Me chamo Florence Clark, mas todos me conhecem como Flor.
Vou contar um pouco da minha história… Minha vida desde sempre nunca foi fácil, nunca conheci meu pai, quando tinha quinze anos minha mãe descobriu um câncer severo, um ano depois ela faleceu e eu fiquei sozinha nesse mundo. Moro em uma pequena vila próximo ao centro de Nova York e dona Rosa que é minha vizinha sempre me ajudou muito, agradeço sempre por ter ela por perto, ela ajudou quando minha mãe estava doente, me amparou quando fiquei sozinha e me ajuda agora com minha pequena Liz.
Comecei a namorar o pai da minha filha logo após a morte da minha mãe, ficamos juntos por 3 anos, ele acabou se envolvendo em coisas erradas e foi morto quando eu estava grávida de oito meses. Acho que a morte me persegue. No fim de tudo eu sempre termino sozinha.
Eu fiz um curso de secretariado antes disso tudo e consegui finalizar, com muito custo, graças a ajuda da dona Rosa, nunca poderei retribuir o tanto que ela faz por mim.
Não tem sido fácil nesses últimos meses, as vezes não tenho nada para comer e já até me acostumei dormir com a barriga vazia, fico com vergonha de ter que sempre ir na casa da dona Rosa para comer, ela já me ajuda muito ficando com minha pequena para eu poder procurar um emprego, se caso eu conseguir, ela vai olhar Liz para mim. Sou tão grata!
Ela não teve filhos, só tem uma sobrinha que ela criou como se fosse filha, a Reese, essa aí vive em um mundo de ilusão, ela é garota de programa ou acompanhante de luxo, não sei o terço certo para usar, desculpe minha ignorância.
Reese sonha em se casar com um milionário que vai tirar ela dessa vida (pobreza), como ela mesma diz.
É uma menina bonita, muito bonita, talvez encontre mesmo alguém. Ela sempre me chama para trabalhar com ela, mas eu não tenho coragem, não julgo quem faz, é um trabalho como tantos outros, não acho errado, tem gente que dar de graça para quem não merece, mas eu não tenho estômago para isso, vários caras diferentes na mesma noite, não consigo. Ela sempre fala como vou me dar bem, sou bonita e tenho um rosto "angelical" (palavras dela), mas não consigo me ver nessa situação. Imagina eu com 1,55 de altura pegar um homem enorme? Estarei morta no outro dia, vocês entendem o que quero dizer né? Então, sou muito nova para morrer, tenho apenas 21 anos e uma filha para criar.
Brincadeiras a parte… Claro, nunca diga "dessa água não beberei", nunca se sabe o dia de amanhã.
Por enquanto minha filha só mama peito, mas se ela começar a comer e eu não tiver condições para alimentá-la, talvez eu me sujeite a qualquer coisa, por ela.
Mas Reese não precisa disso, dona Rosa sempre deu tudo a ela, até faculdade se disponibilizou a pagar, mas ela não quis, ela queria a vida que leva hoje. Enfim, tem gente que não sabe aproveitar as oportunidades.
Eu por exemplo estou voltando para casa na chuva, com o peito latejando de dor por conta do leite e sem conseguir emprego. Que Deus me ajude, preciso de uma luz na minha vida, não sei mais o que fazer e onde recorrer. Todo emprego que procuro eles colocam minha filha como empecilho. Fazem sempre as mesmas perguntas, por exemplo: “com que ela vai ficar?”. Entre tantas outras perguntas chatas. Será que fazem o mesmo com os pais? Ou só mãe que sofre com isso? A vida da mulher/mãe solteira não é fácil.
Não vou perder minha fé, por mais difícil que possa estar, eu tenho esperança que um dia, em breve, as coisas vão melhorar.
Jamais perderei a esperança, é isso que me move, acreditar que dias melhores estão por vir. Eu preciso acreditar, por mim, pela minha filha, por nós.