CAPÍTULO 03

1859 Palavras
Raissa — O que? — A velha perguntou enquanto eu tentava encontrar a minha voz. O cara simplesmente enlouqueceu. — É isso que a senhora ouviu. Minha noiva. — Ele repetiu aquelas palavras com tanta convicção que me assustou. — Mas não é hora para falar sobre isso, eu tenho que conversar com ela agora, e quando acabar vou para a sua casa. — Alexander... — A voz dela falhou. Madalena estava tão surpresa quanto eu, a ponto de não dizer nada. — Sem discussão vó, conversamos depois. — Ele se manteve firme. Putä que pariu. Avó... Eu ouvi certo? Alexander se virou para mim sem esperar qualquer retorno da avó e levou as mãos nas minhas, as entrelaçando. Senti uma eletricidade percorrer o meu corpo ao sentir o seu toque em mim. — Vamos sair daqui. — ele falou e me levou com ele sem esperar qualquer retorno de minha parte. Caminhamos de mãos dadas pela empresa deixando tanto a Madalena, quanto a recepcionista de boca aberta. Na verdade, não só elas, pois todos que passamos por eles no caminho estavam da mesma forma, boquiabertos. Permaneci em silêncio, até que ele abriu uma porta e deu espaço para que eu entrasse. Admito que ainda estava assimilando aquelas palavras e tentando entender o que de fato aconteceu. Passei os olhos pelo ambiente, chegando à conclusão que aquela deveria ser a sala dele. Tons neutros em toda a decoração, e um luxo fora do comum. Depois de passar os olhos por todo lugar eu me virei para Alexander o observando enquanto ele fechava a porta, e se virava para mim. — Que alucinação foi essa? — perguntei tentando entender de fato, o que se passava na cabeça desse homem. — O que estava fazendo aqui? — Ele ignorou a minha pergunta. — Você não me atendeu, não respondeu... O que achou que eu faria depois de mandar um e-mail com aquele valor absurdo e simplesmente sumir? — Eu não sumi, estava em reunião. — falou firmemente. — E não é um valor absurdo, está totalmente dentro da margem do tipo de serviço. — Você disse que levou em uma oficina particular, por que não acionou o seguro? Pensei que eu fosse pagar a franquia. — Questionei. Ele deu uma pequena risada. — O que é tão engraçado? — É um Bugatti. — Ele respondeu. Franzi as sobrancelhas e apenas esperei que ele explicasse. — O carro... custa cerca de 17 milhões, a franquia é em torno de 1,7 milhões. O conserto particular nesse caso é a melhor opção. Putä que pariu, caralhö...porrä! Eu estava ferrada, estava realmente ferrada. — Você não deveria sair por aí com um carro desses... — falei em meio a um suspiro e ele arqueou as sobrancelhas. — Vamos nos sentar. — ele falou de forma autoritária. — Assim poderemos conversar melhor. — Não será necessário, não pretendo ficar. — respondi sem hesitar. Ele me olhou por um momento antes de assentir. Foi quando minha cabeça vagou novamente para o que o maluco tinha dito a pouco para a velha mäl amada. — Por que diabos disse a aquela mulher que sou a sua noiva? Um pequeno sorriso se formou no canto da boca dele. — Digamos que quando eu vi como a minha avó gostou de você pensei que seria a pessoa perfeita. — Franzi as sobrancelhas ao perceber um vestígio de empolgação na voz dele, como se aquilo fosse algo brilhante. — Perfeita para quê? — Para se casar comigo. — Ah meu Deus. — Dei um meio sorriso com o absurdo que eu estava ouvindo. Então eu cruzei os meus braços e o olhei por um momento. — E por que você acha que eu me casaria com você? — Bom... pela mensagem que mandou, você não tem como pagar o conserto do carro. Nessas circunstâncias, você me deve... Podemos fazer um contrato onde ficaríamos casados por um tempo... — Ele interrompeu sua fala e me olhou seriamente, provavelmente percebendo a descrença em meu olhar. — Como pensa em pagar? Processar você não é algo que eu queira fazer, mas... — Você quer fodër com a minha vida? — O interrompi indignada. Era o que ele queria que eu fizesse para não ser processada? Era só o que faltava. — Porque parece que é exatamente isso que quer fazer... Em que mundo alguém com o emprego normal tem 480 mil dando sopa? — Eu adoraria fodër você, mas não desta forma. — Ele falou me pegando desprevenida. Por um momento eu corei pensando no rumo que os pensamentos dele tomaram. Mas ainda assim, o que exatamente ele quis dizer com isso, no meio dessa proposta? — Não sou uma prostituta. — falei firmemente, me lembrando exatamente das palavras daquela mulher. — Não me interprete mäl, eu não pretendo pagar por sexo. — Ele me mediu com o olhar por um instante, fazendo-me corar ao sentir seu olhar intenso sobre mim. — Eu quero você, mas de forma alguma pagarei por isso. Eu quero você. Aquelas palavras saindo de forma tão autoritária fizeram meu corpo esquentar. Eu não deveria, mas por um momento me vi pensando naquela possibilidade. Como seria ir para a cama com um homem desses? Como seria ter uma primeira vez com ele? Não, não, não! Eu não preciso de mais um problema em minha vida! — Você está louco se acha que eu vou ser mais uma a ir para cama com você. — falei balançando a cabeça em negativa. — Na verdade, está louco se acha que toparei qualquer acordo absurdo que esteja pensando. — Você não iria para cama comigo? — ele perguntou se aproximando, fazendo meu coração entrar em descompasso. p***a, ele deveria focar no resto... em todo o resto. — Não. — Menti. Sim, eu menti, pois apesar de ele não ser o cara certo... Eu sentia que iria tão facilmente para a cama com ele que chegava a me assustar. — E por que não? — perguntou tão perto, que eu tive que dar um passo para trás. Senti os olhos dele irem de encontro a mim, como se eu fosse naquele momento uma presa. E Deus! Esse homem queria definitivamente me enlouquecer. Uma mistura de excitação e ódio pelo que ele estava propondo tão descaradamente estava sobre mim. — Você não faz o meu tipo. — Me forcei a mentir novamente. Ele fazia, fazia muito o meu tipo. — Seu corpo me diz outra coisa. — Alexander deu outro passo em minha direção, me fazendo recuar mais uma vez. Ele me analisou de forma tão profunda, descendo aqueles olhos por todo o meu corpo de forma que eu me senti exposta. — A respiração em descompasso, posso ver pelo seu peito subindo e descendo de forma tão descontrolada. — Então ele subiu seus olhos para mim novamente. — Seu nervosismo também é evidente. Ele se aproximou um pouco e meu corpo me traiu, denunciando perfeitamente que ele estava certo. Senti que ele estava pronto para se aproveitar disso, sim, ele lentamente estava vindo em minha direção. — Não. — falei sentindo a surpresa em seu olhar. Claro, ele provavelmente não estava acostumado com um não em uma situação tão tentadora como essa. Mas por mais que seja tentador, seria também perturbador. Eu não poderia. — Eu não quero nada disso, nem você... muito menos fingir que sou sua noiva, ou me casar. — Soltei aquelas palavras de repente, quebrando o silêncio que se instaurou. Alexander já não estava tão confiante como antes, poderia dizer, que havia hesitação em seu olhar. O senti recuar por um momento, enquanto me estudava com o olhar. — Apenas pense na minha proposta Raissa, nós dois ganharíamos com isso... Você não terá que me pagar, e eu não terei que me casar com uma dessas mulheres fúteis que a minha avó tanto quer. — Definitivamente não. — o respondi sem hesitar, decidida a mostra-lo que eu realmente não estava interessada. Ele permaneceu com os olhos fixos a mim por um tempo incalculável, que pareceu uma eternidade. — Tudo bem. — Ele concordou seriamente. — Como você sugere que resolvamos isso então? Já que você mesma disse que não tem esse dinheiro para me pagar. Merda! R$480 mil era muita grana. Comecei a pensar no acidente por um momento, com a convicção que eu não deveria arcar com isso tudo sozinha. Eu precisava tentar reduzir isso. — A metade. — falei de repente. — Acho que o justo seria você arcar com metade do prejuízo. — Ele arqueou a sobrancelha para mim. Então resolvi apelar. — Qual é, eu estava errada, mas você também. Alexander não disse nada por um momento, e eu apenas aguardei ansiosa. Desde que ele não negou de imediato, significava que ele estava ponderando sobre isso. — Tudo bem. — Ele finalmente concordou, fazendo com que o alívio pairasse sobre mim por um momento. — Digamos que faremos assim. Você tem a metade para me passar até semana que vem? — Não tenho, mas darei um jeito. — falei firmemente, decidida. — Ok, faremos assim então. Mas pense sobre a proposta, é algo que pensei ser benéfico para os dois. E bem... facilitaria muito para mim. — Facilitar? Você pode propor isso a qualquer mulher. — Fiz uma pausa para refletir. — Aposto que você tem uma fila enorme de mulheres que adoraria fazer parte disso. — Sim, tem. Mas eu quero você. — Por que eu? — aquela pergunta saiu de forma tão espontânea, que me fez assustar com tamanha curiosidade. Mas eu realmente não conseguia entender todo aquele interesse para que eu aceitasse. — Porque eu escolhi você, quero você. — Seu tom autoritário enviou ondas de excitação por todo o meu corpo. — E digamos que eu sempre tenho o que eu quero. — Ele completou terminando de me desestabilizar. Aquela insinuação saindo daquela forma da boca dele fez a minha cabeça girar. Puta merda! Eu precisava sair daqui, ou aquele homem pensaria que sim, aquilo aconteceria. E nós definitivamente não faríamos isso. — Para tudo se tem a primeira vez, inclusive para não se ter aquilo o que quer. — Me forcei a falar. E eu pude jurar que ele segurou muito bem um sorriso naquele momento, como se ainda não estivesse convencido disso. — Bom, eu tenho que voltar para o trabalho. Se me der licença, eu te ligarei durante a semana. — Tudo bem. — Ele me olhou por um longo momento, antes de me dar espaço para passar. — Se mudar de ideia, tem o meu número. Alexander continuou me olhando intensamente. Fui incapaz de responde-lo naquele momento. Apenas assenti e passei por ele, saindo imediatamente da sala apenas sentindo o olhar dele sobre mim. Eu estava tentando assimilar que loucura foi essa que acabara de acontecer... Apenas com um pensamento em mente. Que Deus me ajude a conseguir esse dinheiro, ou então eu estaria totalmente em apuros nas mãos desse homem que parecia ter vindo para fodër com a minha vida. E o pior é que ele parecia nem mesmo ligar para isso. Eu estaria errada?
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