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1157 Palavras
Luma Sempre corri atrás das coisas e sempre soube o peso que é carregar uma casa nas costas. Depois que meus pais morreram, eu fiquei responsável pelo meu irmão. Eu tinha 17 anos na época e ele tinha 15. Hoje ele tem 18 e eu tenho 20. O tempo passou rápido e eu acho que dei o melhor de mim. Agora estou voltando do meu trabalho na praia; foi cansativo. E, para piorar a situação, ainda teve um arrastão. Por sorte, eu não perdi minhas coisas porque consegui correr a tempo. Amanhã é dia de faxina. Sim, eu tenho mais de um emprego e ainda pego uns b***s no final de semana para que meu irmão não precise trabalhar. Eu quero que ele termine os estudos e ele está no terceiro ano. Isso, de certa forma, me enche de orgulho. Eu consegui terminar o ensino médio, mas não consegui entrar em uma faculdade e é por isso que eu quero que ele realize esse sonho, não por mim, sabe, mas por ele, para que ele consiga se sustentar e ter uma vida digna. Eu só quero ter a sensação de que fiz tudo que meus pais fariam por ele. Subi o morro e fui falando com os moradores. Eu conheço todo mundo porque vivo trabalhando pra cima e pra baixo. Já trabalhei da padaria até o mercadinho e faço faxina na casa de algumas pessoas aqui do morro. Fui chegando na rua de casa e comecei a escutar gritos; eram gritos do meu irmão. Na hora, eu soltei o isopor no chão e saí correndo até a minha casa. Quando cheguei, tinha vários homens batendo nele. Eu olhei assustada para eles e perguntei: Luma: Que p***a é essa? Soltem ele! - gritei, avançando em um dos homens que estava ali, mas ele me empurrou, me fazendo cair no chão. Vitinho: Teu irmão tá devendo maior grana na boca. Dei o prazo pra ele pagar até amanhã, mas hoje, quando eu vi na direção dele, ele veio cheio de papinho gostoso pra cima de mim e o Dogão deixou claro que, se ele viesse de caô, era pra mandar ele pra vala. Luma: Devendo? Como assim devendo? Meu irmão nem chega perto de vocês! - eu gritei e eles começaram a rir da minha cara. Vitinho: Tá desenformada pra c*****o, né, mina? Teu irmão é maior rato, vivia roubando pra mim. Até aí tava suave, ele fazia o trabalho dele direitinho, mas foi só ele resolver ficar no plantão que perdeu carga. Bagulho alto, papo de mais de 100 mil. Olhei para o Thiago com a sobrancelha levantada e com os olhos cheios de lágrimas. Eu não acredito que ele fez isso comigo. Luma: Sério que eu estava me matando de trabalhar para você estudar e você fez isso comigo, p***a? - falei, indo pra cima dele como um bicho. Eu comecei a bater até ver sangue e os caras me tiraram de cima dele. Thiago: E a vida que eu escolhi, c*****o? Eu nunca te pedi nada! - ele falou, se levantando e as lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Eu me aproximei e meti um tapa na cara dele com toda a força que eu tinha. Luma: Nunca pediu, mas também não disse que não queria, c*****o! Eu abri mão dos meus sonhos, da minha faculdade, para sustentar essa casa e você estava esse tempo todo me enganando. Thiago, você deveria pelo menos ter sido sujeito pra me dar um papo reto. Vitinho: Tá tudo muito lindo nesse caso de família, mas vamos levar esse p*u no cu pro Dogão matar. Luma: Calma, me dá um tempo que eu vou pagar essa dívida. Por favor, eu não tenho essa grana agora, mas eu vou me virar pra conseguir. Vitinho: O chefe já deu o papo e ele não costuma voltar atrás, não, mina. E na moral, estamos te dando um livramento, tirando esse cuzão da tua vida. Luma: Fala pro teu chefe que eu quero trocar uma ideia com ele, que eu vou pagar, que eu só preciso de um tempo, por favor. Encarei ele chorando e depois olhei para o Thiago, que estava de cabeça baixa. Vitinho: Eu vou passar a visão pra ele brotar aqui, mas não garanto nada, tá ligado? Pra ele, teu irmão já está morto. Ele se afastou, falando no rádio, e o Thiago me encarou sério. Thiago: Deixa eles me matarem. Esse cara é perigoso, não assume dívida. Ele vai acabar com você também. Você é a minha única família, eu não posso te perder porque eu fiz merda. Luma: Deveria ter pensado nisso antes de se envolver com essa gente, Thiago. Nossa mãe teria vergonha de você e eu também tenho. Ele começou a chorar e eu fiquei tentando manter a postura. Depois de alguns minutos, os vapores saíram e um homem alto, forte, tatuado e com cara de m*l entrou na minha casa. Dogão: E aí, mina? Quer trocar uma ideia comigo? Eu comecei a me tremer toda. Eu nunca tinha visto ele de perto; eu estava evitando contato com esse tipo de gente. Luma: Podemos conversar em particular? Dogão: VITINHO! - ele gritou. Vitinho: Fala, chefe. Dogão: Fica lá fora com esse arrombado que eu vou desenrolar sozinho com a mina. Vitinho: Suave - ele falou, levando o meu irmão. Dogão: Agora que estamos sozinhos, passa a tua visão, porque eu não tenho a noite toda. Luma: Eu sei que meu irmão está no erro, mas eu quero pagar essa dívida e eu quero saber se você não pode parcelar ela pra eu pagar, porque eu não tenho esse dinheiro na mão, mas eu vou conseguir. Dogão: Hahaha, o prazo do teu irmão acabou e eu não tenho tempo pra ficar escutando historinha. Se era só isso, eu vou meter o pé e vou mandar teu irmão pra vala. Eu tenho muita coisa pra fazer, não tenho tempo pra ficar aqui escutando historinha pra boi dormir. Quando ele estava saindo, eu entrei na frente da porta e ele me encarou bolado. Luma: Por favor, eu já perdi meus pais, não quero perder a única pessoa da minha família que restou. Dogão: Tu tá m*l pra c*****o de família, mina. Sai da frente. Luma: Vamos fazer um acordo. Eu viro uma das suas putas se você me der um prazo maior ou se você abater essa dívida. Ele me encarou sério durante alguns minutos e depois olhou para o meu corpo. Dogão: Você acha que vale tanto assim? Luma: Por favor. Dogão: Você não deveria se oferecer feito uma p**a para os homens. Luma: Eu não tenho muita escolha. Dogão: Suave, eu aceito. Teu prazo aumentou, vai pagar em parcelas e eu vou te procurar na hora certa, mas se liga: eu não te quero de papinho gostoso com macho no morro. Tu é minha. Ele saiu antes que eu pudesse responder e o Thiago entrou sangrando.
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