raissa. — Uma voz feminina chamou a minha atenção. Olhei para porta constatando que era Amanda, da minha equipe de marketing. Ela estava apenas com a cabeça para dentro, através da fresta que eu havia deixado. — Sim? — perguntei com um sorriso no rosto enquanto eu guardava aquele cartão na primeira gaveta da minha mesa. Amanda abriu um pouco mais a porta, mas continuou ali. — Estamos finalizando a coleta de informações com base nos dados que nos passou ontem, André está apenas terminando o balanço e teremos tudo o que pediu. — Ótimo, marque uma reunião com todos da equipe para depois que todos voltarem do almoço para fazermos o planejamento e montar o cronograma para apresentar a empresa o quanto antes. — Tudo bem, vou marcar para as 14:30. — Ela prontamente falou e eu assenti. — Perfeito! Amanda lançou-me um sorriso antes de se virar para sair da minha sala e fechar a porta. Dei um pequeno suspiro e desviei a atenção para o meu notebook. Abri a caixa de e-mail para checar uma última vez o e-mail que o nosso atual cliente havia me enviado com todas as suas exigências. E enquanto eu passava os olhos pelo e-mail meu coração quase pulou para fora do peito. Alexander Pierce Aquele nome o qual eu não tinha certeza se queria ver há minha frente havia me mandado um e-mail a pouco mais de trinta minutos. Respirei fundo antes de clicar no e-mail para conferir o conteúdo. “Olá Raissa. Tomei a liberdade de levar o carro em uma oficina de confiança, fazendo assim um orçamento particular, segue em anexo o orçamento, e informações bancarias para onde o valor do conserto deve ser transferido. Autorizei que fizessem o serviço, e o prazo que me pediram foi de uma semana. Esse é o prazo que lhe darei para transferir o valor para a minha conta. Espero que possamos resolver tudo pacificamente. Obrigado!” Arqueei a sobrancelha ao ler o e-mail e peguei o meu telefone celular para checar se havia alguma chamada perdida. E a resposta era não, não tinha. — Ele nem se deu o trabalho de tentar me ligar. — Murmurei enquanto deixava o celular sobre a mesa. Voltei a minha atenção para o e-mail e cliquei no anexo para ver as informações sobre o conserto do veículo. Meus olhos foram diretamente para o valor total. — p**a que pariu! — Aquelas palavras saíram no automático no momento em que meus olhos bateram sobre o valor total. R$480.000,00. Ah, p***a! Eu estava a ponto de infartar. Isso é brincadeira, não é? Apoiei meus cotovelos sobre a mesa e levei as mãos no rosto, me afundando completamente enquanto um suspiro saia de meus lábios. Eu precisava me controlar... eu precisava me controlar, p***a! Contei mentalmente até dez, e comecei a pensar no que fazer. Foi quando levantei o meu rosto e peguei o meu telefone celular. Em seguida eu abri a gaveta e peguei o cartão de visitas que ele havia me dado. Com as mãos tremulas, eu digitei o número dele e levei o celular no ouvido. Ansiosa, a cada toque para que ele atendesse. E a cada toque não atendido, mais o desespero tomava conta de mim. Eu precisava falar com ele o quanto antes, ou eu não seria capaz de fazer nada mais durante o dia. O amaldiçoei algumas vezes quando o telefone caiu na caixa postal. Tentei ligar mais algumas vezes sem sucesso no prazo de uns trinta minutos. Olhei no visor do celular constatando que era quase meio dia. Foi quando resolvi tentar contato com ele por mensagem de texto. “Alexander, sinto que você está brincando com a minha cara. R$480.000,00? Eu não tenho esse dinheiro. Precisamos conversar, por favor me retorne.” Permaneci olhando para a tela do celular incapaz de fazer qualquer coisa por cerca de quinze minutos. Droga, o homem realmente não iria me responder? Sem pensar muito eu fechei a tampa do meu notebook, peguei o cartão de visitas do Alexander em cima da mesa, peguei a minha bolsa e guardei o meu celular. Então me levantei e fui em direção a porta. Sai e passei pelos meninos da equipe de marketing do meu setor e me dirigi a Isabella, agradecendo muito por saber que ela seria a amiga que iria me acudir desde que meu carro está na oficina. — Preciso resolver algo urgente que surgiu. — Sussurrei com a voz contida. — Pode me emprestar seu carro? — Claro! — ela falou prontamente e levou a mão na bolsa. Então ela tirou as chaves do carro e a entregou para mim. — Aconteceu alguma coisa? — Hmm... eu te conto depois. — Falei guardando as chaves na bolsa. — Obrigada, não me espere para almoçar. Eu volto para a reunião. — Completei passando os olhos para a equipe, antes de voltar a minha atenção para ela. — Tudo bem amiga, no seu tempo. — Isabella respondeu me dando um sorriso. Assenti sem estrutura alguma para sorrir de volta e sai caminhando pela empresa totalmente abafada. Cheguei no estacionamento da empresa e fui diretamente para a vaga que eu sabia que Isabella costumava usar. E como eu suspeitei, ali estava ele. Entrei no carro e tentei ligar mais uma vez para Alexander, antes de dar partida no carro. E assim como das outras vezes, ele não atendeu. O que me deixou ainda mais nervosa. Como ele me manda um e-mail daquele, e simplesmente não atende a droga do celular? Decidida a falar com ele de qualquer forma, eu peguei o cartão de visitas e chequei o endereço da matriz onde ele era o CEO. Depois de quinze minutos, eu estava estacionando na frente de uma empresa. Pelo que percebi, ali era aonde eles gerenciavam todos os hotéis, é claro que um grupo tão grande, teria uma empresa apenas para cuidar desses assuntos. Ótimo, agora eu apenas precisaria chegar até ele. Caminhei em direção a recepção, encontrando ali uma moça com um sorriso simpático. — Bom dia Senhorita, em que posso ajuda-la? — Eu gostaria de falar com o Alexander Pierce, ele se encontra? — Sua postura enrijeceu ao me ouvir, e o sorriso se dissipou. — A Senhorita tem horário marcado com ele? — perguntou seriamente. — Não, mas... — Então infelizmente eu não poderei ajuda-la, sinto muito. — ela me interrompeu suavemente. Ah, claro... como eu pude pensar que falar com ele seria algo fácil? — Você pode apenas dizer a ele o meu nome e dizer que estou aqui querendo falar com ele? Tenho certeza que ele irá me atender. — Fiz uma tentativa, que pela cara da moça era totalmente perda de tempo. Ela abriu a boca para me responder, mas logo a fechou. — Ah, querida. Acha mesmo que ele irá atender só por que vocês treparam algumas vezes? — Uma voz feminina carregada no deboche pairou sobre o ambiente, atraindo a minha atenção para ela. Era uma mulher mais velha, nariz em pé, parecendo ser totalmente a dona da razão. — Quem a senhora pensa que é, para falar comigo desse jeito? — Perguntei indignada. Era só o que me faltava, não bastava o problema que eu teria com o tal Alexander, eu ainda teria que lidar com essa velha ignorante? — Se nem você se dá o valor, acha mesmo que ele irá dar? Vir aqui atrás dele e humilhar para ser recebida. Acha que é a primeira que faz isso? Não é a primeira e não será a última. — A mulher continuou de forma grossa, me fazendo querer voar nela. E eu faria, se não fosse uma senhora que aparentava ter seus setenta e cinco anos de pura ignorância. — Olha só, eu não sei quem é você tão pouco eu tenho culpa de você ser uma velha m*l amada que só quer destilar ódio. O que é isso? Tudo vontade de dar para ele e saber que não vai poder? — perguntei sentindo o sangue da velha ferver. — Sua prostituta insolente! Em um instante, ela levantou a mão e eu sabia exatamente o que aconteceria a seguir, e eu estava prestes a levar minha mão até a dela, e tentar barrar aquele movimento. Mas alguém foi mais rápido. Senti uma presença imponente pairar sobre nós e segurar suavemente o braço da senhora a minha frente. Meus olhos subiram lentamente, enquanto meu coração quase saia pela boca ao constatar que era Alexander que estava ali, com aqueles olhos profundos sobre mim. E Deus! Ele estava ainda mais bonito do que eu me lembrava. Sem dizer uma palavra sequer, Alexander desviou a atenção de mim para a velha m*l amada a frente. E meu coração saltou, com as palavras que saíram da boca daquele homem naquele momento. — Dona Madalena, o que está fazendo? Isso são modos de tratar a minha noiva?
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