conhecendo o dono do morro 3

729 Words
Peguei minhas coisas e saí de lá. O Uber já me esperava do lado de fora. Antes de entrar no carro, olhei uma última vez para o portão — ela o fechou com força. Aquilo doeu e como doeu em mim. Entrei no carro sem olhar pra trás. — Boa noite. Pode me levar pra esse local aqui — mostrei o endereço. Ele assentiu com a cabeça e seguimos. Não demorou muito pra chegar. — Senhora, daqui eu não posso passar — avisou o motorista, parando no pé do morro. — Tudo bem. Paguei a corrida e mandei uma mensagem para a Ana: "Cheguei, tô na barreira." Assim que desci, vi vários meninos armados uns sem camisetas. Fiquei um pouco assustada, com medo e receio. Era outro mundo. Mas logo Ana apareceu, me abraçando com força. — Você chegou, graças a Deus! — disse, aliviada. Quando começamos a subir em direção à barreira, um dos rapazes nos parou. — E aí, Ana... tudo suave? — perguntou, me olhando de cima a baixo. — Tranquilo, gatinho — ela respondeu, toda segura. — E essa aí? Não parece ser daqui, não. — Minha amiga. Tá procurando casa pra alugar aqui no morro. — Hum… O patrão tá sabendo? Ana arqueou a sobrancelha. — Vai me barrar de subir com ela agora? O meu irmão não vai gostar de saber que tu tá me impedindo de entrar na minha própria comunidade, XT… — Eu não tô sabendo dessas fitas aí, não… — Não posso nem subir e mandar ela ficar lá em casa primeiro? — Espera aí pow, vou chamar ele no rádio... O rapaz se afastou, falando no rádio com alguém. Ana me deu um sinal rápido, e nós subimos correndo antes que ele voltasse. Ainda bem que a casa dela era logo ali. Entramos. A casa não era tão grande, mas era confortável, organizada e acolhedora. Senti um alívio. Me joguei no sofá, ainda ofegante. Depois de alguns minutos, contei tudo o que tinha acontecido. Tudo absolutamente tudo. de certa forma me senti aliviada por contar a ela. Ana ficou horrorizada com tudo que contei. — Amiga... isso não pode ficar assim! A gente vai dar um jeito nisso. Eu juro. — Não, Ana. Eu só quero tentar recomeçar. Só quero um lugar pra ficar e seguir a minha vida por enquanto. Só isso. Assim que terminei de falar, levei um susto com a porta se abrindo. Entrou um cara alto, moreno, de olhos verdes. Lindo. pensa num homem gostoso Me perdi por um instante no olhar dele... até que ele começou a falar com Ana, e eu apenas observei. — Quem é essa aí? — perguntou, já de cara fechada. — Minha amiga, Rajda — Ana respondeu. — E tu traz gente pra dentro de casa sem me avisar, p***a, Ana? — Tá nervosinho por quê? A Rajda tá procurando uma casa pra morar. Ainda tem algumas disponíveis. Eu só não te avisei porque a gente tava conversando, e você chegou atrapalhando a nossa conversa, Noah. — Tô pouco me fodendo com o que cês conversam. Depois a gente troca umas ideia. Eu e você. Sem plateia. E eu já falei pra parar de falar o meu nome, p***a! Ele me olhou de cima a baixo. Sério. Intimidante. — E tu aí… por que quer morar aqui na favela? — Porque não tenho outro lugar pra ir, e o pouco dinheiro que eu tenho não dá pra pagar algo melhor, moço — respondi, meio atravessada. — Noah, por favor, né? Não começa — Ana cortou. — Só vê uma casa pra ela. Você sabe que ela precisa. Ele bufou, virou de costas. — Vou ver isso. Mais tarde pego vocês. E para de falar o meu nome, c*****o! Saiu batendo a porta com tudo. Ficamos em silêncio por uns segundos. O clima tinha pesado. — Ana, você nem me falou que tinha um irmão, menina! — Pois é, n**a… Tenho. E ele é o dono da favela. É uma longa história. Desculpa o jeito dele, tá? — Tá tudo bem, n**a… — sorri, relaxando um pouco. — Mas que irmão gato, hein? Nós duas rimos, quebrando o gelo. E por um instante, eu me senti um pouco mais segura. com ela e em paz sabe aquela sensação de alivia e paz foi o que eu senti naquele momento .
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