Julienne Uma rajada sacudiu as vidraças. A chuva açoitava o vidro, borrando a silhueta irregular das montanhas contra o céu roxo e tingido. Lá dentro, sombras giravam em piruetas pela extensão de mogno do escritório. Encolhi-me debaixo da mesa, com os joelhos dobrados contra o peito, um invasor no covil de um Titã. Meus dedos percorreram o couro desgastado da perna de uma cadeira, o frio da tempestade penetrando no carvalho como uma ameaça sussurrada. A chuva sempre significou renovação para mim, uma chance de lavar o passado. Esta noite, era uma mortalha fria e metálica, abafando o mundo em um túmulo de segredos. Kurt, com sua carranca trovejante e olhos como gelo, era minha única esperança. Seu escritório revelaria algo, eu tinha certeza. Então, aqui eu estava, secretamente, esperan

