Depois daquela noite no hospital, senti que algo mudou no Theo. Ele estava diferente… mais presente, mais cuidadoso. Ainda era o mesmo homem teimoso, o mesmo que discutia quando não concordava comigo, mas agora parecia ter medo de me perder. E essa sensação, de alguma forma, me trazia conforto.
Nos dias seguintes, ele me acordava com café da manhã na cama, com direito a flores na bandeja e aquele sorriso torto que sempre derretia o meu coração.
— Bom dia, minha rainha. — dizia, como se fosse natural me chamar assim.
Eu ria, balançava a cabeça.
— Theo, você não precisa de tudo isso…
— Preciso, sim. — ele interrompia, sério. — Você carrega o meu maior tesouro. Se eu não te tratar como rainha, quem vai?
Por mais que as atenções me deixassem sem jeito, não podia negar: era bom sentir esse cuidado, mesmo que às vezes ele exagerasse. Como quando tentou proibir que eu fosse trabalhar outra vez.
— Theo, eu já disse, gravidez não é doença.
— Mas também não é motivo pra você se desgastar! — ele retrucou, cruzando os braços. — O médico falou pra evitar estresse, lembra?
— Então deixa eu decidir o que é melhor pra mim. — respondi firme, tentando segurar o riso. — Não vou ficar deitada o dia todo só porque você quer.
Ele bufou, fingindo irritação, mas depois veio me abraçar por trás, colando o rosto na curva do meu pescoço.
— Você vai me deixar louco, Lara.
Eu sabia que, por trás do ciúme e da proteção, existia apenas medo. O medo de me perder. E talvez, o medo de não ser suficiente para mim.
Alguns dias depois, estávamos jantando quando ele soltou a notícia que vinha guardando.
— No final do mês, vai ter a gala de nomeação. Minha empresa vai ser reconhecida como uma das mais sólidas do país. — seus olhos brilhavam de orgulho. — E eu quero você ao meu lado.
Meu coração encheu de felicidade. Eu sabia o quanto ele lutou para chegar ali.
— Theo… isso é incrível. Eu estou tão feliz por você!
Ele se inclinou sobre a mesa, pegando minha mão.
— Você não entende, Lara. Nada disso faria sentido sem você. As conquistas, os números, o dinheiro… nada teria valor se eu não tivesse você comigo.
Senti minhas bochechas corarem, e pela primeira vez percebi o quanto ele falava sério. O olhar dele era de quem me colocava acima de qualquer vitória.
— Quero mudar para uma mansão. — disse de repente, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — Sempre sonhei em dar a você e ao nosso filho tudo do bom e do melhor.
A lembrança da nossa última discussão ainda queimava dentro de mim. Respirei fundo antes de responder.
— Theo, eu não preciso de uma mansão para ser feliz. O que eu quero é você, aqui, comigo.
Ele franziu o cenho, claramente desapontado, mas dessa vez não explodiu. Apenas passou a mão no meu rosto e suspirou.
— Vou respeitar o que você quer, mas me promete uma coisa: nunca mais duvida do quanto eu te amo.
Olhei dentro dos olhos dele e sorri com ternura.
— Prometo.
Naquela noite, deitada ao lado dele, senti uma paz que há tempos não sentia. Theo estava tentando de verdade. Talvez essa fosse a maior prova de amor que ele poderia me dar: o esforço em mudar, em me ouvir, em colocar nosso futuro acima do orgulho.
E, no fundo, eu também sabia… a gala não seria apenas sobre negócios. Seria um divisor de águas. Um momento que poderia aproximar ainda mais nossos mundos — ou trazer novos desafios que eu nem imaginava.